olhos ébrios

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Ouço a tua voz
contando alguns segredos.
Segredos grandes, perigosos.
Segredos com os quais
pode-se matar.

Sinto teus olhos distantes,
aprisionados, com medo...
Sinto-te trêmula, ingênua.

Tua distância choca-se
com a minha. Faz-nos
próximos e em conflito.
Não há paz nesses tempos.
Não há paz nesses dias.
Não há paz em teus olhos.
Teus olhos meus eram ardentes,
em brasas. Ébrios.
Olhos ébrios de medo.
Sortudos.

Cansado, fatigado.
Sinto-me exaurido e entediado.
Morto. Olhos cansados de
quem não quer continuar.
De quem não sabe continuar.

Até meus dedos estão exaustos,
não há satisfação em palavras.
Nem em nada físico.
Em nada sentimental.
Em resultados bons, não há nada.
Nossas vitórias evasivas.
Nossas vitórias escorregam
por entre nossos dedos.
Tu te escorregas e escapas
por meus dedos.
Não consigo te prender.
Sempre fui bom em prender.

Não quero beber dessa fonte,
caso eu ganhe eu perco.
E tu não vales mais que
este verso.
Mas vales demasiadamente.
Minha balança é corrupta.
E minha cabeça inconsciente.

Mas calma, nada está no fim.
Ainda há tempo para se gastar.
Ainda matarás tudo em mim.

- William Philippe 15.04.16

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