Chapter One

256 15 4
                                    

Observações antes de começar :
Primeira : essa é uma adaptação de um Livro. Eu o li, amei muito e achei pouco provável fazer as pessoas o lerem como está, então se for como Camren acho que vai...
Segunda: é bem pequeno! Possui apenas alguns capítulos e estes também são pequenos.
Terceiro: sou muito viciada em filmes de terror, então boa sorte com a minha escolha !
Quarta: o livro original se chama "Descanse em paz, meu amor" e é do Pedro Bandeira (outro motivo para eu querer adaptar, por ser brasileiro muita gente poderia não ler).
Enfim, qualquer erro de ortografia vocês podem me avisar.
Enjoy ^^
- HofftMistery

"A previsão para amanhã é de tempo
instável, com a queda acentuada da
temperatura. As chuvas continuarão
durante todo o período e a temperatura
deve cair ainda mais. Ventos fortes do
sul trazem mais uma massa de ar frio
que..."
O estrondo de um raio, seco,rascante,
invadiu o velho casarão acompanhado
do clarão azulado do relâmpago com
sua luz assustadora.
No mesmo instante, o grupo de jovens
reunido à frente do pequeno televisor
ouviu um estalo vindo do quadro de
luz.
A imagem desapareceu da tela.
- Pronto! Estamos no escuro de novo!
- lamentou Dinah. - Outra noite à luz
de velas...
Sucedendo ao raio, o ruído do trovão
invadiu a sala, fazendo tremer as
vidraças.
Um arrepio eriçou a pele de todos. E
elas sabiam que não era de frio.
Camila, enrolada no velho sofá,
abafou um gemido que ia explodir-lhe
na garganta e afundou o rosto entre os
braços. No escuro, ninguém percebeu.
Ally levantou-se, com as mãos e os
olhos para o alto, como se reclamasse
com o responsável pelas tempestades:
- Que férias, meu Deus, que férias!
Começou a tatear, na direção da
cozinha, em busca de velas, e esbarrou
em um corpo alto, que ia fazer a
mesma coisa.
Era Dinah. Ally abraçou-se à ela.
Tremia de desespero.
- Calma... - sussurrou a amiga,
acariciando-lhe os cabelos. - Tudo vai
acabar bem.

