Chapter Two

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Lauren quase perdia o fôlego de
tanto rir:
- So-bre-na-tu-ral? Ah,ah! E o que dá
ver tanto fume de terror na televisão!
Dinah era a controlada, sua calma e graça mantinham aquele grupo em pé. Sua voz era suave,triste e
calma.
Mal iluminada pela chama das velas,
Dinah insistiu, com a determinação
de quem quer convencer alguém de
uma verdade absoluta:
- O sobrenatural, Lauren. É preciso
acreditar no sobrenatural. Não estou
falando em filmes de terror. Estou
falando de alguma coisa que tem algum
tipo de existência. Nunca acreditei
nisso, mas acho que agora todos nós
temos de acreditar. Principalmente
você, Lauren...
- Eu?! Por que eu? Deixa de bobagem,
Dinah. Não me venha com vampiros,
almas de outro mundo e fantasmas.
Vocês podem estar assombrados com
esse clima todo, de escuros, solidão e
tempestades. Eu não!
Normani fez-se ouvir:
- Não sei como fazê-la entender,
Lauren. Mas eu também estou
achando que existem fantasmas...
- Até você, Mani? Os únicos fantasmas
que eu acredito são aqueles de parque
de diversão, feitos de cera, vestidos
com trapos esvoaçantes e
Iluminados com luzes fracas para dar
medo em criancinhas de colo. O resto é
bobagem de gente ignorante!
Ninguém respondeu. Alguém suspirou, desanimado, no meio
do grupo.
Parara de trovejar. Mas a chuva estava
pesada, pinicando incessantemente o
telhado. Em algum lugar, uma telha
quebrada permitia uma goteira que
ressoava batendo na madeira do
assoalho em um dos cómodos vizinhos.
- Estão vendo? - mostrou Lauren
com seu otimismo incorrigível. - Até
os trovões sossegaram. Ouçam que
chuvinha gostosa! Uma delícia
adormecer com esse barulhinho no
telhado, não acham?
Pelo jeito, ninguém tinha vontade de
dormir. E nenhum deles estava
achando "gostosinho" aquele barulho
de chuva no telhado.
A menina aconchegou-se ao corpinho
encolhido de Camila. A garota não
olhou para ele.
- Ei, amor... - sussurrou Lauren.
- Vem cá,Camz...
O corpo de Camila tremia.
- Está com frio? Vem cá, minha
bebê... Vem cá que eu te esquento...
Abraçou a menina. A jaqueta que ela
vestia era espessa, de alpinismo, e a
pele adorada de Camila estava coberta
demais. Lauren queria tocá-la.
- Hum, Camz... vem cá...
-Ahn... Lauren... não... por favor...
Surda àquele não, a menina enfiou o
braço por baixo da jaqueta da
namorada. Dedilhou carinhosamente
para afastar-lhe a camiseta e alcançar a
pele morna das costas.
-Vem cá...
De repente, Camila retraiu-se, rolou
de lado e foi abraçar-se a Dinah.
- Não! Lauren, por favor!
A menina ajoelhou-se no tapete e
protestou falando para todos:
- Estão vendo o que vocês fizeram?
Assustaram a Camila com essa história
de fantasmas e não sei o que mais!
Como é possível namorar com um
astral desses? Ah, vocês parecem
minha tia! Já falei dela pra vocês? É
metida com espiritismos e essas coisas
todas. Vive falando em almas penadas,
em espíritos sofridos...
- Talvez sua tia saiba das coisas,
Lauren - era a voz de Vero. -
Você devia acreditar mais no que ela
lhe contou...
- E aí - completou Lucy - talvez
deixasse a gente em paz...
Lauren abriu os braços,
teimosamente alegre:
-Vocês são é má-agradecidas! Se eu deixar vocês em paz, acho que vão até
fazer xixi nas calças de tanto medo. O
que eu quero é alegrar vocês e espantar
esse pânico ridículo. Vamos lá! Com
alegria, a gente pode esquentar esse
frio!
Normalmente, uma proposta de farra
faria aquela turma pegar fogo,
qualquer que fosse a temperatura
externa. Mas, daquela vez, a resposta
de todos foi um silêncio tão grande que
piorava ainda mais o clima apavorante
daquela noite.
- Você quer que a gente cante,
Lauren? - veio a voz de Vero, um
fio de voz. - Não estamos com
disposição para cantarias. Acho que
uma noite como essa só serve para
histórias de terror...
o comentário de Veronica foi como uma
dica para Normani:
- Boa ideia... Histórias de terror! Por
que não conta alpumas histórias da
sua tia, Lauren?
- Vocês ficaram malucas mesmo!
Imaginem se eu prestava atenção
àquelas bobagens!
- Mas essa pode ser até uma boa ideia
- continuou Normani. - Lembram-se do
que a nossa professora de Francês do
ano passado falou das bruxas e dos
lobos maus das histórias infantis? Ela
disse que era o tal "medo literário" que
as crianças sentem ao ouvir essas
histórias é bom para o
amadurecimento emocional delas. E
uma espécie de catarse, ela disse.
Então, talvez fosse bom contarmos
histórias de terror, não é? Para
espantar o medo...
Lauren gozava qualquer sugestão:
- Boa, Mani! Para espantar medo de
criancinhas, nada como uma boa
história de bruxas. Então, qual vai ser?
Que tal "Chapeuzinho vermelho"? Ou
"João e Maria"? Oue delícia de história ah! A bruxa captura os dois menininhos
e os tranca em uma gaiola, até que
engordem para serem assados como
leitõezinhos... Depois, os dois jogam a
bruxa na panela e a cozinham em
azeite fervente! Que "delicadeza" de
história, não?
- Está bem, Lauren - interrompeu
Dinah. - Você já contou a sua
história de terror. Agora é a minha vez.
- Boa, DJ! Agora conta a
"Cinderela". Adoro aquela história do
sapatinho de cristal...
Dinah sacudiu a cabeça, tentando
livrar-se das gozações de Lauren.
- O que eu vou contar aconteceu
mesmo, com o meu trisavô, e a família
vem falando disso há gerações. Nunca
dei muito crédito a ela, justamente
como você, Lauren...

It Has Called Darkness, My LoveWhere stories live. Discover now