Capitulo 6

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Os assassinos não são monstros, eles
são homens. E essa é a coisa mais assusta- dora sobre eles'.
- Alice Sebold

Liam

— Eu não te ensinei nada? — perguntou meu pai, sua voz um passo acima de um sussurro enquanto eu lia os arquivos sobre a mesa diante de mim.
— Pai, na verdade, você me ensinou muito, — eu respondi antes de tomar outro gole do conhaque horrível de Orlando. — Por que você pergunta?
— Não banque o idiota comigo, garoto. O que aconteceu entre você e Melody hoje foi inaceitável. Você bateu em sua
esposa-
— Ela não é minha esposa ainda, — eu disse, quebrando a minha mão contra a mesa
de carvalho e me levantando da cadeira. — Esta mulher, esta Melody Giovanni, é uma loucura, incontrolável e ela deu um soco em
mim. Doeu e então ela... Ela me deu um tiro na perna, porra!
Sedric me encarou, os olhos brilhando
quando ele se adiantou. — Como ela deveria ter feito. Você não tinha o direito de
interrompê-la. Se as mesas fossem inverti- das, o que você teria feito?
Eu teria matado a pessoa lentamente.
— Você não pode estar do lado
dela. Você deve estar do meu lado. — eu quase tive vontade de rir com o pensamento. — Imagine se tivesse sido sua
mãe, ou Coraline, ou Olivia. O que você teria dito a elas se você tivesse as visto agirem como Melody?
— Quantos anos você
tem? Quatro? Eu estou do lado da família,
como você deveria estar. Não foi sua mãe, ou
Coraline, ou Olivia. Foi Melody. Melody, que se tornará sua esposa em menos de 72 hor-
as. Faça as pazes com ela.
Setenta e duas horas? — Por que di- abos estamos nos casando em três dias?
— Para vocês não se matarem antes do
fim da semana. A imprensa foi notificada, e,
pela manhã, o mundo saberá. Cada coluna de fofocas, cada tomada de notícias, e cada
membro da maldita máfia do mundo vai saber que os Giovannis e os Callahans são
um. Isto significa que vocês dois vão ter que fingir bem pra caralho, você vais os enganar que este não é apenas um casamento arran- jado, ou que Deus me ajude, eu vou por os dois no fogo. — o fato de que meu pai, Sedric Callahan, tinha levantado à voz e amaldiçoado no mesmo fôlego era prova su-
ficiente de que ele estava falando sério. Ele havia colocado um homem no fogo antes... Dois na verdade.
Tomando mais uma vez um lugar, me virei e olhei para a lareira que iluminava o
escritório de Orlando. Este dia não tinha ido como eu planejei, e enquanto os meus ossos doíam para dormir, minha mente não con- seguia parar de competir.
— Filho, eu aprovo o que Melody
faz? Não. Eu não, e que é por causa do simples fato de que eu fui criado de forma
diferente. E por um homem muito mais controlador do que eu. Os mais fortes sobre- vivem, no entanto, a chave para a sobre-
vivência é evoluir com o seu ambiente. Nós
fizemos tantos progressos. Não somos mais apenas bandidos iletrados com armas. Nós evoluímos, a máfia evoluiu, e agora é a sua
vez. Melody Giovanni é a sua evolução, ab- race isso e faça a paz.
Foi só quando a porta fechou atrás
dele que eu me permiti relaxar. Eu enchi minha boca com o líquido marrom horrível
em minhas mãos, mas mesmo isso não ajudou a minha mente derivando até a bela mulher de olhos escuros que se tornaria minha esposa.
