Andávamos de mãos dadas pela estrada. Perto desse lugar não havia nem um sinal de civilização. Isso era bom porque não corria o perigo de encontrar com algum infectado louco, mas por outro lado... eu não tinha onde conseguir nada para a minha irmã.
- Olha Dêssa! - ela disse puxando meu braço e apontado para uma grande mangueira que estava cheia do fruto.
Fomos até lá.
- Você quer uma manga? - pergunte.
- Quero! Quero! Quero! - ela disse entre pulinhos e batendo palmas.
Comecei a rir. Agarrei um dos galhos baixos da árvore, e peguei duas mangas bem grandes que tinha lá.
Dei as mangas a Estefany - eu estava sem fome - e ela tirou a máscara do rosto para poder comer. Fiquei com um certo receio de que a transmissão do vírus já fosse possível através do ar. Mas o meu medo passou quando olhei para o sorriso da minha irmã.
- Eu sabia! - Estafany disse enquanto se "lambuzava " com a manga.
- Sabia do que sua espertinha? - perguntei fazendo cócegas nela.
- Sabia que você ia cuidar muito bem de mim.
Olhei pra ela e um enorme sorriso de orgulho surgiu no meu rosto. Logo me vieram na mente as palavra da minha mãe.
Vai dar tudo certo! Eu vou conseguir cuidar da minha irmã. Nada vai acontecer com ela enquanto eu ainda tiver vida.
Quando ela terminou de comer, tinha a aparência de um mendiga "sujinha" e fofa. Limpei seu rosto e onde estava sujo, para poder colocar mais uma vez a máscara.
- A fome passou? - perguntei.
- Sim! Acho que o bichinho da fome foi dormir. - ela falou enquanto se deitava na grama e colocava a cabeça no meu colo.
- Bichinho da fome? - perguntei dando risadas.
- É... Ela fica bravo quando eu não como e começa a fazer "Aghhhr!".
Comecei a dar gargalhadas tão fortes que me deram dor na barriga.
- Dêssa, você conta pra mim? - ela perguntou.
- Claro Tefy! - concordei.
Comecei a cantar uma música que eu conhecia, mas mudei a última parte.
- "Além do horizonte existe um lugar, bonito e tranqüilo para a gente brincar..."
- Te amo Tefy. - falei ao terminar de cantar.
- Eu também te amo, Dêssa. - ela falou e fechou os olhinhos.
Quando minha irmã adormeceu eu juntei gravetos e folhas secas para fazer uma fogueira. Por sorte eu era desbravadora quando criança, e eu ainda lembrava como fazer uma fogueira sem usar fósforo. Após montar a fogueira, juntei algumas mangas para o caso de sentir fome mais tarde, já que eu pretendia passar a noite alí. Após ter deixado tudo pronto me deitei ao lado de minha irmã. A noite tinha acabado de começar e o meu medo só aumentava de acordo com a escuridão. Comecei a refletir e repetia para mim mesma que "não havia oque temer", "tudo vai dar certo" ou "vai ficar tudo bem"; frases bem típicas de livros de auto-ajuda que ultimamente eram oque me fazia me "tranqüilizar" um pouco. Comecei a pensar nos meus problemas e acabei indo procurar refúgio no sono.
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Vírus
Science FictionUm vírus mortal se espalhou pelos quatro cantos do mundo. Andressa uma adolescente de 17 anos, terá de deixar tudo para trás afim de encontrar uma chance de sobrevivência para ela e sua irmã de 6 anos de idade.