- Os tímidos não herdarão o Reino de Deus -

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É inevitável, quando você tem uma experiência com Deus, seu maior desejo passa à ser o de compartilhar - a menos que você seja egoísta - eu já havia tido algumas experiências com Deus, mesmo estando no início da vida como cristão e o que mais queria era que outras pessoas pudessem conhecer o Deus que eu conheci, então decidi evangelizar. Confesso que foi uma tarefa difícil, pois eu dava graças à Deus quando chegava terça ou quinta-feira, pois podia dormir até mais tarde, então tive que ir contra minha própria carne para renunciar o sono e fazer a vontade de Deus.

- Descanço é só no céu - foi o que o Duh me disse e o que me motivou à acordar de manhã para evangelizar.

Eu sempre fui metódico e calculista, me perguntei em qual lugar eu poderia ir para evangelizar, afinal era terça de manhã, quantos jovens eu encontraria na rua tão cedo? Sim, eu comecei evangelizando jovens. Lembrei que toda terça uma feira comercial era realizada na cidade, lá certamente haveria muitas almas para ganhar. Com essa ideia em mente, juntei meus convites da Força Jovem e sai em busca de almas sem avisar ninguém, nem o Eduardo, nem os obreiros, tão pouco o pastor. Era eu e Deus.

Aconteceu que não pensei em algo, minha timidez. Diferente de muitas pessoas, eu tinha uma extrema dificuldade para me comunicar com os outros, principalmente se eu não os conhecesse, então quando cheguei na feira e vi aquele monte de gente, minha primeira reação foi a de dar meia volta, mas não. Eu tinha que vencer aquilo. Dentro de mim o desejo de ganhar almas falava mais forte. Conforme o tempo eu fui me acostumando, porém inicialmente travava ou deixava os jovens passar direto, sempre que isso acontecia eu me desanimava, pois sabia que havia desapontado o Espírito Santo.

Eu conhecia aquela passagem que diz que os "tímidos não herdarão o reino de Deus", esse conhecimento me angustiava. Quando era do mundo, tentei de diversas maneiras vencer a timidez, porém nunca consegui. Me encontrei diante de mais uma barreira que me impedia de alcançar o Espírito Santo.

Não demorou muito e fiquei sabendo que algumas obreiras faziam o trabalho de evangelização na feira, claro, me ajuntei à elas e graças a isso aprendi muitas coisas desde evangelização, visitas e sobre o Espírito de Deus, pois sempre uma das obreiras me ensinava coisas novas. Por inúmeras vezes ela contou seu testemunho que no início também era timida e tinha vergonha de evangelizar, mas descobriu que era capaz quando se lançou, pois Deus nos usa segundo nossa capacidade, além disso se Ele nos escolheu, então vai nos capacitar.

- É como Deus disse para Jeremias: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras. ( Jeremias 1.9 ) - disse a Obreira Gisele - Jeremias ainda era jovem quando Deus o chamou e por conta disso ele questionou sua condição, mas Deus o capacitou.

Ainda guardo o exemplo de Jeremias e muitas vezes antes de evangelizar peço para que Deus coloque suas palavras em minha boca, pois não sei o que falar, ninguém sabe ao certo, porém o Espírito Santo nos usa como somos e convence ao chamado todos aqueles que o ouvem.

Além das evangelizações na feira, me comprometi a evangelizar ao menos uma pessoa em todos os meus trajetos, dessa maneira eu certamente evangelizava todos os dias e crescia em comunhão com Deus. Graças à essa disposição sei que muitos jovens puderam ouvir a palavra da salvação, não por mérito meu, mas pela misericórdia de Deus. Infelizmente não foram todos que permaneceram, porém mantenho a consciência limpa de que fiz minha parte como servo e que vou continuar a fazer até que toda criatura ouça falar do nome do Senhor Jesus.

Não bastava a sede por almas, dentro de mim eu queria servir e me encabulava quando não podia ser contado - muitas vezes por ser novo de igreja e outras por falta de tempo mesmo. Como eu não podia ficar muito na igreja, então o que eu pudesse fazer eu fazia ou ao menos tentava. Como me esquecer das inúmeras vezes em que vi o pastor contar com os outros jovens para fazer algo, mas nunca eu era chamado. Aquilo me gerou uma revolta.

- Poh, Meu Deus será que eu não sirvo nem para limpar o lixo da igreja? - indaguei à Deus em minhas orações e sim, não era contado nem para jogar o lixo fora.

Fiquei muito feliz quando enfim passaram a contar comigo e me darem tarefas - dentre elas, regar o jardim, varrer o estacionamento e lavar os banheiros toda manhã, que honra! - Há quem ache essas tarefas bobas, porém meu prazer era e é servir, quem não gosta de saber que é útil na obra de um Deus tão grande? Eu particulamente fico muito feliz. Nessa época eu já estava firme na igreja e procurava estar por perto sempre que podia, foi então que me fizeram a pergunta:

- Léo, você não tem o desejo de ser obreiro? - indagou a obreira Diana, a pergunta me surpreendeu.

- Obreiro? Eu? - repeti comigo mesmo, nunca havia pensado nessa hipótese.

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