- Alguém pode fechar direito essas
janelas? - pediu Lucy,
timidamente. - A gente vai
enlouquecer com o assobio desse
vento...
- Não adianta, Lucy - a voz
de Normani ecoou pela sala. - Essa casa
velha está cheia de frestas.
- É a harpa do demônio! - cortou
Vero, como se praguejasse.
- Cala a boca, Vero! Por favor... -
pediu Camila.
Dinah voltou da cozinha já com uma
vela acesa. A luz mortiça iluminava-a
fracamente por baixo, dando-lhe uma
expressão fantasmagórica.
A menina enfiou a vela em um castiçal e
acendeu mais duas.
A luz que conseguiu era pouca, mas fez
aparecer os rostos preocupados das
seis amigas.Aconchegavam-se no centro da sala,
vestindo todos os agasalhos que haviam
trazido. Quem não cabia no velho sofá e
nas duas poltronas recostava-se nas
mochilas e sacos de dormir espalhados
sobre o tapete em ruínas. Latas de
conserva abertas, mal tocadas,
mostravam a falta de apetite de todos.
O vento, encontrando inúmeras frestas
por onde passar, sacudia as chamas das
velas, fazendo dançar sombras e
clarões amarelados nos rostos pálidos
dos seis.
Ninguém falou. O medo calava suas
bocas.
Aquele nem parecia um grupo de
jovens em férias. A atmosfera gelada,
úmida, correspondia ao estado de suas
almas.
Haviam planejado férias na montanha,
numa paisagem linda, de mata fechada,
no sopé de uma escarpa alta. Haviam
trazido comida para um mês e até o pequeno televisor, agora inútil. O
espírito aventureiro do grupo tinha
escolhido aquele lugar distante para
justamente levar de volta à cidade a
glória de ter escalado aquela escarpa.
Mas a aventura transformara-se em
pesadelo.
Para adiar a fuga daquele pesadelo, a
tempestade destruíra a ponte de
madeira que passava sobre o riacho. E
há uma semana estavam aninhados no
casarão que haviam alugado para a
temporada.
Era uma casa velha, muito mais
estragada do que lhes dissera o
corretor. Os encanamentos rangiam
nas paredes como artérias entupidas e
o mofo cobria de nódoas todos os
cantos, denunciando a umidade.
Devia ter sido a sede de algo
importante, um dia, perdido no
passado. Na certa uma sede luxuosa,
como podia ser verificado pelos
destroços de um coreto no jardim e
pelo pequeno cemitério particular, no
alto de uma pequena elevação, a
duzentos metros da casa.
Um cemitério particular! Aquela fora
talvez uma casa tão rica, que seus
ocupantes não se misturavam com o
povo, nem depois da morte...
Se o sol de inverno tivesse brilhado
naqueles dias, o desconforto seria mais
uma razão de farra para aqueles
jovens. Mas chovia sem parar havia
quase uma semana e...
Naquele instante, a porta abriu-se com
um baque escandaloso.
Junto com o vento que, livre, uivou
para dentro, trazendo folhas molhadas
e o gelo lúgubre da chuva, surgiu a bela
figura de Lauren, recortada pelo
clarão de um raio às suas costas.
- Oi, pessoal, que cara é essa? Isso aqui
até parece um velório!
Com dificuldade, empurrou a porta e o
vento para fora.
- Eu disse: oi, pessoal!
Os dentes lindos brilhavam, num
sorriso largo, encantador.
Camila olhou fascinada para o rosto da
namorada. Como sempre, a alegria era a
marca registrada daquela jovem,
aumentando sua beleza física.
Lauren muito bem poderia ter feito
carreira como modelo de comerciais de
televisão. Vendo uma expressão como
aquela, na certa todo mundo compraria
qualquer pasta de dentes, qualquer
refrigerante, qualquer produto que
fosse anunciado por sua imagem alegre
e simpática.
A menina entrou gingando, malemolente,
e aproximou-se da turma.
- Que tempinho, hein?
Ninguém tinha respondido ao seu cumprimento. A luz das velas fazia
perceber o branco dos olhos de todos,
que se erguiam para a amiga, calados,
na expectativa.
- Como é? Estamos sem luz de novo?
Quer dizer que não vai dar nem para
ouvir um som? Nem a tevê? Ah, então o
jeito vai ser a gente cantar, ne?
Jogou-se de cocaras no tapete
esburacado e imundo que delimitava o
grupo.
- É nessas horas que eu me arrependo
de nunca ter aprendido violão. Mas
vamos lá, sem acompanhamento
mesmo. O que via ser?
Ally levantou-se de repente.
Rígida, procurando conter o tremor de
todo o corpo, quis falar alto. Sua boca,
porém, parou aberta por um segundo e
ela só conseguiu balbuciar:
- Lauren... deixa a gente em paz...
A gargalhada franca de Lauren
sobrepôs-se aos ruídos da tempestade.
- Ah, ah! Paz? Que besteira, Ally!
Nossa turma é do barulho. Nós somos
as sete tremendonas, ou não? Quem
gosta de paz e chazinho quente é coroa!
Nenhuma das amigas correspondeu à
gargalhada. Lauren fingiu-se
chateada:
- Ah, pessoal, que astral é esse? Vocês
vão se deixar impressionar por uma
tempestadezinha dessas? Que caretice!
Vocês parecem crianças de maternal,
tremendo cada vez que ouvem um
trovão! O que pode acontecer de mau à
gente? A casa é velha mas, se não
desmoronou até agora, não vai cair
nunca. Vamos espantar o baixo-astral,
turma. Amanhã essa chuva para e a
prefeitura conserta a ponte.
Ally resmungou:
- Essa chuva não vai parar nunca,
nunca...
Como se fosse o bufão de um reino
distante que tentava alegrar o humor
do rei, Lauren rolou para o lado da
garota e pegou seu rosto com as duas
mãos.
- Allyzinha-nha! Allyzinha-nha!
Parece uma criancinha com medinho
de trovãozinho!
- Ahn... me mexia, Lauren, pelo
amor de Deus...
- Ah, ah! Estou só imaginando a cara
da turma da escola quando a gente
voltar e eu contar pra todo mundo que
o famoso grupo das sete tremendonas do terceiro colegial ficou choramingando
feito bebezinhas que perderam a
mamãe no parque de diversões! Ah,ah!
Do meio do monte de mochilas e sacos
de dormir que se amontoavam sobre o
tapete, ouviu-se um soluço.
Lauren pegou uma das velas e,
andando de joelhos, aproximou-se de
Lucy, encolhida como se o teto
fosse desabar sobre sua cabeça.
- O que foi, Lucy? Epa! Você está
chorando? Mas... o que é isso?
Vero moveu-se rapidamente e enlaçou
o corpo de Lucy, que se agarrou na
namorada, como se fosse a saia da mãe.
- Deixe a menina em paz, Lauren!
Por favor! Ela... ela está com medo...
Dessa vez Lauren titubeou. A chama
da vela sacudiu-se em sua mão
enquanto ela abria os braços, num
gesto largo, sem entender a razão de
tudo aquilo:
- Ei, mas não é para tanto! Vamos
devagar, pessoal. A gente não tem por
que sentir medo. Falando sério! Só por
causa de uma tempestade? De uma
ponte caída? Ora, a gente não vai ficar
nessa casa para sempre. Não precisa
exagerar. Medo de quê?
A voz de Dinah tremeu:
- Medo do sobrenatural, Lauren...

It Has Called Darkness, My LoveWhere stories live. Discover now