Chapter Four

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A voz de Normani havia se insinuado nos corações dos amigos assustados. Ninguém perdera uma palavra daquela história que a todos havia emocionado. - Sua história mais parece de amor do que de medo... - comentou Vero. Lauren ouvia tudo com o braço em torno dos ombros de Camila. No início, a garota se mantivera tensa mas, aos poucos, foi relaxando e aceitando a proximidade da namorada. No final, como se acordasse, ergueu o rosto para Lauren. Seus olhares se encontraram. Camila estava enternecida, mais que assustada.Realmente, como comentara Vero, a história do fantasma de uma menina que, depois de morta, sai em busca de socorro para salvar a vida da mãe,era muito mais a história de amor que move o mundo do que de um fantasma que perturba a paz.E foi a ternura que a levou a deleitar-se com o rosto lindo da menina que ela amava com tanta intensidade.A boca de Lauren abria-se, próxima demais, e mais aproximava-se da boquinha de Camila.A menina queria o beijo, como sempre quis o beijo de Lauren.Como se quisesse impedir aquele beijo, a voz de Dinah soou alta,acordando a todos dos pensamentos provocados pela história de Normani. - Gostei, Mani Manz. Mas bela história de assombração.Lauren desviou o rosto da direção de Camila e palpitou: - Essa história aconteceu com a sua família? Conversa sua! Já ouvi isso antes. Todo mundo conta essa história e diz que aconteceu"justamente" com ele. Conversa! Parece até aquela piada do garçom burroque, ao lhe pedirem taças de vinho, vem com uma bandeja com taças de vinho e uma vazia. Quando lhe perguntam por que uma das taças está vazia, ele responde: "Porque alguém pode não querer vinho!" Ah, ah! - Não vejo graça, Lauren! - rebateu Lucy. - A graça é justamente esta: todo mundo conta essa dizendo que era o criado de uma tia, ou empregada da avó. Igual à história de de Normani. Todo mundo ouviu falar, de fonte limpa, que, certa vez, numa noite de chuva, ia de carruagem ou de automóvel pela estrada, quando apareceu um vulto de vestido esvoaçante pedindo socorro e etc., etc. Só que, quando me contaram, era a mulher que apareci na estrada para salvar um bebê que ainda chorava nos braços mortos da própria mulher, num carro que caíra na ribanceira. Só o que tem de igual é a mesma ribanceira e o mesmo enredinho forçado...Ally não aceitou a gozação: - De medo ou de amor, esta que ouvimos é uma linda história. O mais importante nela é provar que aparições sobrenaturais podem acontecer, quando há algum motivo muito forte, deixado para trás, no mundo, por alguém que morreu... - É belo saber de fantasmas que aparecem por nobres motivos e não para vingar-se, para fazer o mal... - observou Vero.Lucy entrou na conversa: - É isso. Já me contaram que aparições podem ser provadas como naturais. Que todos temos algum tipo de energia interior, que pode sobreviver depois da morte, para cumprir algo de muito importante que a morte impediu de ser cumprido em vida. Talvez seja o caso dessa menina.Ela só pôde morrer em paz depois de assegurar a sobrevivência da mãe... - Vá lá, Lucy, vá lá! - brincou Lauren. - Mas você tem de concordar que o "beijinho da pequena defunta" do final foi demais! - bem, um pequeno toque literário, talvez... - concordou Lucy. - Ora, isso é literatura de novela!Vero retomou a palavra: - Pois a história que eu tenho para contar pode encaixar-se justamente no que vocês estão comentando. Vocês podem não acreditar,mas aconteceu com os meus pais. Aconteceu mesmo. É cruel demais para eles terem inventado. Foi numa noite como esta. Chovia forte como nesta noite. Eles tinham recebido um casal de amigos para jantar...

It Has Called Darkness, My LoveWhere stories live. Discover now