2 Gonçalo

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Na estrada, ao som de the killers, fone nos ouvidos para abafar a aguda voz da minha mãe explicando para minha irmã, pela milesiva vez, o porque de estarmos nos mudando.

A poucas horas estava abraçando a vovó e me despedindo de casa, despedindo da cidade onde morei a vida inteira. Seis meses atraz meu pai saiu de casa, entrou com um processo na justiça para ficar com tudo que ele é mamãe adquiriram até hoje. Mamãe conseguiu emtrar em um acordo acordo e em seguida decidiu que não ficaria mais em um lugar que trazia tantas lembranças ruins.

Então ela conseguiu transferência de seu emprego para uma cidade no interior de São Paulo, onde tem conhecidos e o salário é bem melhor.
E aqui estamos nós, dando adeus a Goiânia com o caminhão lotado com oque nos resta de mobília, a caminho de um lugar onde numca estive antes.
Estou canssado, o corpo dói, já não durmo há bastante tempo. Então adormeço com os braços encolhidos junto ao corpo e a cabeça no vidro da janela do carro.

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Acordo horas depois, uma chuva constante cai em toda a estrada, quase não dá para ver nada no caminho. Stella, minha irmãnzinha, desenhou no vidro embaçado algumas figuras um pouco deformes. Eu às admirei e em seguida as fotógrafo com meu celular, fico um tempo contemplando a passageira arte feita por Stella. As figuras deformes começaram a fazer sentido quando as observei mais atentamente; São quatro figuras, duas maiores com aspectos de adultos, uma um pouco menos com rabiscos formando um cabelo ligeiramente maior, e por último uma figura pequena, usando oque parece um vertido. Éramos nós, Stella tem apenas quatro anos, mas já sente o peso que está sobre nossa família, para ela, ele faz falta. Ela ainda não vê o que aquele desgraçado nos causou.

Apago a foto em seguida e volto a me concentrar na música que toca; uma melodia suave com um piano ao fundo, batidas como o pulsar de um coração e gritos de agonia. Isto me liberta! Fecho os olhos e deixo-me levar por janelas afora, me desconcentrou apenas quando Stella começa e me socar e puxar a manda de minha camisa gritando;

- Maninho acorda, acorda... Nós estamos chegando, estamos chegando!!

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Após algums minutos adentramos a cidade e chegamos a casa. Um lugar cinza e não muito atraente, peguei minha bolsa, deci do carro e entrei pela porta já aberta por minha mãe.

-Onde e meu quarto? (Perguntei)

-Você pode escolher! (Disse minha mãe com um sorisso no rosto).

Subo as escadas, abro a primeira porta, a casa tem três quartos, e não gosto do primeiro em que entro. Abro a próxima porta do corredor e admiro a iluminação que as janelas trazem ao ambiente, o ar e gelado, e as paredes completamente cobertas por pinturas de todas as cores possíveis, isso é lindo!

Algo me chama atenção em uma das paredes em específico; O desenho de um boneco de pelúcia, exatamente como o que tive quando criança, a semelhança e tanta que tratei logo de fotógrafa-lo. Mamãe entrou no quarto olhou em volta e disse;

- Aa sim, os antigos proprietários ofereceram a pintura, mas estava com pressa da mudança por isso deixei para fazer nós mesmos! Tudo bem? Amanhã vou a loja comprar tintas para...

-Não!(a interrompo) Eu gostei, deixarei assim!

Ela me olhou com entranheza e logo abriu um sorisso dizendo;

-Perfeito! Vida nova meu amor, seremos muito felizes aqui. Eu prometo!

Ela se despede beijando-me o rosto e saindo do quarto deixando-me só, na companhia de todas aquelas cores e formas.

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Minha cama ainda não está montada, então coloco meu colchão sobre o chão e me deito. Com o celular em mãos, apenas sua luz reflete em todo o quarto, porém, apesar da pouca iluminação, consigo ver em um canto de uma das paredes, uma palavra escrita em letras de forma ( a única palavra escrita em todo o quarto) ARIEL.

Esse nome e familiar, conheci um garoto chamado Áriel quando criança, ele era legal, brincávamos juntos, mas já faz bastante tempo.

Tento ignorar os pensamentos nostálgicos de infância pois lembram-me do meu pai, e toda a raiva volta a tona. Não consigo conter as lágrimas, começo a chorar incessantemente, com a perturbação dos pensamentos desligo o celular e deito minha cabeça no travesseiro. Fecho os olhos ainda marejados e espero que o sono venha. Ele não vem!

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