Os Homens Deuses

Capítulo 3 - Jorge e Barbara

"Siga seu coração" dizia minha mãe quando era pequena, a vida inteira segui a minha mente, ela dizia vamos para roça e eu levava livros debaixo do braço. Enfim hoje sou o homem mais rico do Paraná, e estou passeando pelos EUA, peguei uma Harley Davidson e cruzei o país de fora a fora; certo dia eu parei em um bar em Cambridge e comecei a beber alguns chopes, fiquei meio embriagado. Um velho barbudo começou a contar uma história de guerras entre deuses e homens, parecia loucura, mas adoro uma ficção. O homem era um excelente orador, contava histórias como ninguém, a riqueza de detalhes me fazia às vezes acreditar naquela loucura. Queria eu no dia seguinte poder lembrar os detalhes daquilo.

_ Então Marduk pegou sua arma, subiu em sua carruagem e voou para longe, prometendo voltar e aniquilar a todos que usurparam seu trono - o velho terminou a história desceu da cadeira e todos riam e erguiam suas canecas e gritaram.

_ Viva! Viva!

Acordei de mau humor em um quarto de hotel, apertei os olhos contra a luz do sol que entrava pela janela. Eu não me lembro de mais nada do que ele disse, mas ao tentar recordar lembrei-me de um trecho onde ele me colocou na cama e me disse: "Não perca isso por nada, ela é a chave para a remissão dos seus pecados. O peso que leva nas costas será retirado se seguir o seu destino, meu caro".

Aquilo pareceu loucura para mim, mas algo me dizia que ele sabia do meu passado. Resolvi levantar e tomar um banho, mas algo me pescou a atenção ao me despir. Em meu pescoço tinha um colar prata, tinha inscrições em Português, dizia: "O conhecimento o guiará ao sucesso da sua jornada". Estranho! Olhei no espelho e cai para trás ao tropeçar no carpete, assustado. No espelho havia escrito: "Este é meu presente para ti", ao lado tinha um livro e um envelope dentro, abri o envelope e ali havia um convite para um baile de comemoração do MIT.

Fiquei curioso, a suspeita me entalava a garganta, mas como não recuso festa fui ao banheiro fiz a barba, me aprumei e ao retornar ao quarto dirigindo-me à cama vi que ali estava um smoking e um Rolex, alguém entrou sorrateiramente enquanto fazia a barba, a janela estava aberta e o céu começou a escurecer; ao sair vi uma garota linda ruiva a correr em minha direção, parecia assustada e gritava em português:

_ Me ajude! - grunhiu-se de raiva percebendo a burrice que era gritar em sua língua natal, recompôs-se e tornou a clamar por ajuda - Help me!

Peguei-a pelo braço e puxei para dentro do prédio, aprecei-a a adentrar o elevador. Subimos ao meu apartamento, ela estava chorando, soluçava e tremia.

_ Acalme-se - disse enquanto lhe dava um copo de água com açúcar.

Ela arregalou os olhos e entendeu porque eu havia lhe ajudado, éramos os dois brasileiros.

_ Você é brasileiro?

_ Você é ilegal não é? - sua pergunta já respondia, seu silêncio confirmava.

_ Quase me pegaram, muito obrigado por me salvar.

_ Seu nome?

_ Barbara, e o seu?

_ Jorge. Você pode se acomodar aqui eu tenho que sair, tem uma festa de gala à minha espera, se precisar de algo peça a recepção, diga que é minha namorada. Tome um banho e descanse, amanhã damos um jeito na sua situação.

Ela se encaminhou ao banheiro e gritou:

_ Hei! - me impedindo de sair do apartamento - Você está com alguém aqui no apartamento?

_ Não, estou sozinho - me surpreendi ao vê-la sair com um vestido preto na mão e um colar igual ao meu. - Puta que o pariu! Esse dia está de matar.

_ O que foi?

_ Isso não estava ai antes, eu acordei nesse quarto hoje e um smoking estava na cama, com ele um envelope e um livro com um convite dentro para esse baile. Parece que você deve ir também, se prepare.

Minutos depois:

_ Vai demorar muito? - perguntei aos berros.

_ Um minuto!

Ela saiu do banheiro e meus olhos de deleitaram com tamanha beleza e sensualidade.

_ O que foi?

_ Nada - respondi ainda boquiaberto - Vamos?

Ela assentiu com a cabeça, enquanto colocava o último brinco, seu vestido preto combinou perfeitamente com sua tiara dourada, cercando suas tranças e segurando sua franja para que seus ruivos alaranjados cabelos não cobrissem seus olhos azuis cor de céu ensolarado de três horas. Descemos ao saguão e chamamos um Uber não seria prudente chegar àquela festa de moto e, seria desrespeitoso com a dama de vestido. O Uber apareceu, parou a nossa frente, íamos entrando no Corolla preto com detalhes dourados, quando o recepcionista gritou:

_ Espere senhor! - olhei para trás e vi ele se aproximar.

_ Diga? - me adiantei.

_ Uma senhora de idade passou aqui e deixou isto para você, dizia que você saberia o que fazer.

Apanhei o bendito pacote e abri. Era um livro e um convite, sabia que faltava algo. Olhei para Barbara confusa e estendi os objetos para ela.

_ São para você, creio eu que é igual ao meu e só lhe falta uma coisa. - mostrei a ela meu livro e o meu colar.

_ O que falta?

_ Creio que uma mensagem, mas acho que não devemos nos afastar desses objetos.

Ela me olhou confusa, dirigi a palavra ao motorista e disse:

_ Motorista, ao MIT, por favor.