4 Gonçalo

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  Segundo dia de mudança, a casa está  abarrotada de caixas lotadas com nossos pertence. Estou procurando minha caixa de lentes para a câmera, decidi que a manhã está agradável e pretendo tirar algumas fotos aproveitando para conhecer um pouco deste lugar.

  Desço as escadas e vou até a cozinha onde minha mãe e Stella então tomando café da manhã juntas, mamãe ainda está de camisola não muito desarrumada, ela numca andava sem pentear os cabelos longos castanhos, principalmente depois do divórcio. Stella está sentada encima da mesa brincando com suas bonecas e comendo alguns pedaços de bolo em um prato rosa com ursinhos desenhados. Quando atravesso a porta que da acesso a cozinha, ela abre um sorisso e estende os braços para que eu a pegue no colo.

  Escolho um lugar na mesa de granito com uma toalha verde musgo e mamãe levanta para pegar meu prato na bancada logo atraz.

-Dormiu bem ?

-Sim, obrigado! (Respondo-a enquanto ela coloca o café em uma xícara e me entrega)

-Bem..o pessoal virá montar os moveis hoje, então preciso que me ajude a limpar tudo depois!

-Ok! A senhora não vai trabalhar hoje ?

-Não, começo amanhã. Suas aulas também! Você já está matriculado!

Olho para além da janela, uma garoa fina começa a cair no quintal, lembro do passeio que pretendo fazer agora é das lentes perdidas no emaranhado de caixas.

-Mãe, a senhora sabe onde está minha caixa de lentes?

-Meu filho eu não sei, mas acho que deve estar na pilha de caixas que colocamos na sala. Desça a Stella da mesa por favor.

Eu seguro o tronco e os braços de minha irmã e a coloco no chão cuidadosamente. Ela olha para cima, onde estão meus olhos, abre um sorisso e agradece, depois vira-se de costas e corre alguns passos.

No terceiro passo, Stella tropeça no chão e, para amortecer a queda joga o próprio corpo para cima de uma pilha de cinco caixas postas junto a porta da cozinha.

  A queda foi pequena, o susto foi grande, pois as duas caixas do topo da pilha foram ao chão. Stella não se machucou, mas fui ajuda - lá a se levantar, mamãe também foi correndo.

  Quando tudo estava bem, Stella sentada em uma cadeira e mamãe xecando pela última vez para ver se ela realmente não se machucou, fui recolher as caixas do chão e oque havia caído de dentro delas.

  Levanto a primeira caixa que permaneceu lacrada e a devolvo ao topo da pilha, já a segunda teve sua superfície aberta despejando alguns objetos para fora, entre eles minha caixa de lentes.

  A esperança de encontra-las bem, foi tomada a partir do momento em que encontrei a pequena caixa de madeira aberta e virada com a tampa fora do lugar. Recolho a caixa, que está virada para o chão, e me deparo com todas as lentes rachadas, truncadas ou quebradas.

  Imediatamente uma raiva insana toma conta de mim, um sentimento de raiva e culpa fazem uma lágrima escorrer por meu rosto. Mamãe obcerva a cena com um ar de lamentação, mas já era, não tem como concertar.

- Calma meu filho! (Diz ela)

Porém não consigo, a vontade de gritar me incomoda é a raiva queima minha garganta. Recolho os pedaços rapidamente do chão e os coloco de volta na caixa, pego minha bolsa que estava sob a mesa e saio desenfreado da cozinha em direção a porta da frente, batendo-a com força ao fechar.

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  A garoa, antes fina. Torna-se uma chuva forte e gelada, procuro um lugar para, ao menos me abrigar.

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