Pálpebras pesadas. Abro meus olhos lentamente e vejo tudo a minha volta girar com muita intensidade... O que está acontecendo? Onde eu estou?
O quartinho escuro me apavorava e me sufocava a cada suspiro que eu dava. Minhas mãos amarradas por trás me fazendo ficar sem mobilidade alguma e meu estômago doía, parecia que alguém o torcia dentro do meu corpo."Arrgh" - solto um gemido de dor e desespero tentando me soltar.
O silêncio estava pairando o lugar, apenas meus sons de desespero ecoavam naquele quartinho que estava iluminado apenas pela luz da lua, que batia pela pequena janela pouco abaixo do telhado. Olho para os lados tentando encontrar alguma coisa que me ajude mas foi tudo em vão.
"Preciso sair daqui..." -minha voz fraca e embargada.
"Calma bebê... Logo seu sofrimento vai acabar..." - aquela voz grossa e rouca ecoou em meus ouvidos e me fez arrepiar.
Escuto passos pesados vindo em minha direção, consigo ver sua silhueta com os reflexos da lua batendo em seu corpo. Ele está próximo... Eu sinto isso...
"Tão inocente minha pequena..." ele passou uma de suas mãos em meu rosto, estava com os lábios colados em meu ouvido me deixando com mais medo a cada milésimo que se passava.
"Me deixe ir! Por favor!" eu implorava e me contorcia naquela cadeira de madeira que estava me machucando a cada movimento. Ele pousou suas mãos em meus ombros e deu leves apertões, indo cada vez mais forte até me fazer gritar de dor.
"Ir embora?" ele riu como se eu tivesse dito algo hilário, sua gargalhada me dava medo. Na verdade medo era tudo o que eu sentia nesse momento. "Querida Phoebe, você não vai a lugar algum."
Ele era frio, suas mãos quentes ainda passeavam por minha clavícula. O que ele queria comigo? Por que eu?
"Por que você está fazendo isso comigo? O que eu te fiz?" eu senti meus olhos se encherem de lágrimas, que não demoraram muito para despencarem a caminho de minhas bochechas.
Ele envolveu uma de suas grandes mãos em meu pescoço e ia a fechando lentamente me fazendo sufocar."Phee..." ele apertava um pouco mais por alguns segundos e depois soltou. "Você não me fez nada."
"Então por quê eu?" falo pausadamente tentando recuperar o fôlego que faltava em meus pulmões.
"Porque eu te amo Phoebe!" ele ainda diz duramente, me fazendo congelar na hora, mas as lágrimas não cessavam de maneira alguma. Ele leva o seu dedo polegar para o meu rosto limpando as mesmas que caiam sem parar.
"Me desculpe mas isso não é amor..." cada vez mais eu chorava e soluçava mas meus olhos não conseguiam se manter abertos por muito tempo e eu desmaio.
[...]
*flashback.
"Você vai ficar bem morando sozinha Phoebe?" meu pai me pergunta preocupado. Há uma semana pedi para ele me deixar morar sozinha, disse que eu era responsável e tudo mais... Mas como sempre ele vem com a superproteção.
"Pai eu já tenho 19, não posso viver pra sempre na sua casa!" sorrio.
"Hum" ele me olhou pensativo e abriu um sorriso radiante. "Okay minha princesa, confio em você e sei que vai ficar tudo bem!"
"Ah Meu Deus! Sério!" o abraço forte "obrigada pai... Eu te amo muiiiitooo!"
"Agora conta pra sua mãe." puxa... Nem tinha pensado que eu ia ter que passar pela parede de concreto que era a minha mãe. Se a superproteção do meu pai era grande, a dela era umas mil vezes pior!
Faço um bico e vou quase correndo em direção à cozinha e encontro minha mãe misturando alguma coisa com a batedeira, creio eu que seja um bolo de limão que ela faz e é maravilhoso! Suspiro e me sento na banqueta ao lado do balcão. Ela me nota rapidamente e sorri.
"Oeb! Qual o motivo dessa carinha? Quer raspar a tigela não é?" eu rio com o tom brincalhão de minha mãe.
"Não dona Sarah..." dou uma pequena pausa "eu vim te perguntar se eu posso morarsozinha!" digo as últimas palavras rapidamente mordendo meu lábio inferior e ela me olha séria.
"Já conversamos sobre isso Phoebe Lancaster!" vish ela falou meu segundo nome... Ferrou! "E sabe o que eu acho disso!"
"Mas mãe eu já tenho dezeno..."
"Não importa!" ela me interrompeu e colocou o bolo no forno. "Não quero que você vá para longe de mim Phoebe!" se apoiou com os cotovelos no balcão.
"Okay..." fico com um olhar desanimado e me levanto indo em direção ao meu quarto que ficava no andar de cima.
"Talvez eu pense no assunto.. Oeb. Talllvezzz." ela diz o talvez bem arrastado me dando um pingo de esperança, sorri fraco mas continuei indo para o meu quarto.
Entro e me jogo na cama. Ela ficava bem encostada na grande janela de vidro, meu celular apita com uma mensagem da Michaella minha melhor amiga.
"oi ratinha, e aí como foi a conversa sobre morar sozinha?"
Segundos depois eu respondo.
"Acho que tivemos um pequeno avanço sobre isso..."
Ela responde de imediato, adoro quando isso acontece!
"Quando tudo estiver certo você me fala. Plmdds!"
"Falo sim magrella!"
Ouço alguns sons vindo do lado de fora, largo o celular na cama e me viro para olhar bem na janela.
Um grande caminhão de mudanças estava parado e alguns homens carregavam caixas de diferentes tamanhos entrando na casa da frente que estava à venda há alguns dias atrás.
Fico sentada na minha cama esperando os novos vizinhos aparecerem. A minha curiosidade é muito grande, fico lá por uns trinta minutos. Não vejo nenhum casal ou crianças... Estranho, normalmente as famílias são assim. Ou não?
Um garoto alto, muito discreto e misterioso sai do carro que estava estacionado na frente da casa. Ele vestia um casaco pesado e nem estava tão frio assim... Seus cabelos eram castanhos, compridos e caracolados... Perfeitamente cacheados.
Seria ele o novo vizinho?
Claro que sim Phoebe! Ele está entrando na casa idiota.O garoto olha tudo em volta, até seus olhos pararem na janela onde eu estou, tento me esconder mas já era tarde. Ele deu um leve sorriso e entrou na grande casa.
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The Neighbor «н.ѕ»
FanfictionUm vizinho novo, Um romance, Um sequestro, E uma história contada em Flashbacks Bem vindo à The Neighbor. (A fanfic não se trata da síndrome de Estocolmo).