Carolina era seu nome e ela foi minha primeira. Estava sentada sozinha na biblioteca da escola, estudando uma matéria qualquer, com uma postura perfeita de moça estudiosa, os óculos escorregando pelo seu nariz fino e talvez longo demais, mas que lhe dava certo charme, seus longos cabelos louros soltos e espalhados pelas suas costas. Ela deu um longo bocejo e seus olhos castanhos perderam sua brilhante atenção. Outro pensamento lhe atingiu a mente, que nada tinha a ver com a matéria dos livros; sua mão, que se movia rapidamente pelo caderno, parou e deixou a ponta da caneta encostada na página. Já a observava por alguns minutos, pensando em como deveria me aproximar. Diferentemente de Fabi, não tinha Jimi nem nada do gênero para me ajudar; seria uma aproximação cega. Decidi agir, quando vi que não a estaria interrompendo.
Ela deu um leve salto na cadeira quando ouviu minha voz lhe chamando, como se um intruso invadisse o intimo de seus pensamentos.
- Desculpe, estou te interrompendo – disse.
- Não. Já não estava estudando direito mesmo. Estou lendo esse livro há umas duas horas e acabei me perdendo. Pra dizer a verdade, nem sei no que eu estava pensando, devo ter dormido de olhos abertos por um instante.
- É só que... não sei bem como dizer isso, mas já estava te observando faz alguns poucos minutos e, por algum motivo que nem eu sei explicar, tive vontade de me aproximar, falar com você. Sei lá! Quis te conhecer, é isso.
Ela me olhou, bastante surpresa, então reuniu suas coisas e se levantou.
- Se é assim, meu nome é Carolina. O seu é?
- Tomas.
- Sim, Tomas! Agora me lembro. Estamos na mesma sala, não é.
- Isso mesmo.
Fomos caminhar juntos depois dessa apresentação. Conversamos, observamos os arredores, o céu, os pássaros, as pessoas. Ela era uma garota bonita e agradável, algo lhe faltava, mas naquele momento me sentia satisfeito.
Ernesto e Fabi, depois de duas semanas, perderam a virgindade. Estavam ambos nervosos quanto à situação, não queriam ser diretos demais, nem queriam perder muito tempo. Sabiam basicamente o caminho – as escolas prestavam esse tipo de educação. Fabi tinha passado a tomar a pílula já fazia uma semana e Ernesto tinham camisinhas – ambos eram consequências desse tipo de descuido, por isso cuidavam para que não sofressem da mesma forma -; o problema era que não tinham ideia de por onde começar. Também se sentiam muito jovens; não sabia se era o certo ou o que seus pais iriam pensar. No fim, tudo que pode se dizer é que aconteceu. Como um grande choque, tão rápido quanto começou, chegou ao fim. Suspiraram insatisfeitos, espremidos na cama de solteiro de Fabi, que aproveitou que sua mãe teve que viajar a trabalho naquela semana, para marcar o encontro. Aguardaram uns minutos, assistindo o medo e o nervosismo deixarem o quarto; trocaram um novo olhar e tentaram de novo; dessa vez mais íntimos, procurando entender o que agradava ao outro, procurando aprender. Agora sim, sentiam uma conexão, sentiam que aquilo estava certo, independente do que os outros pudessem dizer.
Carolina e eu passamos basicamente pelo mesmo, exceto que - já que não lhe foi permitido me levar ao prostíbulo para minha iniciação – meu pai decidiu me dar umas aulas teóricas de como agradar uma mulher. Ele me falou de algumas técnicas que poderiam tornar a coisa mais agradável para a moça. Fiz questão de anotar mentalmente tudo que ele dizia e seguir cada passo. Funcionou bem, no entanto a primeira vez é inevitavelmente travada, rápida e insegura. A primeira vez pode ser inesquecível, mas, para mim, a segunda foi melhor.
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Inocência
General FictionEssa história trata justamente sobre seu título. Inocência em seus mais diferentes significados, e as mais diferentes formas de perdê-la ao longo de uma vida. *Isso é um projeto de romance ainda não terminado ou revisado. Qualquer tipo de comentário...