Epílogo - Birch Grave

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Abriu os olhos. O quarto estava escuro, mas uma pálida iluminação entrava pela janela fechada pelas cortinas.

No começo não pensou em nada, estava apenas no vazio. Aos poucos a consciência foi tomando lugar entre as sombras.

Pestanejou para afastar o sono e a confusão. Tudo girava ao seu redor, mas aos poucos a ordem foi retornando.

De uma hora para outra tudo voltou a sua mente. Cada lembrança, cada sensação; tudo.

Sentou de imediato e olhou ao redor.

Roger Neville estava de volta em seu quarto em Londres.

Não era possível! Ele tinha morrido! Todos tinham morrido. Ele viu!

Balançou a cabeça bruscamente, estava em seu quarto, na sua cama.

Vestia o seu pijama de quando foi abduzido. Isso parecia ter sido há uma eternidade.

Estava confuso e atordoado como nunca ficara antes em sua vida. Centenas de lembranças povoavam sua mente, e ele queria pensar com um pouco mais de clareza.

O seu relógio de cabeceira marcava em uma chamativa coloração vermelha o dia e o horário. Era 6:13, do dia 9 de outubro. Não podia ser possível. Era o dia seguinte ao da abdução. Na verdade era pouco mais de vinte e quatro horas depois! Tinha passado quatorze dias naquele planeta, e havia se passado apenas um dia na Terra.

Os outros então deviam estar lá a muito mais tempo do que imaginavam. Amanda devia estar no mínimo três meses além do que contava. O Indiano devia estar há mais de um ano naquele lugar. Mas no tempo da Terra não passava de alguns dias ou alguns poucos meses.

Ela estava viva... Amanda estava viva.

Um sentimento de alegria tão grande tomou conta de Roger, que ele sentiu como se seu coração fosse estourar no peito. Ele estava vivo! Ela estava viva!

Mas como...

Não parava de se perguntar. Vira todos morrerem, ele tinha sido o último.

Questionou-se por um momento se tudo não havia passado de um terrível e realista pesadelo. Podia ser, já que tudo parecia tão normal.

Não. Não tinha a mínima possibilidade de tudo aquilo ter sido um sonho. Tudo fora tão realista. Os sentimentos, as sensações e as dores.

Roger tentou botar os pensamentos um pouco mais em ordem, mas estava tão feliz, tão maravilhosamente alegre, que não sabia se estava usando toda sua capacidade de raciocínio.

Eles morreram no cilindro. Isso já não estava certo, eles no máximo chegaram a um estado de inconsciência total. Mas por quê?

Roger se concentrou um pouco e pensou melhor.

Os alienígenas deviam tê-los deixado inconsciente para conseguir mandá-los de volta. Talvez só assim pudessem fazer isso sem ter que levá-los na nave. Roger não achava plausível a hipótese de ter viajado na nave. Acreditava que eles foram enviados de volta de alguma outra forma.

Depois que perdeu os sentidos, os alienígenas deviam tê-lo tirado do cilindro e levado para algum lugar onde fosse possível mandá-lo de volta.

Não conseguia – pelo menos naquele momento – pensar em nada melhor do que isso.

Entretanto, qual foi o motivo pelo qual o mandaram de volta?

Pensou imediatamente em Claude e o Indiano. Eles tinham permanecido por lá. Ainda estavam naquele planeta. Roger pensou um pouco no assunto. Não podia fazer nada para salvá-los. A partir do momento que foram pegos no fim do corredor, Roger não podia fazer mais nada por ninguém. Estava cada um por sua própria conta. Pobre Claude, e pobre Indiano. Roger teve a impressão de que eles não sairiam de lá.

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