Perdoa o título.
Eu ia falar sobre o começo do começo. Mas, eu percebi que não lembrava da primeira vez que te vi. Eu nunca reparei em você, na verdade, embora nós estudássemos há tanto tempo no mesmo colégio.
Dessa forma, eu decidi iniciar explicando o que está me fazendo perder tempo com você.
Bem, minha vida sempre foi de incertezas. Sendo a pior dela, no momento, essa: Eu te amei?
Eu acho que sim.
Me disseram algumas vezes que "não era amor". Mas, afinal, alguém sabe o que é o amor? Amor tem definição? Essa visão ritmada, métrica, imponente, com parâmetros definidos que se diz ter desse sentimento nunca atendeu ao que eu sentia.
Eu sentia algo simples, leve, e ao mesmo tempo tão complexo e pungente. Uma profusão de sentidos, um paradoxo, uma libertação, uma crise.
Talvez fosse paixão. Paixão tem seu lado bonito, eu posso aceitar isso.
O que eu sei é que eu adorava cada pedaço de você. Eu "amei" os teus defeitos, amei a tua perfeição. Amei teu silêncio, e me sentia encantada com cada significado implícito das tuas palavras. Eu te admirava. Ainda admiro, por quem você era, pelo modo como agia. Amei como me tratava e quando me maltrava também. Eu odiava quando me fazia rir, e amava quando me fazia sofrer, mesmo que fosse fruto das minhas ilusões.
Acho que ficou sem sentido. E por esse ângulo, ou seja, o de quem está de fora, o do escrito, talvez não mereça nem o título de paixão. Não ligo.
Eu acho que me apropriei um pouco da tua melancolia. Sempre neguei a existência dela nas nossas conversas, mas agora eu a vejo. E eu acho que foi ela que te deu mais maturidade.
Sofrimentos à parte, achei importante (não) definir o que construi por você.
Agora vamos ao "relato".
Ps: Não ando muito normal, mas acho que não tô depressiva. É só dor de cotovelo mesmo.
Mentira.
Eu já superei.
Mentira. Não superei.
Mentira.
Dane-se.
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Dezesseis
Romance"Talvez, só nos sintamos vazios porque deixamos pedaços de nós mesmos em tudo que costumamos amar." - R. M. Drake