Capitulo 23

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LUCINDA

"Um imenso campo, com rosas vermelhas, caminho seguindo em frente, ao meu lado Paul, sorrio ao ver nossas mãos entrelaçadas, as rosas são tão belas, pego uma em minhas mãos, trago para perto de meu rosto, sinto seu cheiro e então ela se derrete, vira sangue, viscoso, olho para Paul que agora se encontra sorrindo com uma faca:
-Chegou sua vez meu amor. - ele sorri e começa a espumar sangue.
Corro, sem rumo pelo campo, até que não tem mais para onde correr, olho para trás Paul sumiu, mas sou surpreendida por uma dor aguda, arde no fundo de meu peito, quando volto para frente observo Paul com um sorriso vitorioso, em suas mãos se encontra meu coração, ele o aperta e minha dor aumenta, até que não vejo mais nada." Foi só um sonho, um sonho, muito real e doloroso, mas só um simples sonho, Charlie havia acabado de me trazer "comida", pelo menos de acordo com ele larvas são uma comida ótima, mas não me importo, posso estar morrendo de fome e sede, mas preciso arrumar um jeito de sair daqui, tento pela milésima vez arrancar essas algemas, ouço passos próximos a mim, mas não consigo ver absolutamente nada:
- Ele está furioso, não sei como, mas eles descobriram e acabaram contando a ele. -uma voz feminina fala isso próximo a mim.
- Droga! E o que ele fez? -ouço a voz de Charlie, ele parecia apreensivo.
- Ele matou Marina... - a voz feminina tem cautela ao falar aquilo e me pergunto por que.
- Não! Droga! A Marina não...
- Lamento Charlie, mas eles estão atrás dela, Kramer disse que ouviu a conversa, estão vindo para cá. - A esperança brotou em mim, eles estavam vindo me tirar daqui, que felicidade! Eu adoraria matar Charlie com minhas próprias mãos.
- Faça o que quiser, eu só estava aqui para em um futuro próximo ter uma vida com Marina, mas ela está morta! Por mim eu mato Lucinda. - Se ele estava achando que poderia me matar facilmente estava muito enganado.
No meio de tudo isso me surgiu uma ideia, se não consigo me soltar com meus poderes, vou tentar o modo manual, depois de várias tentativas minhas mãos se soltam, mas opto por deixá-las escondidas:
- Mate-a, para mim não faz diferença alguma também.
Ouço passos e logo vejo Charlie em minha frente:
- Olá vadia. - Ele me olha sorrindo e eu o encaro com nojo. - Lamento, mas sua estadia por aqui acabou.
Ele se aproxima e alonga as mãos, porém, me levanto e o agarro pelo pescoço, sinto sua pele grudenta, ele tenta se contorcer ou gritar, mas com a outra mão eu o deixo imóvel. Charlie começa se transformar, ele cria olhos, uma boca normal, vira um completo humano, em seus olhos vejo os meus que estão vermelhos como fogo. Em menos de 5 minutos Charlie já não está mais vivo, me sinto mais forte, mas vitalícia, como se nada pudesse me deter, passo pelas paredes e vejo a dona da voz feminina que me olha espantada, a levanto e jogo na parede em um piscar de olhos, sigo pelo corredor e abro a porta, lá fora o sol brilha radiante, quando estou preste a sair vejo um homem, loiro e alto:
- Lucinda? - Ele me olha com um sorriso, pobre coitado se pensava que poderia me deter.
- Michel. - Não sei como eu sabia que era ele, mas algo em mim sabia.
Ele se aproxima com algo em sua mão, sorrio para ele:
-Esperei tanto por você filha de Lúcifer.
- Eu também esperei muito por você. - Junto a ele vem minha querida irmã, penso ironicamente, ela sorri, os dois se aproximam e param a minha frente. Michel me observa da cabeça ao pé:
- Bem você sabe o que eu quero. Hoje o grande dia, o dia em que me tornarei o rei dessa porra. - Ele sorri como se aquilo fosse sua maior vitória.
- Nós nos tornaremos reis. - Lauren reclama ao seu lado e eu sorrio coitadinha.
- Tanto faz. Agora Lucinda me dê o que eu quero por bem ou terei que arrancá-lo por mal.
- Acho que prefiro por mal. - Rapidamente ergo meus braços e elevo Lauren a enforcando, jogo-a contra a árvore que se encontra próxima a mim, ela desmaia rapidamente. - Agora será só você e eu.
- Agora sim, garota esperta. - Ele sorri.
Porém quando vou me aproximar vejo a sombra que já conheço tomando forma e ao seu lado vejo Paul. Meu coração arde, ele está aqui, ele voltou por mim, não me contento e corro até ele, o abraçando fortemente:
- Olha quem resolveu aparecer, Lúcifer, meu querido amigo. - Michel que antes só observava a cena, agora tenta se aproximar.