Nosso momento no porão fez meu sangue ferver e outras partes de mim doer. Ela não luta como uma mulher, mas como um homem treinado, e do jeito que ela tinha olhado - como uma leoa prestes a rasgar sua presa - me fez a querer ainda
mais. Eu quase tomei ela nessa parede e ela
queria. Eu senti seus mamilos responderem para mim quando eles pressionaram contra o meu peito através do tecido fino do seu
vestido. Seus olhos estavam implorando, e seus lábios se separaram para mim como se
contivesse gemidos de prazer. Até mesmo sua pele cor de oliva aqueceu sob minhas
mãos. Eu teria tomado ela contra a parede muitas vezes e daria a ela o prazer que tanto ansiava, mas em vez disso, a moça atirou em mim. Ela atirou em mim, cacete.
Eu estava tão chocado e com tesão que minha mente não podia sequer compreender
o que tinha acontecido. Minha coxa estava queimando como o fogo quando ela beijou
meu rosto e foi embora. Com isso um tiro, ela tinha provado que a quebrar não era possível. Ela nunca iria se converter para o
que eu precisava que ela fosse. Ela era uma selvagem implacável, e se você não pode quebrar um selvagem implacável, você pre- cisa descobrir como domá-lo.
Eu precisava fazer Melody entender
que ela não estava acima de mim. Que ela
não daria as ordens. Que ela não se moveria montanhas ou faria tornados rasgarem at- ravés do céu.
Eu sim.
Eu tinha trabalhado muito tempo e muito arduamente para deixar qualquer um
me parar, muito menos ela. Eu preferia mor- rer a dar a porra da minha reivindicação a
esta família. Quando eu descobri que o meu pai fazia para viver, eu vi como as pessoas abriam caminhos para ele enquanto ele caminhava em edifícios aglomerados. Eu as- sisti como governadores, senadores, ban- queiros e malditos juízes igualmente bei-
javam seus pés. Eu sabia o que eu queria
fazer. Algumas pessoas, como Neal e Declan, eram simplesmente nascidos na família, mas eu sabia que nasci para governar a
máfia. Isso era além de um chamado fodido,
isso estava no meu sangue. Foi o que me em- purrou diariamente, e a única pessoa que ficava no caminho era meu pai.
Eu deveria ter tomado mais no meu
vigésimo primeiro aniversário. Eu queria que esse dia chegasse, não para que eu
pudesse beber legalmente - eu tinha bebido desde que eu tinha quinze anos - mas porque
eu queria ouvi-lo dizer isso. Eu queria ouvir o meu pai dizer ao mundo que eu iria assum-
ir a companhia, mas em vez disso, tudo o que ele fez foi me dar uma ilha e um tapa nas costas. A sua explicação: ainda não é a
hora. Ele era o maldito Ceann na Con-
airte. Ele fazia a porra da hora e os restos de
nós seguiam. Melody tinha dezoito anos e era legal nesse ponto, portanto, não era
como se ele estivesse esperando por ela. Mas a cada ano depois disso, eu esperei, matando
qualquer um que ousasse entrar no meu caminho, e agora teria que lidar com a minha
mulher desse jeito? Era uma merda e eu nunca vi isso acontecer.
— Hoje foi interessante, querido primo, — afirmou Declan, aparecendo e indo
direto para o bar. Esqueça o crack, nós Calla- hans éramos viciados em conhaque e be- bíamos como se fosse água.
— Interessante nem mesmo começa a cobrir o que aconteceu hoje, — eu disse. — Minha noiva atirou em mim com a minha
própria arma.
Declan sorriu, o pequeno filho da
puta, antes de se sentar no sofá. — Como ela conseguiu desarmar a grandeza que é Liam
Callahan? Eu vi você carregar e disparar sua arma em três segundos.
Eu fiz uma careta, sabendo que ele sabia e simplesmente queria me ouvir dizer
isso. Às vezes eu queria que ele fosse se foder.
— Ela se parece com um cordeiro pequeno doce de longe, mas quando você chega perto, você descobre que é um lobo em pele de cordeiro e comeu a maldita coisa só para usá-lo como um casaco. Ela é uma be- sta. — eu olhei para o fogo, me lembrando de chamas semelhantes em seus olhos quando ela atirou em mim. Era como se ela tivesse descoberto como fazer o inferno refletir em
seu olhar.
