CAPÍTULO 7

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Se você ficou chocado, imagina como eu fiquei. Eu devo ter deixado isso transparecer no meu rosto, porque Ben logo começou a se explicar.

– Desculpa bater na sua porta a essa hora... você não estava dormindo, estava? – Josh parecia cansado, mas ainda ótimo, e mesmo falando alto para ser ouvido, a voz ainda era boa.

– Na verdade, tecnicamente você tocou a campainha, não bateu na porta. E não, não estava dormindo. – respondi também em volume elevado.

– Ah, como imaginei. – vendo minha confusão novamente, ele se explicou. – Eu cheguei logo depois de você, e bem, imaginei que com esse barulho, possivelmente você ainda estaria acordada.

– Bem-vindo ao 745! – disse ironicamente chamando o prédio pelo número, como ele era conhecido. – Se bem que, se bem me recordo, quando você mudou para cá, Jenny estava dando uma de suas festas...

– Era sobre isso mesmo que queria falar, sobre as festas. Aliás, como você consegue suportar? O barulho aqui é ainda pior! – ele disse indignado e eu sorri e dei de ombros.

– Nem sei o que te dizer... mas eu também não gosto. – respondi.

– Olha, você ainda não está dormindo e eu duvido que você vá dormir agora... Você não quer descer e tomar um café comigo? Quem sabe a gente não consegue conversar num volume um pouco mais baixo no meu apartamento? – Ben sugeriu muito seguro, e honestamente, eu não senti nenhuma segunda intenção no convite dele.

O que eu realmente não consegui decidir se me deixou feliz ou decepcionada. Porém, fiz uma contraproposta.

– Que tal a gente se afastar ainda mais do barulho enquanto apreciamos um bom café? Tem um lugar ótimo lugar a duas quadras daqui, o que você acha? – perguntei.

– Fechado. Vamos agora. – Ben sorriu com alívio.

– Me dá um minuto para trocar a roupa e já vamos. – olhei para dentro do meu apartamento e olhei para ele. – Você pode me aguardar aqui dentro, não precisa ficar no corredor.

– Muito obrigado pela sua gentileza. – Ben levou a mão ao peito enquanto falava com um certo deboche.

Eu sorri enquanto abria espaço para ele entrar e logo depois corri para colocar um short, uma camisa e um tênis. Em minha honra, vale dizer que eu realmente só troquei a roupa. Não passei maquiagem alguma, não arrumei o cabelo; eu nem ao menos me olhei no espelho. Isso, meu amigo, é para você entender que eu realmente sou uma pessoa casta, mesmo quando eu tenho um vizinho absolutamente gato e pegável na minha sala me aguardando para um café noturno. Eu espero que Deus esteja vendo isso e anotando no livro de boas intenções dele, porque isso vai me dar muitos pontos.

– Pronto, vamos? – disse quando cheguei na sala. Ben estava observando minha pilha de livros sobre a mesa da sala.

– Hum... rápida você. Eu estava pronto para esperar uns dez minutos aqui.

– Por que eu demoraria tanto? É só um café no fim da rua, quase de madrugada... – peguei a carteira na minha bolsa e abri a porta para sairmos.

Evitamos manter uma conversa enquanto estávamos no prédio e seríamos obrigados a falar quase gritando, mas quando finalmente nos afastamos, Ben começou o interrogatório.

– Então, Sophia, me explica por que a polícia não aparece por aqui durante as festas da Jenny? Quer dizer, vocês já chamaram? Porque eu imagino que alguém já deve ter chamado, não é possível. – Ben fazia o questionamento que qualquer pessoa normal faria, e coube a mim explicar.

– Sim, nós já chamamos. Vários de nós e várias vezes. Acontece que Jenny faz isso porque sabe que a polícia não fará nada. O pai, o tio e o primo dela são policiais nesse distrito, e bem, não preciso explicar como funcionam essas coisas, né?! Imagino que você já fez todas as conexões e entende que há uma ordem para ignorar as chamadas do 745 em dias de festa dela.

De repente, o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora