-O perdão que vem de Deus-

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        Eu estava em casa, era fim de semana. Naquela época eu não tinha o hábito de ficar na igreja por muito tempo, após participar da reunião de domingo de manhã, fui para casa. Peguei a bíblia e fiz uma oração pedindo para que Deus viesse falar comigo e que através de sua Palavra eu recebesse a força necessária para enfrentar o medo, o orgulho e pedisse perdão para meu irmão. Abri a bíblia aleatóriamente, olhei o título do livro em questão: Samuel.

Comecei a ler, à princípio veio a história do profeta Samuel, mas logo após isso veio a história do rei Saul e depois o rei Davi. Nas escrituras desses reis, eu vi duas opções na qual eu poderia seguir.

*nota:

- Ambos, Saul e Davi haviam errado e pecado contra Deus, porém cada um reagiu de maneira diferente.
Enquanto o rei Saul não se arrependeu de seu erro, o rei Davi se humilhou e se concertou. Resultado, o rei Saul perdeu o reinado e, porque ele próprio se afastou de Deus, seu fim não foi o que o Senhor havia preparado para ele. Em contra partida, por se humilhar, Davi recebeu o perdão que vem de Deus e pode contemplar a alegria da Salvação, por conta disso os planos de Deus se cumpriram na vida dele. Até hoje Davi é lembrado como o homem cujo o coração era totalmente do Senhor.

* Ainda antes de ser rei, Davi teve que enfrentar a perseguição de Saul que incessantemente tentou matá-lo, porém, mesmo tendo condições, Davi não revidou e perdoou Saul, porque esse era um ungido de Deus.

Essa história ficou na minha mente, o exemplo de Davi sem dúvida era o que eu devia seguir, mas não são todos que o consegue.

Não havia mais ninguém em casa, até meu irmão chegar. Ambos dividimos o mesmo quarto e lá estava ele mexendo em suas coisas, dentro de mim eu ensaiava a melhor maneira de falar com ele, mas não conseguia, pois travava toda hora. O perdão é apenas o início de uma vida com Deus, se nem isso eu conseguia fazer, então como conquistaria o bem maior, a Salvação?

Eu ainda estava lendo quando algo ocorreu. Senti alguma coisa escorrer do meu nariz, estranhei, pois não estava gripado. Passei a mão para limpar e ao olhar para ela, vi que estava em tom vermelho: Sangue.

Aquilo era inédito para mim, sangue escorrer do nariz. Não sou um especialista, mas coisa boa não deveria ser. Um pensamento me sobreveio: Lembrei das reuniões de quarta-feira onde o pastor sempre alertava sobre a morte que vem para todos à qualquer momento e que uma simples mágoa é mais do que suficiente para condenar a pessoa ao inferno. O temor me sobreveio, não faço ideia de porquê aquilo aconteceu naquele momento - talvez tenha sido o próprio Deus para me alertar.

Me levantei desesperado, o medo de ir para o inferno era mais forte que o orgulho ou qualquer outra coisa que me impedisse de falar com meu irmão. Procurei em cada cômodo da casa, mas nem ele e nem sua bicicleta estavam lá.

A cidade de Santa Isabel é bem pequena, mas quando você quer encontrar algo ou alguém, parece até que estamos em uma grande metropoli - você acha tudo menos o que quer. Meu irmão sempre foi rueiro e toda vez que ele saía nunca sabiamos para onde ia, eu mesmo só tinha um palpite e se estivesse errado só o encontraria se ele voltasse para casa, mas será que isso aconteceria? Naquela altura eu poderia ter desperdiçado minha última chance.

Sem pensar, eu sai correndo de casa, correndo mesmo, se meu irmão estava de bicicleta, eu tinha pouco tempo ou nunca iria alcançá-lo. Dentro de mim era um turbilhão de pensamentos, foi então que algo me surpreendeu: Ao virar em uma esquina, avistei meu irmão vindo em minha direção com sua bicicleta. É agora, o tudo ou nada. Me lancei na frente dele e parei a bicicleta.

- Preciso falar com você - disse face à face com meu irmão Rafael.

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