Capítulo II - Sombras no Quarto

66 8 0
                                    

Roger conseguiu dormir. O sono era forte e não era falso, como vinha acontecendo naquela semana.

Acordou no meio da noite. Não sentia nada de anormal. Estava com sede. Levantou-se e foi até a cozinha, Spoc o seguiu, e também bebeu água. Roger sorriu ao olhar para o animalzinho, Spoc o olhou com curiosidade e voltou calmamente para o quarto.

A dor que tivera por duas vezes, não podia ser normal. Sentia que não era algo normal. Provavelmente era alguma coisa mais séria. Roger estava com medo de duas coisas; uma era a dor voltar repentinamente, e a outra, era o que poderia ser aquilo. Um tumor talvez, pensouestremecendo. Se sentia inquieto, pois percebia a necessidade de ir a um médico. E o que aconteceria quando chagasse lá? O doutor diria que aquilo que sentira era normal? Não, Roger sabia que não. Provavelmente o médico pediria exames mais detalhados. Roger temia pelo domingo, que poderia ser difícil. Poderia ter muita dor.

Respirou fundo e voltou para seu quarto. Sentou-se na cama e ficou alguns instantes lá, remoendo seus temores. Todo aquele cansaço que vinha tendo, sumiu milagrosamente assim que as dores começaram, será que havia alguma ligação entre elas? Roger achava que sim, tinha certeza que sim. Algo de estranho estava acontecendo. E ele receava o que poderia ser.

Quando se deitou, ouviu um uivo terrível; de gelar o sangue. Se sobressaltou, e sentou-se novamente. O uivo era longo e agudo, e havia um tom de agressividade nele. Roger foi até a janela, onde observou a rua lá embaixo. Ela estava escura, e nenhum movimento era visto. Todas as janelas de seus vizinhos estavam fechadas, e o uivo era extremamente alto. Roger permaneceu ali, tentando discernir alguma coisa na rua, mas não via nada. Olhou no relógio que ficava na cômoda ao lado de sua cama, ele marcava 2:13. Provavelmente a maioria das pessoas estariam dormindo e em casa, porque nenhuma delas saia a janela?

O uivo sobrenatural continuava. Um carro passou pela Birch Grave, e seus faróis a iluminaram parcialmente, Roger continuou sem ver nada de anormal. O que achava estranho – fora o uivo -, era o fato de nenhuma das janelas que estavam em seu campo de visão, que eram mais de vinte, estarem abertas ou com as luzes acesas. Todas estavam com as cortinas fechadas e as luzes apagadas. Será que sou só eu que estou ouvindo isso? Será que esse som está dentro de minha casa?

Tinha a impressão do som estar dentro de sua cabeça. Mas tinha certeza que o barulho vinha da rua. Aos poucos ele começou a ficar mais confuso em relação a isso. O som foi ficando mais alto e mais agudo, e Roger teve a sensação de ele crescer mais em sua mente. Saiu da janela, nada lá importava, mesmo o som tendo aumentado, nenhum dos vizinhos se quer ascendeu as luzes, quanto mais saíram na janela. Roger deu a volta na cama, e viu que Spoc, até o fiel Spoc, estava dormindo profundamente. Começou a sentir um leve desespero, vasculhou sua casa a procura da origem do som, e (claro) não encontrou nada.

Roger Neville começou a ter cada vez mais certeza de que o problema era com ele. O som só podia estar vindo de sua cabeça. Mas parecia tanto vim de fora! O barulho era incessante e variava muito pouco. Roger estava amedrontado com aquilo. Droga! Murmurou Roger. Tudo estava interligado, sabia disso. O cansaço, as terríveis dores de cabeça, o sumiço do cansaço, e agora aquele uivo que só ele podia ouvir. Esse uivo não está na minha cabeça, ele vem lá de fora, tenho certeza.

O uivo continuou por mais alguns minutos, e então foi diminuído até sumir por completo. Roger deu mais uma olhada na janela, não viu nada, assim sendo, deitou na cama. Ele não estava com disposição mental para pensar no que fora aquilo. Tudo estava acontecendo de forma muito estranha naquela semana, e principalmente naquele fim de semana. Ele não conseguia chegar a nenhuma resposta plausível para aqueles fatos. Isso o frustrava um pouco, e também o deixava apavorado. Seria alguma doença? Se fosse, achava que era algo grave, só podia ser.

Planeta RubroOnde histórias criam vida. Descubra agora