— Eu gosto de cordeiro, — disse Declan.
— Cale a boca, seu idiota. — eu joguei meu copo em sua cabeça, mas ele se esqui- vou, fazendo com que ele quebrasse contra a parede.
Ele apenas riu. — Essa frustração rep- rimida irradiando de você tem alguma coisa a ver com o fato de que você a quer
muito? Foi assim que ela pegou a arma. Você estava tocando nela e-
— E ela tirou de mim e me atirou como um cão. Sim, primo, foi assim que aconteceu. — eu não queria que ele pensasse sobre sua bunda firme na minha mão ou o buraco de bala que agora estava na minha perna.
— E, no entanto, você ainda a quer, seu fodido doente. — ele bebeu. — Eu não culpo você, porém, ela é-
— Termine essa frase e isso vai ser a sua última. Primo ou não. — eu já estava chegando em minha arma carregada.
Erguendo as mãos, o copo ainda em sua mão esquerda, ele balançou a cabeça
com um sorriso. — Você é possessivo. Eu me pergunto o que sua futura esposa pensa sobre isso.
— Eu não dou a mínima o que ela pensa sobre isso. E o que Coraline têm a dizer sobre suas palavras sobre Melody? — perguntei, sabendo muito bem quão apaixonado ele era.
— Ela estaria chateada, tanto que es-
pero que ela atire na minha coxa. Nós nunca tivemos esse tipo de preliminares antes.
Eu me encolhi com o pensamento disso. — E eu sou um filho da puta doente?
— Não mais do que você, — respondeu
ele, se esticando. — Onde está a rainha, de
qualquer maneira? Ela não estava no almoço
ou jantar. Eu acho que eu vi todos, menos ela desde então.
Andando até o bar, peguei outro copo.
— Oh, virgem Maria fodida do céu, o que você fez? — perguntou Declan, se levant- ando da cadeira.
— Minha mãe cortaria sua língua por falar assim, — eu respondi, batendo de volta um copo antes de tomar outro.
— Não antes de cortar a sua pelo que aconteceu hoje. Eu deveria saber que você iria retaliar.
Revirando os olhos para ele, eu cam- inhei até a mesa e peguei os meus arquivos. — Eu a algemei a uma das cadeiras na piscina e deixei o jantar. Eu vou buscá-la de manhã.
— Você não pode estar falando sério, Liam, — disse ele, me fazendo virar para ele. Ele deveria ter pensado melhor antes de duvidar de mim.
— Ok, você está falando sério. — ele franziu a testa. — Mas você não pode deixar ela lá a noite toda. Se ela já estava assim com uma boa noite de sono, imagine como ela vai estar irritada na parte da manhã. Você quer que ela esteja assim perto da sua mãe?
Ele tinha um ponto, mas eu estava
chateado, porra.
— Eu não vou fazer isso. — se eu a sol- tasse, seria como se eu estivesse dizendo que
ela estava certa. Que ela era o Capo. Eu não ia me curvar diante dela.
— Seu cabeça dura filho de uma-
— Sr. Callahan. — Adriana, o patinho feio, entrou, já vestida com uma camisola an- tiga como se tivesse saído da Idade Média do caralho.
Declan conteve sua risada enchendo a boca com conhaque, se virando para a men- ina confusa na minha frente.
— Sim, patinh... Adriana? — perguntei.
Ela olhou para mim como se soubesse
o que eu quase disse. — Capo queria que eu lhe perguntasse que horas você vai sair de manhã?
Declan cuspiu a bebida na boca, tossindo como um homem morrendo antes de rir histericamente.
Olhei para ela por um momento antes
de pisar para fora da sala sem responder. Eu tinha tido a certeza que todos os homens
dela estavam longe. Não havia maneira nen- huma que ela deveria ter sido capaz de tirar
essas algemas do cacete. Elas foram feitas por mim e fiz com aço reforçado. Explodindo até a piscina, eu congelei.
