Naquela noite eu desisti do suicídio, mas continuei a perambular pelas ruas em direção a saída da cidade, rumo à dutra. Tentei ligar para alguns colegas. Os dois primeiros não atenderam, o terceiro respondeu e se propôs a falar comigo pessoalmente. Esperei próximo a casa dele, seguiamos em direção ao portal enquanto eu contava o que estava acontecendo.Aquela foi a primeira vez que me abri para alguém, também foi a primeira vez que um amigo me viu chorar. Esse jovem era o mesmo que dava mal testemunho do qual citei antes. Nos conheciamos há um bom tempo e quase sempre eu que o aconselhava.
Esse garoto tentou de diversas maneiras me consolar e me levantar. Disse que eu tinha que continuar com meu sonho, que eu tinha que ajudar minha familia e que eu era até algum tipo de referencial porque sempre lutei pelos meus ideais.
- Vai jogar tudo fora? - ele me indagou.
Agora eu não falava mais nada apenas ouvia - algo que faço bem, ouvir - pouco à pouco ele me convenceu a voltar para casa e continuar lutando. Eu estava recuperando o animo até uma informação me abater, não ao ponto de querer me matar, mas me fez ver o quanto eu estava parado no tempo.
- Ano que vem vou me casar - afirmou meu colega - eu quero que você vá.
Casar? Repeti em minha mente. Mas ele nem me disse que estava namorando. Foi algo inesperado, a pessoa que dizia ser meu melhor amigo sequer me contou o básico, não liguei para isso, a questão era: Depois do ensino médio, alguns colegas já estavam construindo familia, outros trabalhando e ainda havia aqueles que optaram por fazer faculdade - claro tinha uns e outros que apenas "curtiam" a vida, mas estavam fazendo algo - E eu? O que vinha fazendo até o momento? Perseguindo um sonho impossível. Respondi para mim mesmo.
Novamente eu queria chorar, mas não podia fazer isso, pois teria efeito contrário. Todo mundo traçava seu futuro e o meu permanecia estagnado e, até aquele momento, rumava para a morte, o esquecimento e o fracaço.
Como disse, voltei para casa e no dia seguinte sai para procurar emprego. Nada. No outro dia a mesma coisa. Isso se repetiu por longos dias. Os desenhos? Ah, os desenhos permaneciam empoeirados na minha cômoda. Havia desanimado por completo. Meu coração continuava batendo, mas eu não estava vivo, não tinha mais sonhos ou objetivos eu passei a estar completamente vazio.
Nada contra os gamers, mas eu, desde que comecei a desenhar, passei a detestar jogos - perda de tempo é o que são - dizia para mim mesmo. Quem quer mudar o mundo não pode se dar ao luxo de se distrair com jogos, no entanto como não tinha mais nada para fazer, meu hobby passou a ser esse tipo de distração. Horas e mais horas eu dediquei à esse entreternimento - aviso se você me conhece e me vir jogando, me repreenda, pois certamente não estou bem.
Meu novo lazer durou poucos meses, eu detesto perder e quando isso aconteceu simplesmente larguei os jogos e troquei pelas redes sociais. Fiz amigos virtuais, descobri que podia ser quem eu era e não era. Apesar do perfil fake eu não escondia muito a dor e o vazio espiritual em qual me encontrava.
Depois de um tempo cheguei a voltar a desenhar, participei de uma exposição a até ganhei um concurso de desenho do curso que fazia. Fiz coisas e coisas, mas nada me preencheu e jamais preencheria, pois o único que o faz é o Senhor Jesus. Em busca de inspiração comecei a fazer pesquisa de campo o que nada mais é do que sair em rua observando o hambiente em redor. Nessa busca subi até um monte de onde se pode ver toda a cidade. As memórias da minha vida voltaram, só coisas negativas e ruins. Peguei minha pasta e minha lapiseira e decidi voltar para casa, optei seguir outro caminho afim de demorar mais no trajeto. O mal aproveitou a fragilidade e começou a lançar suas flechas. Apesar de não ser a melhor pessoa do mundo, eu era educado, bondoso e almejava mudar tudo, o que ganhei em troca? dor e sofrimento. Sem saber ou perceber, o diabo havia matado minha vida, roubado minha felicidade e destruído meus sonhos. Dentro de mim havia o ódio mal direcionado contra as pessoas. Decidi tomar uma decisão.
- Vou entregar minha vida para o diabo. - afirmei em meus pensamentos enquanto caminhava pela rua.
Dizer que ia entregar minha vida ao diabo não significava que iria fazer um pacto de sangue ou algo assim, apenas decidi que não seria mais o mesmo. Me entregaria de vez para as trevas o resto não importaria mais. Passaria a viver para mim mesmo sem seguir ou respeitar as leis do homem e tão pouco as de Deus.
Virei a esquina e eis que um jovem me abordou, um assalto? Não, mas certamente queria algo de mim, algo que não se vende, mas de extremo valor para Deus e o diabo. Minha alma.
- Eai tudo bem? Está ocupado? - perguntou o jovem, estranhei e hesitante respondi que "não" - Queria te convidar para participar de uma reunião que vai começar daqui à pouco. Se você está passando por problemas, Deus pode te ajudar!
Olhei para o outro lado da rua aonde o jovem apontou. Avistei o enorme letreiro, já tinha visto semelhantes palavras em outras cidades por quais passei.
" Igreja Universal do Reino de Deus"
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Meu Encontro Com Deus
EspiritualTodo ser vivo necessita de algo para ser preenchido. Plantas precisam da luz do sol, animais de alimento, parasitas de corpos para morar. Mas e o ser humano? É notório que o desenvolvimento do mundo se da por meio do anseio pela plenitude, pela sati...