Capitulo 22

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PAUL

Já fazia meia hora que estava admirando a primeira Baguicha, pelo que entendemos ela se localizava dentro do Planalto Central de Brasília, tão irônico isso, era óbvio que Lúcifer adorava brincar com os governadores dos humanos, mas levar isso tão a sério era idiotice. John estava meio quieto desde que chegamos, ele observava a construção, mas seus pensamentos não estavam aqui:
- Afinal, quem é Isis? -tento, pois sinto que ela é o motivo de sua distração.
- Não temos tempo para isso Paul. - Nem por um minuto se quer ele desvia seu olhar.
- Temos sim, só poderemos entrar lá ao anoitecer, então me conte. - Ele me lança um olhar e sorrio vitorioso.
- Uma vez fui encarregado de ir ao Irã, como você sabe Lúcifer fica mais forte com cada guerra que os humanos fazem, ele queria que eu provocasse uma. Eu fui não tinha outra escolha afinal, mas quando eu cheguei lá conheci Isis, ela era tão jovem e feliz, só que eles a mantinham presa. Eu a salvei e a levei comigo para outro lugar, ficamos algumas semanas juntos, eu me apaixonei profundamente por uma humana, até que eu tive que voltar. - Sua voz começava a falhar. - Dois meses depois eu voltei a casa aonde a havia deixado, mas pelo que vi, Alan chegou mais rápido que eu. Dói sabe, eu errei, mas queria tanto poder desfazer o que aconteceu. - John confessa aquilo, mas sei que é para ele do que para mim.
- Eu sei como é... - era tão deprimente ver que dois seres distintos que cometeram o mesmo erro.
- Enfim, quem sabe um dia eu a vejo novamente, nem que for para pagá-la para rebolar em cima de mim. - John disfarça sua tristeza com um sorriso e eu dou leves batidas em suas costas.
- Olha temos que ir, não sabemos o que nos espera lá dentro e...
- Mas você não disse que era para esperar anoitecer?
- Isso foi só para você contar a história. - sorrio para ele que me olha com raiva, John às vezes é tão ingênuo.
- Seu idiota! - Ele ri da situação. - Vamos logo, Lucinda pode estar ai dentro.
Aquela esperança me desperta uma ansiedade imensa, e se ela estivesse ali? Eu iria me desculpar e dizer que a amo, mas isso tudo é tão clichê, eu diria que daria meu mundo para ser o mundo dela, nossa que meloso! Eu diria o que meu coração mandasse, pensei. Seguimos para dentro do local, entramos em um corredor prateado, cheio de quadrados com pessoas dentro, lembro-me que a Baguicha ficava em um lugar chamado "Câmara", viramos no corredor pelo qual a placa apontava, mas sou parado por alguém:
-Óia, ocê parece àquele cara da telinha, o tal de Bradi Piti. - aquele senhor me parecia alguém amigável, sorri e pensei pela primeira vez em meus pais.
- Ah não sou, lamento senhor... Benedict? – responde John com um sorriso.
- Ah pode chama de seu Bento, ocês tão prucurando o que? - Seu Bento sorri, mostrando seus dentes amarelados sem vergonha alguma.
- Sabe onde fica a Câmara? -pergunto tentando ser simpático.
- Óia ocês segue por aqui e vão até o fim do curredo. - Ele aponta até lá na frente, mas não consigo ver como é o fim.
- Obrigado senhor Bento.
- Di nada meus fio, boa sorte prucês, se for pra reclamá de argo, difícil eles ouvi viu. - Seu Bento segue limpando o corredor e nós seguimos em frente, o achei interessante, e nunca havia visto um sotaque daquele. Ao chegar a tal esperada Câmara me deparo com uma enorme e brilhante porta, John me observa esperando algum sinal, decido dar um passo a frente e a porta me lança uma luz que me analisa de cima a baixo, aquilo estava me deixando confuso, a porta tinha olho? Que merda era aquilo? Depois de um tempo me analisando ela simplesmente se abriu, no seu interior se encontrava uma espécie de portal prateado, aliás, tudo era prateado lá dentro, passei por esse portal e um som ensurdecedor surgiu, um homem veio próximo a mim e me analisou, acho que todos gostavam de fazer isso por aqui pelo jeito. Após John passar pelo portal seguimos em frente e então vi o quarto aonde provavelmente era a Baguicha, as pessoas pareciam não notar o fedor horrendo que vinha daquele quarto, olhei para John que entendeu com prontidão. Ao entrar notei que ali se localizava uma das sedes que faziam adoração a Lúcifer, mas que merda fazia um santuário satã dentro da câmara dos governadores? Olhei ao redor nada de Luce, olho para John que voltava do escuro:
-Absolutamente nada de Luce, lamento.
Meu coração se apertou, minha respiração estava fraca, claro, só faltava mais duas, mas e se eu não conseguisse a achar, deixei o sentimento ruim tomar conta, eu estava quase me culpando novamente quando uma sombra ao meio das outras se aproximou, era Lúcifer:
- Tem boas notícias, acabei matando um dos Wenxy e o que sobrou teve que me contar onde ela está, vamos atrás de Luce...
- Espere... John vá ajudar a Isis.
- Não, eu tenho que ajudar vocês. Se Luce é importante para você também é para mim. -E era por isso que o considerava realmente meu amigo.
- Obrigado, já ajudou bastante até aqui. Vá até ela, mude seu destino. - John sorri e saí pela porta, eu estava fazendo o certo, só eu sabia como era difícil ficar longe de quem realmente se ama.
- Vamos? - Lúcifer disse se aproximando de mim.
- Claro, mas não dá pra abrir as asas aqui, concorda? - sorrio para o meu talvez... Sogro. Aquilo é tão estranho, se é que Luce me perdoaria pelo que fiz e bem eu não seria contra sua decisão já que fui um completo idiota.
- Não vamos para lá com asas. - ele se aproxima e me olha concentradamente, tudo ao nosso redor começa a tremer e então somos levados com prontidão para um lugar ensolarado, olho ao redor, e lá está ela. Ela está viva. E Michel também.



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