— Oh, meu querido primo, você se en- controu com seu igual, e é engraçado como a merda assistir, — Declan murmurou, de pé ao meu lado enquanto eu olhava para a cadeira quebrada, agora descansando em sua
sepultura.
Parecia que um monstro tinha
rasgado as suas pernas e braços. Vendo como eu só algemei um braço, isso me deix-
ou perplexo. A comida ainda estava intacta e as toalhas todas no fundo da piscina também.
— Eu vou para a cama, — disse o tolo que meu primo era, sorrindo.
— Durma com um olho aberto, primo,
e a sua mão em sua arma. Ela pode apenas te matar esta noite, — disse Declan enquanto eu caminhava de volta para o quarto que me foi dada para a noite.
Quando entrei, havia pedaços da algema de aço reforçado por toda a minha cama. Em cima dela, a porra de uma nota em sua caligrafia precisa, com uma bala gravada
nela.

Vim te visitar querido, para que pudéssemos terminar o que começamos no porão, mas você e seu primo estavam rindo como idiotas. Oh bem, eu espero que você tenha uma boa noite. Sobre a cama, bem... Você pode entender bem, querido?
Xeque Mate.
Melody Giovanni

Eu podia ouvir sua risada soando em meus malditos ouvidos. Xeque Mate? Ela achava que isso era xeque-mate?
Nós nem sequer começamos ainda. Radiante, eu pulei na cama infestada de balas, levantando penas, antes de retirar o
meu telefone e discar rapidamente.
— Olá mãe? Sinto muito que seja tarde.
— Eu estava começando a pensar que você tinha se esquecido de mim. Eu sinto falta de todos vocês. A casa está tão calma que eu não posso pensar.Oh, como é Melody? Ela é bonita? Eu conheci Orlando uma vez e ele era espectador. Tenho certeza-
— Sim, senti sua falta também. Sim, Melody é... Ela é um tipo mãe, ela é um tipo. Eu estava ligando para ver se você não se importasse de fazer uma festa de boas vindas para ela. Só para mostrar a ela o quanto estou feliz de tê-la em minha vida.
— Sério? Alguém parece feliz. Toda a
família?
Eu queria revirar os olhos. — Sim,
toda a família. Consegue fazer isso? — ela é quase tão maníaca como Olivia.
— Tem certeza de que ela não está
cansada. Eu achei que ela tinha chegado à cidade hoje.
— Ela não vai estar cansada.
— Certo! Estou tão animada. Vou fazer isso.
Quando desliguei, eu sorri. Minha mãe faria o que sempre fazia para as celebrações. Ela seria ir até o topo. Eu sabia agora que Melody poderia se safar como um filho
da puta profissional. Mas ela não seria capaz de se conter com a família. Eles defecam arcos-íris e unicórnios, e quando ela est- ivesse distraída, isso me daria tempo para trabalhar em uma nova pista que eu tinha
sobre os Valero.
Eu estava planejando algo enorme para esses filhos da puta, e eu iria usar in- formação que eu tinha adquirido dos arqui- vos de Orlando para fazer isso. Os contatos
dos Giovannis eram agora meus contatos. Eu quase queria dizer fodido xeque-mate
agora. Mas eu queria saber como ela se sen- tiria quando eu usasse o seu trabalho e mul-
tiplicasse a destruição por vinte. Ela estava jogando jogos infantis, e eu não era uma cri-
ança. Isso não era sobre quem poderia superar a quem, isto provaria um ponto. Eu mataria dois coelhos com uma cajadada
só. Os Valero nunca iria ver isso chegando, e eu gostaria de deixar minha marca como o
novo Ceann na Conairte e Capo.
Durma bem, minha pequena Giovanni, porque amanhã você vai dançar como a minha própria marionete, eu pensei, levantando minha mão por trás da minha cabeça e sorrindo.

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