- O fundo do poço -

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Era noite. Toda a família estava reunida na Santa Casa de Santa Isabel, cidade do interior de São Paulo. O frio já não incomodava, pois as últimas notícias haviam tomado conta do meu corpo, mente e alma.

- A mãe vai ser internada- afirmou minha irmã mais velha horas mais cedo.

Aquilo foi como uma bomba, dispersou meus pensamentos. Eu estava perdido e preocupado. Sabia que minha mãe estava doente, há dias ela vinha vomitando e se queixando de dores no estômago, porém continuava ativa e trabalhava todos os dias. Nada que pudesse nos abater. Grande equivoco, a situação era pior do que imaginávamos.

Aguardamos cerca de trinta minutos até meu tio trazê-la da casa da Marli (uma amiga da minha mãe) ao hospital. Meu mundo desabou quando à vi descer do carro e sentar em uma cadeira de rodas. Ponderei para crer que era minha mãe, pois ela estava debilitada com os ossos visíveis de tão magra. Como pude não perceber antes? O que me levou à tamanha cegueira?

Imediatamente a levaram para dentro, permanecemos do lado de fora aguardando qualquer outra informação. Eu não ouvia mais nada. Tudo havia escurecido. Ali se iníciou o meu óbito. Sonhos? Que sentido havia neles agora? Diante ao clima triste, meus tios e tias conversavam como se minha mãe já estivesse morta. Sem ter com quem falar ou desabafar, eu me afundava ainda mais.

- Você pode ir para casa se quiser. - disse minha irmã, estranhei a sugestão, mas concordei.

Tão logo comecei a caminhar e não pude conter as lágrimas. Não posso dizer que sou o filho que mais ama a mãe, no entanto esse amor, ainda que pouco expressivo, sempre foi grande. Na busca por consolo, tentei entrar em contato com inúmeros colegas, no entanto ninguém atendeu ou respondeu minhas mensagens.

Cheguei em casa e logo me atirei na cama, permaneci imóvel por alguns minutos, depois perambulei pela casa inquieto. Eu necessitava de ajuda, não só para a saúde de minha mãe, como também para mim mesmo. Venho de uma familia grande, mas em casa nossa relação era péssima. Nunca tive nenhuma conversa séria com meus pais. Não fazíamos do tipo que senta na sala para jantar enquanto assisti os programas de tevê. Pelo contrário! Convivíamos juntos, porém vivíamos cada um em sua rotina. Para piorar, eu era anti- social, os poucos conhecidos que tinha, embora quisesse, não poderia chamar de amigos.

Em meio à solidão só havia alguém que pudesse me escutar. Alguém que certamente me consolaria, mas para isso eu precisaria invocá-lo, o que certamente não era tarefa fácil. Pode ser por influência dos colegas mais próximos ou dos momentos difíceis, não sei ao certo, porém até aquele momento, clamar à Deus estava fora de cogitação devido aos pensamentos ateístas que nutria dentro de mim.

Olhei a bíblia na estante, queria crer, mas se Deus existisse, por quê tudo isso acontecia comigo? Por que sempre eu levava a pior? Quando me dei conta, estava de joelhos questionando à Deus:

- Meu Deus, por que isso só acontece comigo? - falei em tom baixo, estava só, mas tinha vergonha de chamar aquele que desprezei. No entanto a necessidade foi mais forte - Meu Deus me ajuda, salve a minha mãe!

Foi tudo o que consegui dizer, não sabia orar sequer o "Pai nosso". Já havia tentado ler a bíblia outra vez, porém não compreendi nada. O que eu não sabia é que para Deus não importava o meu gral de conhecimento, se eu era alguém justo ou perverso, temente a Ele ou não. Nada disso importava para Deus, pois o que ele viu foi a sinceridade e a necessidade que eu tinha em tê-lo em minha vida, isso porquê o Senhor Jesus habita entre os aflitos, abatidos, os cegos, os perdidos e os cativos. Tenho certeza que assim como Deus me ouviu ali, certamente o ouvirá nos momentos de angustia e aflições.

No fundo do poço clamei à Deus, mas, mesmo ele operando, custei para ouvir seu chamado. Foi necessário que eu passasse por muito mais para chegar a condição de reconhecer o Senhor Jesus como meu Salvador. Contarei passo à passo do meu início na presença do Deus que me salvou. O Deus de Abraão, Isaque e Israel. O Deus de ontem, hoje e amanhã. O Deus que é vivo e que conheci na Igreja Universal do Reino de Deus.

""" Desejo à todos uma boa leitura e que possam comentar suas experiências. Que Deus abençõe. """"

Leonardo N. Da Silva

Meu Encontro Com DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora