Afogada

O que levar

Eu logo me vou, a vida é curta.
E por ser curta, tão logo eu vá
Muitas coisas comigo irei levar:
O seu sossego, o meu beijo, minha voz.

Irei levar tantas coisas
Até mesmo as que eu desconheço
Levarei embora nessa hora
Muitas coisas da vida alheia

Talvez eu leve seu sono tranquilo
Sua oportunidade de ser feliz
Ou então, pelo contrário,
Talvez sua felicidade esteja aí.

Mas não me importo agora,
Pois não me parece ser a hora
Porém logo irei me importar
E você nem saberá.

Não saberá de nada
Como já não sabe hoje.
Lhe manterei ileso, puro.
Não permitirei mágoas falsas.

Serei seu porto seguro
Enquanto estiver por cá.
E tão logo eu me vá,
Outro alguém você encontrará.

Não lhe sou, ou fui, essencial
Mas mantemos as aparências.
Você me é tão especial!
E eu só supro tuas carências...

Abrirei seu caminho,
Não tentarei atravancá-lo!
Já passamos da época de tentar
Estabelecer nossa vontade

Porém, enquanto não fui
Fique por cá também.
Finja se importar
Como sabe fazer tão bem!

Faça seu papel de bobo,
E crie sorrisos em meu rosto.
Deixe-me viver sorrindo
Enquanto as lágrimas se escondem.

São tantas lágrimas, me afogo.
E afogada seguirei na vida
Pois estão todas mascaradas
Por baixo desse sorriso.