CORES INVENTADAS

18 Ariel

Gonçalo dormiu la em casa, foi uma noite perfeita acordei com aquela felicidade contagiante dentro do peito. Ele convenceu sua mãe de que não havia problema em dormir la, e pela manhã saímos juntos para o colégio.

Durante o trajeto eu não era capaz de parar de olhar para ele, era a coisa mais linda quer eu ja havia visto, era dificil descrever tantos traços e o porque de serem tão especiais.

Nos chegamos pouco antes das sete, Felicia estava esperando na porta da sala, o rosto aparentemente aflito era incomum para ela. Assim que nos aproximamos ela me abraçou bem forte, como se precisasse de um ombro pra chora.

- Aconteceu alguma coisa com o Augusto !- ela disse com uma rouquidão na voz, provavelmente esteve chorando.

- Ele não disse nada ? Não ligou ou algo assim ?- perguntei para poder organizar as hipóteses do que pode ter acontecido.

- Nada, ele não atende minhas ligações, ele sequer apareceu em casa ontem e a mãe dele esta ficando maluca de preocupação.

- Ninguém viu ele no fim da festa ou talvez saindo de la ? - estávamos pensando nas possibilidades e nada, quando Gonçalo resolveu dar uma opinião..

- Vocês ja perguntaram á Helena se ela viu algo, como anfitriã ela pode saber de alguma coisa... não sei.

A ideia era boa, porem no momento a sinal do primeiro tempo tocou e precisamos entrar em sala.

Era dificil estar naquele lugar sem o Nando e o Augusto pra completar o grupo, parece que parte de tudo estava incompleta. Não consegui me concentrar em nada, exceto quando o Professor Antonio entrou na sala com os olhos vermelhos e olheiras imensas, ele parecia devastado, mas quem não estava não e ?!

Minha atenção voltou ao professos quando ele começou a falar com um ar de tristeza e severidade; - Bom, eu gostaria de falar com a turma sobre os recentes acontecimentos decorrentes do sábado passado- as pessoas se calaram totalmente, o bater de asas de um mosquito podia ser ouvido agora. Felicia cutucou meu ombro e apontou para uma cadeira vazia duas fileiras a esquerda, era o lugar de Helena Salgoni e logo atras estavam vazios tambem os lugares do namorado dela Tales.

O professor voltou a falar; - A senhorita Salgoni esta na coordenação neste momento, ela esta entregando a lista de convidados de sua festa sabado para o diretor.- Neste momento a rigidez em sua voz foi aumentando gradativamente. - Um de seus colegas, Augusto. Desapareceu na noite de sabado, os relatos de alguns alunos que o viram pela ultima vez em uma briga dentro da festa. E impressionante como vocês, jovens tem a tendencia e uma... insaciável sede por confusões.

Ele percorreu o olhar por todos os alunos e por fim fixou seus olhos em mim.

- O que me diz senhor Ariel, o senhor construiu uma reputação neste corpo estudantil. Um garoto bem resolvido, mas com um descontrole notável.- ele se aproximava a cada palavra dita. - Mas devo agradecer, o senhor usou de suas habilidades para salvar um amigo aquele dia, e eu pessoalmente lhe agradeço....- ele aparentava um pouco preocupado e triste quando falou deste acontecido em especifico. Eu percebi seus olhos vermelhos assim que entrou na sala, não eram olhos de quem tinha fumado erva, ele estava chorando !

- Sobre a barbaria e atrocidade cometida contra o Fernando, eu pessoalmente faço questão de descobrir quem foram os responsáveis pelo caso e principalmente, leva-los as autorida...

De repente todos os aparelhos celulares da sala começaram a receber notificações, ao mesmo tempo todos nós recebemos mensagem. As reações diversas das pessoas que estavam ali causou um certo alvoroço, todos estavam olhando para a frente da sala porem não era para o professor, era para uma garota que sentava no primeiro lugar da fila. O nome dela e Isabelle se não me engano. Felicia praticamente enfiou a tela do celular na minha cara, ela disse; - QUE MERDA E ESSA ?

Percebi em seguida do que todos estavam falando, a sala estava uma confusão de rizadas e gritos. Todos estavam vendo o mesmo video em seus celulares, o mesmo que Felicia colocou na minha frente.

O video começava com uma garota praticamente desmaiada, ela estava deitada sobre uma cama pequena em um quarto praticamente no escuro, as alças de seu vestido estavam abaixadas mostrando seus seios. Parecia dopada ou algo assim, logo depois, um cara entrou no angulo da filmagem, sem mostrar o rosto, ele levantou seu vestido e abaixou a calcinha.

- Felicia o que e isso?- perguntei sem entender o que estava acontecendo. Todos na sala estavam olhando e gargalhando de Isabelle, apontavam os dedos como crianças que vão ao circo e dão gargalhadas dos palhaços.

O professor gritou para que todos desligassem aquilo, mas foi inútil. As pessoas gritavam '' De santa não tem nada'' ou ''E isso que você esconde em baixo dessa saia virgem Maria?''. Felicia se levantou furiosa e foi na direção do garoto que disse isso, ele foi tão rapido que só pude ver o momento em que ele caiu no chão com o rosto vermelho. Gonçalo estava de pé tirando os celulares das mão das pessoas tentando ajudar o professor com o trabalho praticamente impossivel.

Pude ver Isabelle la na frente sentada sozinha, ela estava tremendo e chorando o medo era evidente em seu corpo. Felicia foi de encontro a ela quebrando seu silencio, ela estendeu a mão e a ajudou a levantar da cadeira, ela envolveu Isabelle com um de seus braços e foi em direção a porta da sala. Neste momento o garoto que apanhou dela se levantou e foi com tudo para acerta-la, porem antes que ele pudesse se aproximas meus reflexos agiram. Eu me levantei imediatamente já socando a cara dele, mais tres socos foram suficientes pra ele parar de tentar revidar.

Todos gritavam, o professor gritava mas a sala tinha mais voz no momento, foi a oportunidade para todos sairem em forma de manada pela porta, estavam atras. eu e Gonçalo tentamos alcançar Felicia e a garota, mas era impossível parrar por aquela multidão, logo percebemos que todos os alunos de todas as salas estavam iniciando a bagunça no corredor. Centenas de alunos gritando e quebrando as coisas por todas as partes, alguns estavam com os celulares direcionados para Felicia e Isabella que tentavam escapar da multidão. Felicia tirou sua jaqueta e cobriu Isabelle para evitar a exposição e tudo mais.

- Seja la quem fez isso, compartilhou o video pro colégio todo. Todo mundo viu isso, e agora...

Era horrível, tudo aquilo. Pessoas enlouquecidas por um video de estupro. Eu não consegui ver ate o final, mas sei o que (seja la quem foi) fez com aquela pobre garota em quanto estava desacordada.

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Gonçalo e eu saímos do colégio, pelo visto não haveria mais aula hoje. Liguei para Felicia mas não conseguia falar com ela, deixei uma mensagem dizendo que estaria em casa se precisasse de algo e que continuaria procurando algo que nos desse pistas sobre o paradeiro do Augusto. Bloqueei o telefone e fui com Gonçalo até o portão central do colégio, nós saimos deli sem pistas, sem saber sequer o que estava acontecendo com Augusto ou qualquer um deles.

O que aconteceu naquela festa ? O professor disse que alguem viu Augusto brigando na festa, com quem ele poderia estar brigando ?, ou melhor; Quem foi que viu isso ?

Neste momento o melhor era seguir com o plano, primeiro de tudo deveríamos falar com Helena Salgoni sobre o que ela sabia que aconteceu na festa em sua casa...