Memórias de Katniss Mellark

15. Memórias de Uma Rotina

Oi! Queria mandar um beijinho especial hoje para Isabelly Braga e Alice Aissa que estão comigo desde o comercinho me dando o maior apoio. Então obrigada meninas <3  Boa leitura.

_________________________________________________________________________

UM ANO DEPOIS...( 2° Ano, pós revolução.)

Katniss! Katniss! Katniss! Katniss! Katniss! Katniss! Katniss! Katniss! - Ouço novamente os gaios tagarelas gritarem com a voz suplicante e desesperada de Peeta. Sei que estou berrando quando acordo no meio da madrugada. Levanto rechaçando o braço de Peeta enquanto me arrasto da cama e sigo em direção ao banheiro, tremendo e suando bato com força a porta atrás de mim. Molho o rosto, amarro meu cabelo num rabo de cavalo mal feito e encaro meu reflexo no espelho - Não é culpa dele. - digo a mim mesma, enquanto tento controlar o tremor em minhas mãos. Dois anos após a revolução e as arenas, as mortes ainda assombram minhas noites... Não sei o que eu tinha na cabeça quando alimentei esperanças de que eles iriam embora algum dia, por que a verdade é que eles nunca irão. Que vou envelhecer carregando o fardo das mortes que causei, revivendo suas dolorosas despedidas em meus sonhos até o fim da minha vida.

Toc. Toc. Toc.

–Katniss... Você está bem? - pergunta Peeta batendo á porta, com sua voz visivelmente preocupada. Jogo mais alguns jatos de água no rosto.

–Estou!- respondo após algum tempo.

Eu sei que não foi culpa dele, que nenhum de nós dois tínhamos como evitar tudo o que nos aconteceu; mas ainda ouço sua voz alta e clara martelar meus ouvidos - Tire suas mãos de mim, sua bestante nojenta!- rosna Peeta pra mim quando toco suas costas, dando um forte soco na mesa da cozinha onde estávamos lanchando, quando de repente, ele teve um flash e se agarrou na cadeira. Suas palavras me atingem em cheio, de modo que não consigo conter as lágrimas. Ainda não digeri totalmente a idéia, de que um lado de Peeta me odeia. Dou um sorriso amargo ao pensar que ainda há pessoas que acreditam que palavras não machucam. Afinal Johanna tinha mesmo razão, o amor é estranho e faz da gente vulnerável. Talvez meus instintos tenham atrasado de propósito minha percepção dos sentimentos que eu tenho em relação à Peeta, pois não tinha como eu ter um ponto fraco tendo Prim e minha mãe pra cuidar, e uma rebelião para conter. Hoje é como se ele fizesse parte de mim, Não existe mais Katniss sem Peeta. Meu coração bate em seu peito.

Desisto de pensar, e me livro das roupas entrando de cabeça em baixo da água gelada. Tiro apenas o excesso de água dos cabelos e me enrolo no robe sem me enxugar; tomo fôlego e abro a porta. Peeta está sentado na beirada da cama, seus olhos encontram os meus apenas para se desviarem para outra direção, fazendo-me lembrar do nosso tempo de escola.

–Vou a cozinha beber água. Não precisa esperar por mim. - digo, mas minha voz soa muito robótica.

Não é justo com ele, eu sei. Mas não consigo deixar de me chatear com suas palavras. Encho um copo com água e a beberico enquanto penso, e em algum momento adormeço. Sinto um leve afago em meus cabelos, que é bruscamente interrompido assim que solto um gemido. Abro os olhos e me deparo com um Peeta de expressão bem triste.

–Vai pra cama, Katniss. Já é de manhã. - diz. Levanto a cabeça deixando escapar outros gemidos de dor, meu pescoço está me matando.

–Não, eu vou caçar. - digo, esfregando o pescoço.

–Você é quem sabe. Vou pra casa de Haymitch, não precisa me esperar pra almoçar.

Quando Peeta diz ''Haymitch'' sei que ele passará apenas algumas horas lá e depois se dirigir para a casa de Delly. Faz três meses desde que Haymitch e Êffie resolveram morar junto, e devo admitir que a melhora dele seja significativa. Nada de beber até cair no chão, nada de palavrões e agora ele se ocupa em criar gansos para vender as penas para roupas despojadas da capital. Uma das suas maiores compradoras é Tigris, que após a revolução me senti no dever de ajudá-la a voltar à fama posando para sua coleção de inverno chamada Mockinjay, que rapidamente se tornou um sucesso. Após isso ela só trabalha com peças referentes a pássaros e acreditem ou não sou sua modelo oficial. Johanna tem sido uma grande amiga mesmo a distancia e com a pensão que ganha do governo abriu sua própria madeireira no D7. Cressida é a repórter mais famosa de toda Panem, fazendo coberturas inacreditáveis sobre todo tipo de catástrofes. Não é de se admirar, ela se mostrou muito corajosa para fazer tomas durante a revolução. Betee e Plutarch dão conta de toda a programação de radio TV e jornais impressos, e Betee finalmente abandonou a cadeira de rodas. Annie tem se mostrado uma viúva muito fiel ao meu amigo Finnick, mesmo sendo o tempo todo cercada por Alby que todos nós sabemos que tem uma queda por ela, e pra ser sincera creio que é recíproco. Finn está um lindo rapaz de quase 2 anos, e hoje é a única pessoa além de Peeta que posso dizer que tem o meu mais genuíno amor. Gale permanece no D2 como guarda particular de Sonja, mesmo com Vick, Rori e Possy de volta ao 12. Ele nunca admitiu mais acho que os dois têm alguma coisa. E por fim temos Peeta e eu, que estamos aprendendo a lidar com as diferenças um do outro. Por que se existe algo completamente oposto sou eu e ele.