Kadiya, Anigel e os dois oddlings percorreram os espaços escuros e estreitos entre os muros de pedra da torre central da Cidadela, passando às vezes por outras portas secretas com seus maquinismos enferrujados e cobertos com a poeira dos anos. Finalmente, depois de uma escada íngreme, chegaram à passagem de onde podiam ver a sala do trono, através de um orifício aberto na parede.
Jagun olhou por um deles e viu a sala agora silenciosa e sem vida. Então Immu olhou também. Quando chegou sua vez, a Princesa Kadiya, com um grito abafado de dor, bateu com os punhos fechados na parede de pedra, chorando silenciosamente.
Pediram à Princesa Anigel para não olhar, temendo que a cena sinistra a fizesse perder a razão, mas ela ficou ao lado de Jagun, esperando, em silêncio. Então Anigel viu, do alto, os restos mutilados dos Companheiros Fiéis e do Rei Krain, e para espanto dos outros três, nem tremeu, nem chorou, apenas fechou os olhos e segurou com força seu amuleto do trílio.
Depois de um momento, com um suspiro doloroso, ela perguntou:
— Immu, você é velha e sábia. Diga-me por que os labornoks fizeram isto, quando meu pai e seus cavaleiros já estavam vencidos e em suas mãos?
Para alguém como você é difícil compreender, criança, você é gentil e amorosa, e só conheceu amor e bondade durante toda sua vida. Mas existem aqueles para quem a crueldade significa um prazer sinistro, uma imensa sensação de poder. Eles são almas mesquinhas e medrosas, submetidos a pessoas que os tratam com crueldade. Sem encontrar felicidade na vida, tornamse escravos da mais vil forma de luxúria — o prazer de infligir sofrimento e destruição aos outros. A crueldade faz com que se sintam superiores. Se sentem mais vivos com a morte de outras pessoas. Desafiam o Criador destruindo a criação. Desprezam o amor e abraçam o ódio, porque só o ódio acende suas almas frias e estagnadas. Não há piedade, nem drama de consciência, nem remorso na alma viciada na crueldade. Apenas uma sede constante por mais crueldade, uma sede que não pode ser saciada. Os bons não podem tratá-los com bondade porque eles não sabem o que é o amor e o confundem com fraqueza. Por esse motivo você, uma princesa gentil e amorosa, deve aprender a tratar essas pessoas com dureza.
— Oh, eu jamais poderia — disse Anigel, tremendo. — Jamais — nem mesmo depois de ver essa cena terrível!
A Princesa Kadiya abraçou a irmã ternamente.
— Não se preocupe, querida Ani. Eu me encarrego de dar a esses monstros o que eles merecem.
Então Jagun as fez continuar a fuga e andaram e andaram, descendo cada vez mais para os profundos subterrâneos da Cidadela. Finalmente, chegaram a um muro novo de tijolos, como se fosse o fim de um beco sem saída.
Anigel, em pânico, começou a chorar. Enquanto Immu a acalmava, Jagun chegou sua luz perto do muro e tamborilou levemente com os dedos na parede, primeiro de um lado, depois do outro. De repente, uma parte do muro de tijolos moveu-se para o lado, viram a luz das tochas, o cheiro familiar de malte e as princesas imediatamente perceberam onde estavam. Passaram entre as filas de barris e grandes recipientes de cobre, entre as poças de cerveja, no chão, pois estavam na destilaria da Cidadela, supervisionada por Immu. Todos os empregados tinham fugido, os fogos estavam apagados e o enorme caldeirão de mosto de cerveja abandonado.
Conduzidos agora por Immu, entraram no depósito de grãos e removeram uma pilha de sacos encostada na parede, revelando uma porta de madeira embolorada que gemeu e estalou quando Jagun a abriu, usando um atiçador de ferro. A porta levava a uma escada íngreme feita na pedra, úmida e escorregadia por causa da água que pingava das aberturas no teto. Desceram entre as paredes de pedra que cintilavam cada vez que as lanternas se refletiam nas poças de lama oleosa.
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O Trílio Negro - Trilio - Vol 1 - Julian May
FantasyTrês mulheres, três grandes escritoras de livros de fantasia, reuniram seus talentos para este tipo especial de literatura e criaram uma história mágica, com todos os ingredientes e personagens que fascinam os admiradores de filmes como Guerra nas e...