Era 04:30 da manhã e já estávamos de pé. Comemos um pouco dos lanches que havia na bolsa do Davi e depois seguimos nosso caminho rumo ao tal ônibus.
- Dêssa! - Escutei a voz de Estefany que segurava a minha mão.
Olhei pra ela.
- Oi meu amor. - eu falei.
- Quando é que a gente vai ver Amanda e Pedro de novo? Eu quero brincar com eles. - ela disse com uma carinha meio que com raiva, confusa e triste.
Meus olhos se encheram de água, mas segurei o choro.
- Eles foram para... para... um lugar bem bonito.
- Eles vão morar lá?
- Vão sim meu amor.
- Mas quem vai brincar comigo agora?
- Eu, é só me chamar!
- Ta certo!
Eu dei um sorriso ainda com os olhos cheios de água.
- Mas... - ela continuou - e a mamãe? Cadê ela?
Tive que ser forte para não chorar. A essa altura, minha mãe e meus irmãos já estavam... mortos. Me doía lembrar disso, e a pior parte foi que eu não pude abraça-los uma última vez, não pude beija-los e pior; não pude fazer nada pra evitar a fatalidade.
- Bom Tefy, olha... a mamãe também viajou. - disse enquanto lágrimas rolavam pelo meu rosto.
- A gente nunca mas vai ver eles? - ela falou quase chorando.
- Um dia a gente vai ver eles de novo, gatinha! E a gente vai morar junto, você vai brincar com os nossos mais uma vez e a gente vai dar um grande beijo na nossa mãe.
- Será que vai demorar?
- Não sei minha linda.
- Tomara que não demore. To com muita saudade deles.
Demos uma leve risada juntas. Até que escutamos Davi nós mostrar algo bem a nossa frente.
- Vejam! - ele disse apontando para o ônibus bem próximo a nós.
Sorrisos surgiram em nossos rostos.
- Olha Dêssa! - Estefany falou apontando para uma multidão de pessoas desesperadas que se aproximavam bem rápido do ônibus.
- Corram!!! - Davi gritou antes de começar a correr em direção ao ônibus.
Coloquei minha irmã sobre as minhas costa e corri o mais rápido que pude.
Cheguei a porta do ônibus. O motorista pediu os bilhetes com a voz bem firme e severa.
Davi chegou. Ele me entregou dois bilhetes que seriam o meu e o da minha irmãzinha. Subimos no ônibus e Estefany foi logo sentar na cadeira mais próxima,mas Davi não entrou. Foi ai que percebi que ele devia ter perdido um dos bilhetes.
De novo não! Não posso deixa-lo para trás... tenho que fazer alguma coisa.
Resolvi descer do ônibus e entregar meu bilhete a Davi. Mas a multidão já estava muito próxima. O motorista fechou as portas do ônibus. Pude ver Davi dando um tchau para minha irmã através da janela e depois ser "engolido" pela multidão.
Eu não pude fazer nada. Fracassei mais uma vez! Por que eu sou tão inútil?
- O garota, você tem que ir para o seu lugar agora. - o motorista falou enquanto me encarava com uma careta através do espelho que havia um pouco acima da sua cabeça.
- Tá! - falei com um tom de raiva, dor e sarcasmo.
Me sentei na cadeira ao lado de Estefany. Ela ainda tava grudada na janela e observava o rumo que o ônibus tomava.
- Por que o Davi não veio com a gente? - ela perguntou meio confusa.
- Por que... por que... - eu não sabia oque falar.
- Ele também foi para aquele lugar onde mamãe ta morando? - ela perguntou antes mesmo que eu le explicasse algo.
Segurei as lagrimas que eu carregava comigo desde que as portas do ônibus se fecharam.
- Foi sim meu anjo.
Ela assentiu com a cabeça e voltou a olhar a paisagem. Mais uma vez era apenas eu e minha mana caçula.
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Vírus
Science FictionUm vírus mortal se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Andressa uma adolescente de 17 anos, terá de deixar tudo para trás afim de encontrar uma chance de sobrevivência para ela e sua irmã de 6 anos de idade.