· Capítulo 50 ·

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Meus olhos permanecem arregalados saltando das órbitas enquanto reuno toda a coragem possível para virar-me, girei sob meus calcanhares e levantei meu rosto para encara-lo.

Os cabelos antes castanhos agora estavam cobertos por um tom claro de loiro que estranhamente ficou bem nele, podia ver que vestia uma camiseta justa ao seu corpo de cor preta combinada com a simples calça jeans desbotada, o mesmo sorriso debochado estampado em seu rosto, ele segurava as minhas chaves na mão esquerda balançando-as entre seus dedos.

"C-como você entrou aqui?" Consegui finalmente expelir as palavras que gritavam na minha cabeça.

"Pela porta, não é óbvio?" O tom inocente que utilizou em sua frase não me convenceu minimamente ele agora da um passo pra frente e ao mesmo tempo dou um pra trás acabando por bater as costas na porta.

Eu queria ser corajosa e o mandar sair daqui mas tenho medo que se zangue e que me faça alguma coisa, então para mim a opção mais segura e aproveitar que a porta está destrancada e sair correndo por ela gritando socorro.

"Mas como...estava trancada!" Reforço tentando distrai-lo para ajudar na minha fuga, porém ele não vacila seu sorriso apenas se alastrando mais por seu rosto, cobrindo quase todo o espaço de suas bochechas.

"Ops, você tem certeza disso?
Porque quando entrei estava aberta, acho que você esqueceu de trancar." Ele disse ao que neguei com a minha cabeça várias vezes seguidas descartando sua mentira.

"Você e eu sabemos que essa porta estava trancada o que quer dizer que você invadiu, Joseph!" Digo minha voz carregada de convicção enquanto minha mão discretamente segura a maçaneta da porta e a gira lentamente.

"Eu invadi? Tem certeza que não me convidou pra entrar? Acho que você está um pouco confusa bebê." Gruni quando ele pressiona seu corpo junto ao meu as grandes mãos fortes de Joseph segurando meus pulsos me impossibilitando de escapar.

"Não, eu não te convidei, você é louco ou coisa parecida?"
Tentei soltara-me de seu aperto, porém ele era incrivelmente mais forte e nem parecia estar fazendo muito esforço para me manter presa.

"Você está tão nervosa por que?" Logo ele solta meus pulsos rispidamente e tranca a porta atrás de mim, me afastei em passos trôpegos e estendi minhas mãos na direção de Joseph meus passos pra trás me direcionando até a entrada da cozinha onde com sorte poderei alcançar o meu celular e pedir socorro.

"Por que? Ora, você invadiu meu apartamento e agora trancou a porta...e-e...Joseph vá embora!" Gaguejo as palavras minhas costas batendo contra o balcão de madeira da cozinha, minhas mãos procuram por meu celular porém não desvio o olhar do moreno de cabelos tingidos, a expressão dele se fecha e o vejo cerrar os punhos seu olhar me penetrando nos ossos, meu corpo estava tremendo e tudo que eu conseguia fazer era entrar em desespero.

"Você está com medo não está?" Rio amargamente seu rosto contorcido naquele sorriso doentio e medonho que me gelava o peito.
Se eu estava com medo?
Sem dúvidas que estava, mas tento não demonstrar que ele má afetou tanto assim.

"Não estou com medo de você, Joseph..." disse bufando frustrada por não encontrar o celular, droga onde será que isto está?
Eu deixei ele encima do balcão ao lado do prato, eu tenho certeza...

"Sim, você está tremendo de medo, Alexis." Ele deu dois passos pra frente e eu dou três passos pra trás correndo até o outro lado do balcão, mantendo uma distância segura entre nós.

"Vai embora, ou você sai ou eu chamo a polícia!" Ameacei esperando que resultasse o que só o fez ri mais alto, seu rosto sendo inclinado pra trás conforme sua gargalhada se propagava pelo meu pequeno apartamento.

"E como exatamente vai fazer isso?" Ele retirou o aparelho prateado tão conhecido por mim de um de seus bolsos, meu celular estava em sua mão, bem longe do meu alcance.

Eu estou tão ferrada.

