Capítulo III - Aterrissagem

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Roger acordou.

Desta vez nada de novo foi notado. Tudo estava do mesmo jeito de quando havia adormecido. Os painéis continuavam piscando, a mesa estava no centro da sala, e Roger temia que os alienígenas o colocassem lá.

Eles haviam feito pequenos testes em Roger, nada cruel ou muito dolorido. Sabia que quando o colocassem na mesa, os experimentos seriam mais sérios.

Sentia desespero por estar ali, e se sentia inútil por não poder fazer nada para sair daquela situação. Tentou soltar-se da maca pela enésima vez, e novamente não obteve nenhum resultado.

A única coisa que sentia era sono. Conseguia se manter alguns minutos acordado, e depois tinha que dormir. Sede, fome, frio ou calor, ele não tinha nem se quer um vestígio. O que era bom.

O fato de ter sido abduzido, não incomodava tanto a Roger quanto deveria. Parecia a ele, que tudo não passava de um sonho. Tudo era ainda tão confuso, e ele evitava manter o pensamento nesse fato. Tinha a esperança de que iria acordar. Aquilo era muito surreal. Uma coisa que se quer seria capaz de imaginar. Mesmo assim, um lado dele o obrigava a acreditar no que estava acontecendo.

Vamos, Roger, você tem que sair daqui. Da próxima vez que eles vierem, será pior para você. Repetia de modo automático em sua mente. Sabia a urgente necessidade de sair daquela nave, e também sabia o quão difícil seria obter êxito nessa tarefa. Nem ao menos conseguia desvencilhar uma das mãos! Quanto mais o corpo todo. Depois, o que faria? Não tinha idéia.

Nem com um golpe de sorte seria capaz de sair dali. Só conseguiria voltar para casa se eles o levassem de volta, caso contrário, nunca mais veria seu apartamento, nem Spoc ou Earl.

Por que eu? Era o que se perguntava Roger. O que tinha de diferente? O que o diferenciava das outras pessoas a ponto de ser um atrativo para extraterrestres? Nada. Absolutamente nada! Será que era uma espécie de sorteio ou coisa do tipo? Se fosse, ele era um tremendo azarado. Tantas pessoas que dariam um dedo para estar ali, e quem estava era ele, que nunca nem pensou sobre esse assunto. Alienígenas era coisas de loucos e desocupados.

Não que Roger fosse cético, apenas não acreditava que alienígenas fizessem excursões na Terra. Que havia vida fora da Terra? Nisso acreditava. Só um tolo não acreditaria. Seria pretensão acreditarmos sermos os únicos em todo o universo.

Roger ainda estava com aquela sensação de que tudo não passava de uma espécie de sonho. Sabia que não era, mas tudo aquilo ainda tinha uma áurea fantasiosa e surreal. Tinha que esquecer esse lado das coisas, pois se mantivesse aquela sensação de que tudo era de alguma forma irreal, certamente não escaparia.

A nave tremeu. Roger se sobressaltou.

Aquilo não havia acontecido nem uma vez enquanto Roger estivera acordado e consciente. Mas não passou de um leve tremor.

Poucos minutos depois, a nave voltou a tremer, só que dessa vez, mais forte. Roger começou a achar que havia alguma coisa de estranho. Alguma coisa errada. Por enquanto tudo parecia estar sob controle e Roger sentiu-se aliviado. Se acontecesse alguma coisa com a nave, quais seriam as suas chances de voltar a sua vida?

Desta vez a nave chacoalhou fortemente, e se Roger não estivesse preso na maca vertical, teria caído. Os painéis, que até então piscavam preguiçosamente, agora piscavam de modo frenético. Um som baixo podia ser ouvido, e Roger o atribuiu a algum tipo de alarme.

A nave que havia captado Roger Neville balançou de forma agressiva, e desta vez não parou. O tremor agora era constante, e ele teve a horrenda certeza de que algo de errado estava acontecendo. Os painéis pareciam loucos, piscando incessantemente. O que devia ser o alarme, estava mais alto.

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