· Capítulo 8 ·

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{Por zayn}

Paro o carro do outro lado da pequena rua movimentava, devido às festividades deste mês, cada centímetro das calçadas estava abarrotado por pessoas, caminhavam apressadas, carregando sacolas e pacotes, falavam todas ao mesmo tempo, conversas paralelas sem a menor importância. O som era tão irritante para mim, os ruídos de carros somados à motos que transitavam ali em alta velocidade.

Aperto os dedos envolta do volante com força, os nos de meus dedos tornam se brancos igual a pele e um cadáver onde não circula mais o sangue.

Uma senhora vestida de um terno feminino de péssimo gosto atravessa a rua em minha frente, a forma como o cabelo grisalho dela dançava envolta de seu rosto por causa do vento que aumentava a cada instante.

Minhas costas apoiadas no assento de couro do carro permitem que a tensão do meu corpo se alivie um pouco.

Aperto o botão que faz com o que o vidro da janela se abaixe um pouco, ligo o ar que bate gelado em meu rosto e apanho o maço de cigarros que estava em meu bolso.

Retiro o tubo fino do cigarro e o coloco no meio de meus lábios, apalpo meus bolsos em busca do isqueiro, encontro o mesmo e vejo a chama dançar de frente a meus olhos, levo o fogo em direção à o cigarro, o mesmo se acende rapidamente fazendo um pouco de fumaça subir, aperto meus lábios envolta do material suave e trago, a fumaça adentra minha boca e sinto a mesma invadir meus pulmões, o ardor tão familiar da nicotina queimando minha garganta me relaxa.

O efeito deixa-me atordoado por alguns segundos e volto a colocar o cigarro na boca, o cheiro impregnado em minhas roupas, trago sugando o máximo possível, minha visão fica turva por instantes más se fixa em seguida na livraria do outro lado da rua.

As portas de vidro transparente me permitem observa-la, seu cabelo estava preso naquele coque desarrumado que ela gosta de usar. A nicotina chega ao meu cérebro e afasto o material de meu lábios liberando a fumaça no carro.

Ela estava vestindo uma camisa azul marinho levemente transparente, não conseguia ver os detalhes e isso me irritava.
Observo enquanto ela embala um conjunto de livros e entrega a uma moça sorrindo e dizendo alguma coisa, provavelmente está agradecendo.

Apago o cigarro no cinzeiro que eu tinha dentro do carro, enquanto olho para ela distante conversando com um senhor de idade, debato comigo mesmo sobre ir até lá ou sair daqui antes que ela me veja.

Quando dou por mim estou atravessando a rua com as chaves à balançar penduradas em minha mão.

Empurro a porta de vidro e a mesma se abre me deixando entrar, minhas botas não fazem barulho no chão enquanto caminho até ela.

Mas ela se vira pra mim, como se fosse capaz de sentir a minha presença, o sorriso no seu rosto aparece por alguns momentos e é logo substituído por um olhar confuso.

Os lábios dela estão pintados de um tom cor de rosa que ficava muito bem nela, eu diria que gostei tanto desse batom que não evitaria borra-lo.

Prendo meu lábio inferior entre meus dentes olhando para o leve decote em sua camisa, uma corrente de ouro pendia entre seus seios que eram sustentados por um sutiã da mesma cor de sua camisa, acho que a partir desse momento azul é minha cor predileta.

"Boa tarde, posso ajuda-lo?" Perguntou, sua voz soando pelo lugar, nesse instante a última cliente deixa o lugar, ficando assim apenas ela e eu no lugar.
Não evito o sorriso que cobre meu rosto, foda-se ela estava realmente muito bonita.

"Boa...eu estava do outro lado da rua te observando então resolvi tomar coragem e vir aqui falar contigo." Fico um pouco surpreso com a naturalidade com que falo, não deveria me sentir tão a vontade com a desconhecida loira a minha frente, mas estranhamente eu me sinto muito bem em sua presença.

Era arregala os olhos e sorri em surpresa, se debruça sobre o balcão e utilizo toda a minha força de vontade para não olhar seu decote proeminente.

"Por acaso você está me seguindo? "Diz e prende seu lábio inferior entre os lábios, ela faz isso de forma tão natural que parece ser apenas um hábito não uma maneira de provocação, mas confesso que me vi tentado a inclinar-me até ela é morder seu lábio cheio e rosado.

"É provável." Falo em tom de brincadeira e nossas risadas invadem os meus ouvidos.
Adorava a ver sorrindo, com certeza era um dos sorrisos mais bonitos que já vi.

"Acho estranho você estar sempre em todo lugar, estou quase ficando preocupada com isso." Notei um fundo de verdade no que ela havia dito, mas isso não me importei muito com isso, enterro minhas mãos nos bolsos da calça e vejo ela se afastar um pouco anotando alguma coisa no caderno.

Não vi nenhuma câmera por aqui, o que me faz pensar que também não exista um sistema de alarme, me admira que ela trabalhe com tanta pouca segurança.

"É apenas uma coincidência." Divago tentando acabar com aquele assunto.

"Sabe o que dizem sobre coincidência não é? A verdade é que nada é por acaso." Me responde puxando folhas diversas de dentro de uma pasta, ela parece tão centrada no seu trabalho que quase tenho vontade de ir embora.

"Esse pensamento foi bem profundo." Penso em voz alta encarando a tempestade dos olhos castanhos dela que ri baixo em resposta.

"Concordo, eu vou precisar fechar agora e...Não estou te colando pra fora nem nada. " era tão engraçado o jeito atrapalhado dela, já estava mesmo na minha hora, então me despeço dela com dois beijos rápidos nas maçãs de seu rosto e aproveito pra gravar a leve fragrância que emanava de sua pele, era algo misturado entre morango e baunilha, era doce e presente combinava com era sem sombra de dúvidas.

Poison  [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora