Capítulo 5

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Acordei pela ultima vez perto do meio dia. Pela centésima vez, meus olhos se abriram desde que cheguei em casa da minha noite com amigos. Noite com amigos. Isso soa engraçado na minha voz, essa voz que fala na minha mente. Quem iria imaginar que algum dia eu teria essa coisa chamada amigos? E até que foi legal.

- Ou talvez tenha sido um grande erro. Vai saber se eles não estavam apenas fingindo? Talvez ainda não gostem de você, mas foram bons o bastante para disfarçar? E se Broke estava apenas tirando sarro de você, porque na verdade ela te acha um grande perdedor? E se você falou algo embaraçoso e será alvo de piadas na escola por um bom tempo? Você é mesmo bem engraçado, Vic. Mas devia ter ficado em casa comigo. Como sempre.

E as dores voltaram. O estômago, a cabeça, a respiração ofegante, a compressão no peito, o martelar do coração, as mãos tremulas.

Vai embora, Anna! Como você entrou aqui? Minha mãe está em casa. Eu estava dormindo, pelo amor de Deus.

"Pelo amor de Deus", eu digo, fazendo um apelo religioso banal, já que não sou nada religioso e isso seria basicamente como dizer "pelo amor de um alien" no meu mundo. Mas é uma boa expressão que evita que eu termine certas frases com palavrões.

- Eu vou embora, é só você querer, Vic. Mas você tem que querer mesmo.

Eu quero! Vá embora! Não volte mais.

- Tentador, mas ainda não me convenceu – ela se senta na beirada da minha cama e coloca o cabelo de lado a fim de me observar deitado, como uma vítima em sua armadilha. – Você se lembra do que conversou com seus amigos ontem à noite? Eles provavelmente se lembraram de cada palavra sua. Você se certificou de que sua roupa estava em ordem e seu cabelo estava arrumado? Nada sujo?

Sim! Sim, sim, sim!

- Tem certeza? – ela me instiga.

Sim!

Eu cubro o rosto com o travesseiro que repousa ao meu lado e solto uma baforada de ar quente pela boca.

Ok, eu não tenho certeza.

Meus olhos mesmo abertos só enxergam a escuridão. O travesseiro pressionado contra o meu rosto tornara mais difícil a respiração, mas agora eu me concentro nela e tento focar minha mente em "inspira, expira".

Mas se eu falei ou fiz algo errado, eles provavelmente vão esquecer, certo?

Silêncio.

Certo?

- Ei, cara, não pensa nisso. Temos o dia inteiro para ficar na cama hoje e não se preocupe, eu não vou sair daqui; nós podemos jogar, assistir filmes, seriados, o que você quiser. Vamos, pegue o seu computador e se prepare para um dia inteiro comigo.

Ben.

Ele sempre aparece quando eu mais preciso. Eu estava pensando demais, preciso me acalmar, mas as minhas mãos ainda não pararam de tremer e o coração ainda batia mais rápido do que o normal. Mas Ben tinha razão, como sempre, e o melhor a ser feito no momento é: nada.

Com o computador no colo sobre o cobertor, tirei o cabelo do rosto e fui a procura do que fazer pela internet e não é exatamente como se houvessem poucas opções, o problema é que eu não tenho vontade de fazer nenhuma delas, absolutamente nada. Fecho a tela do meu laptop e volto a me deitar. Droga! Ouço minha mãe bater na porta do meu quarto e, antes de esperar qualquer resposta minha, ela entra, trazendo torradas e suco de laranja.

- Querido, levante. Eu trouxe café da manhã, mas já passou da hora do almoço. Coma e desça, não quero ver você o dia inteiro nessa cama de novo, Victor. Já chega!

Bloody KnucklesOnde histórias criam vida. Descubra agora