Ao olhar pela fechadura.

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Já eram 03:07 AM, ninguém havia dormido. Depois que Paula voltou empolgada da orla da cidade, ela esperou todos se reunirem para contar em detalhes o que o Padre havia lhe dito:
- O Fundador ficou tão transtornado com a morte da filha que nunca mais foi o mesmo - Paula dizia sentada na janela - Ele começou a ter surtos, ameaçava as pessoas de mortes e foi visto em diversas ocasiões agredindo sua espoja.

- Ninguém fez nada para ajudar a mulher dele? - OJ perguntou.
- Ela fez alguma coisa para ele? - Gabriel perguntou.

- Não podiam, a mulher na época era somente um objeto que pertencia ao marido - Manda respondeu - Não que ela ter feiro algo seja motivo para ela apanhar, Gabriel.

- Não... não foi o que eu quis...

- Claro - Manda o ignorou.

- Ele só se acalmava quando lhe davam a boneca da réplica da sua filha - Paula saiu da janela e a trancou, sentando calmamente na cama - Ele conversava com a boneca como se fosse sua própria filha, ele chamava a boneca de Marybelle, o nome da sua filha.

- Isso é bem esquisito - Igor dizia.

- Fica pior - Paula respirou fundo - O Padre disse que muitas pessoas desesperadas entravam na igreja dizendo que viam a boneca responder de alguma forma.

- E você quer que nós entremos nesse casa para investigar o quê ta havendo?! - Cris questionava.

- Na mesma casa que possivelmente é assombrada? - OJ continuou.

- Fala sério - Gerson interrompeu a discussão - Não vão me dizer que acreditam nisso.

- Tudo indica que essas coisas estão mesmo acontecendo - Paula levantou para debater com Gerson - Essa cidade esconde um segredo horrível.

- Claro, isso é tão real quanto o Monstro Do Lago Ness.

- Ei - OJ exclamou - O Ness é real.

- Isso são apenas histórias para atrair turistas!

- Gerson - Bia tocou seu ombro - Por favor, só vamos ver um pouco, vai ser até legal.

- Então tá - Ele disse sorrindo para Bia - Uma única visita na casa, mas se não acontecer nada, vocês desistem dessa maluquice.

- Vou ficar muito feliz quando ver você borrar as calças - Paula se deitou com um sorriso enorme no rosto.

- Será que só eu to curioso para saber como vamos entrar? - Nathaniel disse indo para cama por último - Sério, não me lembro de ninguém ter falado sobre plano nenhum.

Naquela noite ninguém conseguiu ter uma bela noite de sono, estavam todos muito empolgados para bancarem os detetives como Scooby-Doo ou Sherlock Holmes. Mal se lembravam que nos filmes, somente 1 sobrevive no final. E na continuação, esse que sobreviveu, sempre é o 1° a morrer.
Foi uma noite longa, cheia de barulhos de móveis se arrastando e alguns gemidos pelo quarto. Coisas normais em uma viagem de amigos.
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Na manhã seguinte, todos acordaram energizados. Se arrumando rápido e jogando o café a guela a baixo; eles não podiam perder tempo. Depois, foram todos para orla esperarem que o 1ª ônibus turístico passasse, para que assim, colocassem o plano em ação. Quando o ônibus passou pela frente da casa, eles observavam a Guia fazer o mesmo discurso cansativo, até que o ônibus, enfim, seguia em frente.

- Essa é a nossa chance, não tem ninguém por perto - OJ foi correndo para o portão da casa.

- O plano é simples: - Paula contava sua grande ideia, empolgada - Cris e o Gabriel passarão todo mundo pelo muro e quando estivermos no lado de dentro abriremos a porta para eles entrarem.

- Por que Cris e eu?

- Verdade - Cris afirmou com o amigo - Por que vamos ter que passar vocês?!

- Okay, então vamos pedir pro Gustavo e pra Bia - Paula pegou o braço dos dois para mostrar como eram finos.

- Tá dizendo que somos "fortinhos" ?! - Gabriel perguntou meio ofendido.

- É que preciso de homens de verdades para esse serviço - Paula tocou o ombro do seu namorado - Ou prefere que eu ligue pro Eevee vim me ajudar ?!

- Mas ele não é homem o suficiente - OJ e Bia falaram ao mesmo tempo enquanto faziam um gesto obsceno com as palmas da mão; uma piada interna do tempo de escola.

Depois de finalmente convencerem Cris e Gabriel a passarem seus amigos, 9 das 11 pessoas do grupo ja estavam dentro.

- É... Paula - OJ a interrompeu antes que abrisse o portão.
- O que foi? Tem cachorro aqui? - Paulo olhou pros lados.
- Não teria sido mais fácil passar só um de nós e esse alguém abrisse os portões ?! - OJ perguntou pensativo.
- Ah, e agora tu pensa nisso... - Cris respondeu cansado do outro lado.

Enquanto abriam o portão para os outros dois entrarem, percebiam o quanto o jardim da casa era enorme. De fora, parecia um jardim pequeno de uma idosa que não sabia mais o quê fazer da vida e ficava horas regando flores. Mas de dentro, parecia um campo de futebol florido com uma casa no final. Já com o grupo completo dentro daquela área, foram na direção da casa. Andaram bastante, quanto mais andavam, mais a casa se afastava,  parecia que o universo tirava sarro da situação.
- Que merda é essa?! - Gabriel parou cansado, colocando a mão no peito.
- Calma, é apenas uma... ilusão de óptica ?! - Paula respondiam também cansada.
Chegaram na sacada da casa e encararam a porta por alguns segundos. Estavam exaustos.Respiraram fundo e depois que OJ conseguiu abrir a fechadura depois de cutuca-la 5 minutis com um grampo, todos entraram de uma vez. Ao se depararem com seu interior, ficaram bambos, por um momento todos esqueceram de como se falava, até que Gerson, em seu senso humano, disse:

- Meu Deus - Gerson era ateu.

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