Desde que descobri sobre o exame de medula, fiquei paranóica com a situação. Tenho que dizer que um certo amigo meu me conforta, já que sei que não sou a única arregona quando se trata de médico! Sim Henrique, é de você que estou falando. Não negue! Gostaria de agradecer à todo o trânsito que você pegou para me levar nas quimioterapia!
Voltando ao assunto... Passei a pesquisar na Internet como o procedimento era feito, já que minha médica não tinha muitos detalhes. Tudo o que sabia era que retirariam a medula, congelariam e depois da aplicação de uma quimioterapia 10 vezes mais forte das que eu já tomei, eles a colocariam de volta. E toda a minha imunidade seria destruída no processo. Daí o motiva para que eu precisasse ficar quase um mês internada.
É claro que ela também já havia me deixado inquieta por outro motivo. A quimioterapia que eu faria em Santos, não poderia mais ser injetada nas veias do meu braço. Já que essas estouravam mais de 4 vezes durante a seção. Então ela disse que seria colocado um cateter. Era pequeno, por baixo da pele e o procedimento era realizado com anestesia. Não sei porque ela riu nessa parte....
Não queria mais bisturi perto de mim. Principalmente os elétricos!
Então chegou o dia do implante. Minha pressão estava a 15 por 8. Tinha uma senhora do meu lado que tinha acabado de sair da cirurgia. Me virei na cadeira e assim que ela virou para minha direção soltei: Dói muito?
Ela sorriu e disse que não. Quando eu comecei a me animar ela disse que já tinha um implantado nela e eles só mudaram o tipo, então era mais fácil. Murchei!
Voltei a estaca zero. Não adiantava perguntar para as infermeira. Eles deveriam assinar o termo sobre não mentir para o paciente sobre a intensidade da dor!
Chegou a minha vez e eu só queria sair correndo dali. Me deitei e olhei para a sala branca e estéril. Então eles começaram. Derramaram um líquido gelado pelo meu pescoço e depois me cobriram com vários panos pesados. Felizmente eu conseguia enxergar. Fiquei olhando para um balcão . O médico me avisou que ia dar uma picadinha. Aí foram uma no pescoço e mais duas até chegar um pouco acima do peito. Ele mexeu com algo contra a minha pele e perguntou se doía eu disse que sim e ele aplicou mais duas injeções. Antes sentir a agulha do que o bisturi!
Então começou eu literalmente senti ele mecher por baixo da minha pele. E a sensação é no mínimo estranha. Fiquei pensando agora no que a minha mãe quis dizer com: no parto você sente eles mexendo em você! Legaaal. Quem vai adotar?! \0/
Depois explico melhor esse assunto.
Depois de sentir ele passando o caninho pela minha veia senti ele pressionar o cateter que ele fez questão de me mostrar antes de colocar! E não! Eu não queria ver!
Foi tão rápido que só chorei um pouco e digo envergonhada que foi por medo e não dor...
Nem fiquei de repouso fui dali direto pra quimioterapia. Minha ficou rindo de mim por sair da sala de cirurgia com pescoço torto. Essa é a infermeira " sensivel" que os aguarda! Há haha. Ela sempre diz que faço drama e sempre elege o personagem mais medroso do filme para ser eu. O que discordo é claro!
Seguimos para a quimioterapia com a intenção de reagendar para o outro dia. Maaas. O pessoal de lá me ama. E não me deixaram ir embora. Apesar de se poder utilizar o cateter no mesmo dia que é colocado, elas acharam melhor deixar minha pele descansar por um dia. Porém mal fiquei com o acesso no braço por 40 minutos que ele estourou. Então não tinha jeito iriam usar o cateter. Gosto de dizer que não senti absolutamente nada quando ela me furou. Estava até meio preocupada por que ela disse que eu deveriam prender a respiração enquanto ela me puncionava. Só fiquei sabendo que ela já havia me furando porque ela disse pronto. Nos três primeiros dias foram assim. Mas quando voltei 21 dias depois. Aí doeu! Minha pele ainda deveria estar anestesiada. Nossa por 3 dias?! Sim. O suficiente para não sentir uma agulha.
A médica tinha me dado uma boa notícia. Disse que se o transplante não demorasse eu poderia tomar tomar apenas 3 ciclos! Já imaginou minha ansiedade, né?
Depois que o implante saiu dar minha cabeça, voltei a me preocupar com o transplante. Fiquei pesquisando, pesquisando e descobri 3 formas de coletar. A primeira era um doador que retirava da medula. Esse não era meu caso. O segundo era retirado pela coluna também. Mas desta vez era do próprio paciente. E veio a terceira e melhor opção. Pelo braço, assim de boa!
Aquilo me animou.
Quando estava esperando meu pai estacionar o carro um homem de quase 40 anos me pergunta se estive em São Paulo recentemente. Afirmei com a cabeça. Ele perguntou se era na Santa Casa e eu disse que foi no AME. Aí ele disse que eu deveria ter um clone meu em São Paulo, pois a moça era a minha cara. Começamos a conversar. Meu pai chegou nesse meio tempo. O homem me disse que tinha o mesmo câncer que eu só que invés de atingir o pulmão pegou o fígado. E também estava em fase terminal. Me contou que já fazia três anos que eles estavam nesta luta. E que também fez o transplante. Aí eu me animei. Perguntei como era. Ele disse que foi até que rápido. A demora era só a internação pra coletar podia levar até 5 dias. Dependia da pessoa. Falou que iriam coletar do meu pescoço. E eles fiz careta. Ele deu risada e disse que eu tinha sorte que em homem era coletado na virilha. Não ajudou muito ver que ele quando se levantou mancava de uma perna!
Antes de ir embora ele me disse que fez o exame da medula assim como eu. Lhe contei que chorei e gritei muito. Ele deu risada e disse: Eu não abri a boca. Mas precisaram de 5 infermeiros para me segurar!
Finalmente alguém que admite que dói sim aquele exame. Muito diferente das mulheres que ficavam me dizendo . Eu nem ligo pra dor ja que é pra me curar. Anham! Tá bom!
Fiquei um pouco mais aliviada e agradecida por não ser na perna e sim no pescoço. E parei de procurar tanto na Internet.
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Câncer .com (Revisando)
Non-FictionEsta não é uma história fictícia! Meu nome é Fernanda Aparecida e fui diagnosticada com câncer aos 20 anos! Neste livro conto de um jeito leve e divertido, todos os altos e baixos que tive graças a doença!