16 Ariel

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Chegamos ao hospital pouco antes do Nando recuperar a consciência, ele estava muito fraco. Os exames identificaram fraturas em diversos ossos e lesões por todo o corpo.

Quando Gonçalo mergulhou para salvá-lo, eu estava cego de ódio. Consegui pegar um dos desgraçados que espancou meu amigo, o filho da puta não escapou. Eu senti os ossos dele quebrarem também, eu sentia o sangue escorrendo nos meus punhos. Parei de ouvir os gritos e só conseguia ouvir o som das minhas mãos socando sua cara.

Eu só acordei do transe de ódio quando ouvi o Gonçalo gritando e pedindo ajuda pois achava que o Nando não estava respirando. Nesse tempo não pude segurar o cara é ele me escapou.

Eu lembro do olhar dele, sangue e água por toda parte. Era como uma criança indefesa naquele momento, e o meu ódio cessou. Meu corpo foi tomado por pânico, cada membro foi invadido por um desespero ardente.
Eu tive medo, medo de perdê-lo.

Estamos no hospital, Felicia acompanhou o Nando na ambulância em quanto eu e o Gonçalo fomos de carro com meu irmão. Miguel ligou pro papai e ele disse que nos encontraria lá.

Gonçalo não soltou minha mão, ele era forte, manteve a calma. Não sei o que eu faria se ele não estivesse lá comigo, não sei o que faria ao ver aqueles desgraçados estirando meu melhor amigo ensanguentado dentro de um rio para afundar.

Tenho perdido a calma ultimamente, devo dizer que minha saúde não anda das melhores. Desde o dia em que tive aquela dor na festa no galpão do centro, eu não tenho passado muito bem. Às vezes tenho uma espécie de perda na sensibilidade do meu corpo, do nada algumas partes começam a formigar ou uma espécie de choque. Sem contar no quanto ando cansado e fatigado do nada.

Eu pedi para meu pai me examinar alguns dias atras e ele me encaminhou para fazer um checape de rotina, nada de mais.

Agora estava esperando... Esperando notícias sentando na sala de espera, Gonçalo ao meu lado. Felicia, Miguel e mamãe estavam conosco.
De repente a porta da recepção se aderiu e de lá surgiu uma mulher em prantos, completamente atordoada. Era a dona Beth, tia do Nando que o criou desde pequeno como filho.

Ela estava desolada, seus olhos estavam vermelhos sinal de um choro interminável. Mamãe se junto a ela para tentar acalma-la ou algo que a proporcionasse o minimo de conforto possível, porem era quase inutil. Mais de uma hora se passou, Dona Beth conseguiu entrar no quarto e pediu que eu a acompanhasse.


Eu peguei em sua mão, ela estrava tremula e gelada. seguimos corredor adentro com uma certa aflição e ate um pouco de medo do que poderia vir a acontecer. Graças ao cargo do meu pai conseguimos informações mais rapidamente quanto ao estado de Nando, o que era um alivio depois de tanto desespero.

Abri a porta do quarto e esperei que ela entrasse primeiro, e como eu havia dito antes, Nando ja estava cociente. Entrei em seguida, eu não sabia o que encontraria ali, neste momento um peso enorme em minha mente veio atona. eu prometi a ele que não deixaria nada de ruim acontecer-lhe novamente, eu falhei !

Papai estava junto ao leito, pediu que nos aproximássemos e que ja podíamos falar com Nando. Dona Beth juntou-se rapidamente a ele, pegou sua mão e começou a chorar com a cabeça debruçada sobre as faixas. Perguntei ao meu pai se ele ficaria bem, ele respondeu que agora era só questão de tempo e repouso para uma boa recuperação. Ele explicou a situação, porem não consegui prestar atenção, eu não sabia o que era aquilo, minha atenção estava voltada apenas para meu amigo naquela cama.

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