Lucinda

Capítulo 2

LUNA
Sabe ter uma amiga com "poderes" é legal, mas às vezes gostaria que Luce fosse normal, hoje mais cedo depois da escola ela simplesmente ficou vidrada e depois se despediu rapidamente. Claro que é difícil por que eu não vejo e nem faço coisas que ela consegue, mas sempre estou do lado dela procurando a entender. Luce me salvou da morte praticamente, eu estava atravessando a rua, um caminhão vinha com toda a velocidade para cima de mim, ela viu e fez com que o  caminhão parasse completamente, as luzes, o motor, e quando eu sai de sua frente ele reacendeu como mágica. Desde aquele dia procuro a entender e a ajudar, gostaria que um dia ela fosse normal ou eu diferente.

MARIA
Ter uma filha foi o que eu sempre quis, ter achado e criado uma criança foi muito melhor do que ter dado a luz, achava isso uma dádiva divina, achava que estava fazendo um bem maior, pensava assim até meu marido falecer e ter que cuidar de Lucinda sozinha. Os primeiros anos foram fáceis, porém, depois comecei a temer minha própria filha, eu a levei em médicos e até na igreja, até que um dia levei Luce a uma médium, era minha última opção, a mulher teve um ataque, começou a gritar, ela parecia aflita e então disse:
- Ela é filha dele! Filha dele! Meu bom Deus que horror.
Eu tentava perguntar filha de quem mas ela não parava de gritar e de se  distanciar de  mim que carregava Luce em meus braços, então ela parou, começou a sorrir estranhamente, pegou Luce em seus braços e a chamou de filha, as luzes começaram a piscar freneticamente até que estouraram, ficamos apenas a luz de velas que agora estavam falhando aos poucos:
- Obrigado por cuidar dela. -sua voz era Grossa e melancólica. - Vou mandar proteção para minha filha. 

Dizendo isso me devolveu Luce e tudo voltou ao normal, sai daquele lugar o mais rápido possível. Naquela mesma noite vi um vulto vermelho entrar no quarto de Luce e desde então sinto-me protegida de minha própria filha.