Capítulo 13

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Como eu já esperava, minha mãe concordou com a ideia, apenas me lembrou de manter contato sempre que possível, o que significava que ela iria me ligar de meia em meia hora perguntando se estava tudo bem, se eu havia lembrado de tomar os remédios, se eu tinha comido e se precisava de alguma coisa. De resto, foi tudo bem.

A mala estava aberta no chão do meu quarto e todo o seu conteúdo ainda a ser empacotado estava espalhado pela minha cama (e pelo resto do quarto) enquanto eu tentava organizar a bagunça do ambiente. Quantas peças de roupa eu precisava levar? E o que mais? Eu não fazia ideia. Porém meu caos mental foi interrompido por pedras na janela que, por sinal, estava aberta, fazendo com que a última pedrinha atravessasse diretamente e rolasse pelo chão até chegar aos meus pés. Broke.

Não apareci na janela para indicar que a tinha visto e desci as escadas descalço e descabelado. Abri a porta e berrei "Ei!", assustando Broke que ainda olhava para cima tentando mirar a seguinte pedra. Ela riu e correu até a varanda, subindo os degraus até o piso de madeira e se aproximando de mim.

- Então quer dizer que à Kath você responde? – fez uma careta que eu entendi ser de brincadeira.

- Eu...

- Cale a boca – ela me interrompeu, sorrindo. - Estou feliz por você ir com a gente. Sei que você é estranho, então passei para te lembrar de levar roupas. E isso inclui roupas para ir à praia – ela me apontou o dedo indicador da mão que antes arremessava pedras no meu quarto. – Kath me falou que na casa deles tem até piscina. Mal posso esperar.

- É, vai ser legal – eu completei, tentando parecer o mais confortável possível com a situação e ela parece que acreditou. Eu me esforçava para acreditar naquelas palavras também.

- Pronto para me aguentar por vários dias seguidos?

Sim. Definitivamente.

- Acho que não. Ainda dá tempo de desistir? – brinquei e ela bateu no meu ombro, sem responder.

*

A buzina da antiga picape cor de vinho de quatro portas do irmão de Tony anunciava que eles estavam me esperando. Da janela ao lado da porta, pude reconhecer Kath no banco da frente, ao lado de Tony e seu irmão (ainda de nome desconhecido para mim), que era muito parecido com o irmão mais novo e estava no volante; e, no banco de trás, vi Broke olhando animada pela janela e outra moça, loira, que eu jamais tinha visto na vida.

- Se cuide, querido!

Minha mãe parou na porta e acenou por minutos sem pausa enquanto eu jogava minha mala junto às demais na traseira da caminhonete e abria a porta de trás.

- Estamos todos aqui, então podemos começar a viagem para valer! – o irmão de Tony anunciou animado, com um cigarro de lado na boca, que dificultava sua dicção. – Meu nome é James, certo?

Assumi que era comigo que ele falava, já que eu era o único estranho novato no automóvel, então respondi – certo, eu sou Vic. Victor.

- Vic – ele me olhava pelo retrovisor, procurando alguma pista de que eu era mais estranho do que aparentava ser e, quando não encontrou nada, soltou uma baforada de fumaça e girou a chave, ligando o carro que roncava.

Acenei uma última vez para minha mãe, que já fechava a porta de casa e acendia as luzes da sala. O céu passava de roxo à azul marinho lentamente e em cerca de uma hora, James estacionou o carro em uma lanchonete de beira de estrada, para quem quisesse comer ou ir ao banheiro antes de continuamos por mais duas horas e meia até a casa de praia de seus pais. Se alongou ao lado do carro e sua camiseta branca mostrava parte de sua barriga. Ele devia ter cerca de vinte e dois anos e ainda parecia ser atleta. Talvez seja o gene da família. Apesar de ouvir música country e falar como um velho que vive em bares, ele parecia ser um cara legal e tranquilo. A moça loira que sentava na janela oposta a minha era Maddie, namorada de James e falava sem parar enquanto mexia no celular.

Bloody KnucklesOnde histórias criam vida. Descubra agora