"Sabe loirinha, você é muito distraída, deixando a porta aberta quando pela cidade existem milhares de assassinos, assaltantes e estupradores soltos que adorariam passar um tempinho contigo aqui...e ainda por cima deixa o celular largado por aí, isso não é bom sabia?" Os passos dele se aproximam cada vez mais de mim e acabo por ficar encurralada mais uma vez contra a parede.

Respirei profundamente tentando parecer ao menos corajosa o suficiente para mostrar que não iria me render facilmente.
"Fique longe de mim!" Grito quando ele mantém uma distância menos ainda com apenas três passos ele já estaria encima de mim, e por mais que eu tenha coragem nunca terei força para vencê-lo em uma luta.

Rapidamente abro a gaveta a minha esquerda e retiro a primeira faca grande que encontro, quase ri da minha figura ridícula segurando uma faca minúscula de cortar pão, minhas mãos tremiam ameaçando derrubar o objeto nada afiado no chão.

"O que vai fazer com isso, pequena? Você nem sabe segurar essa faca direito."
Zombou ele o que me fez ficar mais irritada ainda e ranger meus dentes, aperto meus dedos ao redor do cabo azul da faca e viro a pequena lâmina pra cima em defesa.

"Eu sei que se enfiar isso em um dos teus olhos vai doer pra caramba, agora, por favor vai embora!" Disse eu meu olhar preso no de Joseph, ele levou sua mão até suas têmporas e as massageou como se estivesse tentando falar com uma criança.

"Chega de brincadeira, larga isso." Ordenou, sua voz estranhamente mais profunda e grossa o que arrepiou os pelos de meu corpo instantaneamente.
Neguei com a cabeça decidida a não ceder, meus dedos seguram o cabo da faca em minhas mãos com toda a minha força e preparo-me para defender-me caso ele decida avançar.

"Larga essa faca antes que eu a tome de você." Repetiu a ordem e avançou um passo contra mim, tento recuar mas percebo que estou encurralada contra a parede.

"Se você quer assim, então que seja..." em um piscar de olhos sinto uma dor em meu braço e observo chocada Joseph retirar a faca de minhas mãos, com uma de suas mãos ele segurou meu ante braço e com a outra abriu meus dedos com demasiada força fazendo minhas juntas rangerem e soltarem o objeto, todo o meu corpo estava sendo pressionado contra a parede de forma dolorosa e o moreno me encarava sombriamente com a pequena faca em sua mão.
Engoli em pânico uma pequena onda de arrependimento enchendo meu corpo, eu não devia ter pegado a faca, agora ele está armado e eu indefesa...

"Estou desapontado com você, achei que soubesse tratar melhor as suas visitas, mas pelo que posso ver seus modos são bastante rudes." Sua voz não demonstrava nenhum sentimento enquanto encostava o metal frio da faca em minha garganta, lágrimas queimavam em meus olhos mas não deixava de encarar o castanho avelã de Joseph, se ao menos Zayn estivesse aqui...

"Você não me assusta, Joseph, Zayn logo voltará e ele..." tento dizer mas ele me para bufando e revirando seus olhos amendoados.

"Você acha mesmo que Zayn pode fazer alguma coisa contra mim, acha mesmo que ele é sequer diferente do que sou?" A voz dele era carregada de sotaque inglês e logo reconheci aquele tom, a mesma voz que ouvi naquela ligação estranha outro dia, era a mesma voz que sussurrou "Você é minha", mas isso não faz sentido, porque Joseph faria isso?

"Zayn é diferente ele é bom..." a minha voz saiu trêmula por culpa do medo e da adrenalina que percorriam meu corpo.

"Nenhum de nós é bom, meu doce...nem você."
Ele larga a faca e ela bate no chão com um Crick baixo, respiro aliviada mas nem chego a me recuperar do susto, logo estou sendo pressionada contra o corpo de Joseph e as mãos do mesmo aprisionam meu rosto me impossibilitando de mover-me.
"Me beije de volta..." é tudo que ele sussurra antes de selar seus lábios com os meus e me fazer arfar em desespero.

Estou tão perdida...

Poison  [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora