Devo acrescentar uma coisa. No dia que fiz minha consulta no Guilherme Álvaro, tive um pedido de raio X e nele só saiu uma manchinha branca B em cima e para descartar a tuberculose médico pediu um exame que deu negativo.
Um mês depois tive um estralo terrível na altura das costelas. Parecia que meu pulmão estava levando várias facadas. Caiu no sofá sem conseguir me mexer. Desce dia em diante não consegui mais respirar direito. Espirrar então, uma tortura. Então fui na farmácia e o farmacêutico disse que poderia ser muscular. A dor não passava e minha avó dona Julia. Que Deus a tenha. Me disse para ir tirar um raio X. E lá fui eu. O médico estava olhando o exame quando me lembrei de dizer que tinha câncer. E ele simplesmente responde que estava vendo. Fiquei em pânico. Disse que o meu era no pescoço. Ele balançou a cabeça e disse que também estava no pulmão e nele todo. Um mês e a doença progrediu tão rápido! Perguntei se não era pneumonia e ele negou afirmando que tinha muita diferença é que claramente aquilo era um tumor. Fiquei me perguntando se eu não tivesse falado, se ele teria essa certeza. Talvez os outros médicos também tivessem ficado na dúvida ou nem percebido a diferença. Enfim. Levei esse novo exame pra doura e ela pediu uma tomografia de corpo todo. Foi aí que a metástase foi constatada.
Então veio a quimioterapia. E com elas os vômitos. Que eram terrivelmente frequentemente! Peguei nojo do lanche do hospital meu cérebro esperto que só associou os vômitos com os lanches. E adeus suco de caixinha e pão de cara com queijo. Agora só na chapa. Ha ha.
E se você acha que perdi o apetite por causa da náusea e aí que você se engana ....Porque meu amigo. Eu tenho a alma de um gordo e a fome de 10 mendigos.
Fui engordando e fiquei com tristes 70 quilos. Que fase. Mas piora. Eu já chego lá. ....
Teve um episódio no esquina da esfiha (pode rir jeane...) que eu estava com fome e pedi mais do que aguentava. Todo mundo rindo da Fernanda. ...
A minha surpresa é que 3 meses depois, senhoras e senhores o câncer passou do estagio 4 (final) para o 2. Era perfeito. Meu corpo agiu mais do que depressa e eu fiquei super contente!
Aí veio a parte difícil...
A doura pediu um exame de medula óssea e meu caro... Não desejo isso pra ninguém! Fui fazer o exame. Deito na cama da sala e a médica diz para ficar de lado e abraçar os joelhos. Pensei: agora fudeu!
Dito e feito. A dor ja começou com a anestesia. E sabe o que é melhor? OSSO não anestesia!
Gritei..berrei e implorei para ela parar. A pobre da infermeira me ofereceu o braço e eu abracei foi ela. Depois não satisfeita a médica disse que precisa coletar do outro lado. Chorei e disse que podia ser do mesmo. Não funcionou. E lá fui eu implorar pra deus de novo. No final pedi pra ver a medula e qual não foi a minha raiva em descobrir duas coisas minúsculas que se pareciam com minis maçãs! Todo aquele sofrimento para isso? Nem quis ver o tamanho da agulha.
Quando voltei para a consulta com o meu pai. Que era quem sempre me levava para os lugares, mesmo com o seu emprego não sendo nada flexível. Só eu sei o que cada pessoa da minha família já fez por mim. Meus dois pais, minha mãe e minha irmã.
Quando a médica disse que se o exame desse positivo eu teria que repetir o exame no final do tratamento para poder ver se estava curada. Disse que não precisava saber não. É eles deram risada como sempre. Chegou o exame e lá estava o resultado de possível infiltração da doença na medula óssea. Mas foi efeito um exame mais detalhado e que em breve chegaria o resultado.
Fiquei com medo que ele desse positivo afinal aquela dor foi terrível. Ah graças a ela eu tive coragem de furar o umbigo e parei de reclamar das agulhas de injeção. Nada era pior que aquilo!
O meu medo não se concretizou e foi constatado que o que parecia ser a doença eram apenas células normais. Comecei a rir de alegria! Finalmente uma coisa boa!
O tratamento deu continuidade e depois de mais 3 meses de quimioterapia fui fazer uma outra tomografia. Nela mostrou que meu pulmão já estava limpo e com uma cicatriz. Fiquei aliviada, já que eu ainda sentia um pouco de dor naquela área. Fui encaminhada para a radioterapia. Só uma consulta. Então iria fazer o PET. É quase como uma tomografia só que muito mais detalhada e era em 3D.
Quando o exame chegou a médica ficou preocupada. E adivinha quem estava lá? Minha mãe! Que já exames tava bem nervosa! Foi a primeira consulta que ela foi comigo e com meu pai. E a última. Disse que não aguentava. Ela até sugeriu para a doura me trocar de hospital e me levar pra São Paulo. Ainda lembro da cara da doutora perguntando "pra que?"
A médica disse que o linfoma voltou muito rápido e que eu estava com alguma infecção no pulmão ou talvez outro tipo de câncer. Mas ela iria falar com um médico pneumologista. Fizeram uma broncoscopia e apesar de ter sido rápida e indolor devo dizer que chupar pomada pelo nariz não é legal!
Nela deu que não tinha nenhuma infecção. O que era ótimo.
A médica disse que me passaria outro tipo de quimioterapia e os ciclos eram diferentes. Em vez de uma dose a cada 15 dias, como era antes, seriam três doses a cada 21 dias. E o horário também aumentaria. Passam a ser 5:30 horas no primeiro e último dia e 6 horas no do meio.
E que além. Disso iria ter que fazer um transplante de medula óssea em São Paulo. Era tipo uma transfusão de sangue e a melhor parte era que eu seria a minha própria doadora. Um procedimento autologo.
Parei de gostar quando ela disse medula óssea. Se pra coletar duas foi aquele sacrifício imagina encher uma bolsa?
Meu pai deu risada da minha falta de coragem, mas eu nunca escondi isso de ninguém! Na fila da montanha russa eu era aquela que ficava pra segurar as malas!
A quimioterapia foi mais forte e e eu quase desmaiei nos dois primeiros dias. Minha mãe queria me levar direto pro médico depois que quase desmaiei dentro do shopping. Não precisou. Passei a tomar os remedios pra enjôo com mais frequência e tudo melhorou.
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Câncer .com (Revisando)
Non-FictionEsta não é uma história fictícia! Meu nome é Fernanda Aparecida e fui diagnosticada com câncer aos 20 anos! Neste livro conto de um jeito leve e divertido, todos os altos e baixos que tive graças a doença!