- Michel essa é uma luta entre mim e você. - Meu pai se aproxima de Michel.
- Claro, esperei por isso há muito tempo, mas eu quero sua filha, não você.
Michel começa a fazer a terra ao nosso lado tremer, nem por um minuto me solto de Paul, ele me olha com medo, logo ele um demônio com medo, tão irônico, meu pai com um instalar de dedos faz a terra parar:
- Como eu disse é entre mim e você! - a voz de Lúcifer faz tudo ao nosso redor tremer.
Michel corre de encontro ao meu pai, ambos se chocam, fazendo as árvores a nossa volta caírem, quando eles se levantam uma magia escura sai de suas mãos, ambos tentando pegar no pescoço um do outro, desistindo disso, Michel corre e soca meu pai, o estrondo que sai que seu corpo me deixa espantada, eles começam a brigar, os barulhos são altos e terríveis, abraço mais forte Paul:
- Calma, seu pai vai ganhar, eu espero...
- É tão bom te ver. - sorrio para ele.
- Eu senti tanto sua falta, eu lhe amo Luce, nunca mais vou te deixar, me perdoe por tudo, por ter dito aquilo e por... -calo sua boca com um beijo, ao longe escuto mais um estrondo e começo a sentir o chão tremer novamente.
Quando volto a observar vejo que o chão se abriu, é como uma porta para o inferno, sinto cheiro de carne queimada e ouço gritos agonizantes que me dão arrepios, meu pai agora segura Michel com sua mão, ele tenta se soltar mais não consegue:
- Lamento Michel, chegou sua vez.
Ele o jogo para dentro daquele buraco horrível que o engole com prazer. Vejo-o limpar as mãos e olhar para Lauren que continua desmaiada, ele caminha até ela, a pega em seus braços e a joga dentro do portal que se fecha logo em seguida:
- Pronto, nem foi tão difícil assim. - a pele de Lúcifer estava mais jovem, parecia que o soco de Michel o havia rejuvenescido.
- Obrigado pai... - em um gesto rápido ele me abraça, forte e calorosamente, é tão estranho, mas é tão bom. Mas espere, ele não pode me abraçar!
- Luce, você não... - Paul me olha intrigado.
- Queimou. Eu não a abraçaria se tivesse percebido que a mesma se tornou um de nós. - Meu pai sorri, mas isso não me deixa feliz, agora eu sou um demônio? Eu não quero ser um.
Uma sombra ao longe toma forma e vejo que é Katherine:
- Oh Luce! Que bom que está bem! - ela me abraça fortemente e então percebe. - Você é uma de nós.
- Mas eu não fiz nada, como me tornei uma de vocês? - digo aquilo indignada.
- Você sentiu prazer ao matar alguém e isso a tornou mais forte. Mas se você quiser podemos tirar seus poderes. - Bem, eu não sabia se queria ou não, olho para Paul que retribui meu olhar com um sorriso.
- Você me deixaria ser uma humana normal? - aquilo soava tão estranho.
- Sim, mas só é possível hoje, não irei matá-la, mas posso beber um pouco de seu sangue e você voltará a ser normal. - Lúcifer sorri, claro que ele quem se beneficiária de tudo isso.
- Mas e Paul? - Eu não o perderia novamente.
- Olha Luce... - Paul se aproxima, mas eu o afasto já sabendo exatamente o que ele irá dizer.
- Paul acalme-se, olha posso fazer assim, eu anulo meu pacto com Paul, como um presente para você, com isso ele voltará a ser um humano. Porém você terá que escolher entre ficar com ele e ser uma mera mortal ou continuar conosco nas profundezas do inferno. - E eu o escolheria, ou não, não queria perder meus poderes, queria ser normal como antes, não normal como humana, mas normal como Luce, queria poder viver com Paul, voar por aí, continuar com minhas bizarrices, não queria perder tudo, eu não sabia, eu amava Paul, mas amava minha vida, mas... Paul mudou a minha vida.
- Eu escolho Paul. - Digo aquilo tentando parecer autônoma.
- Não Luce, eu não vou deixar você se sacrificar por mim, jamais.
- Fique quieto, quem decide sou eu. - sorrio para ele que me olha incrédulo e depois sorri para mim. - Pode beber meu sangue e depois leve eu e Paul para um lugar seguro, longe de demônios e inferno, longe de tudo isso.
- Minha menina cresceu! - Katherine me abraça fortemente. Era como uma despedida, após abraçá-la sigo ao meu pai o abraçando logo em seguida.
- Você sentirá uma tontura e depois vai acordar se sentindo melhor.
Sorrio para eles, eles são demônios, mas são meus pais, olho para Paul, o homem que me fez mudar, que me fez acreditar que o tal amor existia, o homem pelo qual eu iria até o inferno, me sinto leve e tudo começa a ficar escuro.


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