Capítulo 23

755 59 18
                                    

Passado o susto daquela terrível e constrangedora manhã, estávamos eu, meus pais e o Fael comemorando o aniversário de Dona Fabiana. Escolhemos um restaurante muito conhecido de frutos do mar, pois minha mãe é viciada em peixe e afins. Fomos eu e meu primo na frente enquanto minha mãe aguardava meu pai que estava em meio a uma ligação super importante. A toda hora meu primo vinha com piadinhas sobre o meu namorado e eu tentava não rir mas o Fael era um palhaço. "Nossa Bernardo seu namorado é dotado hein?" "Ele tem uma lata de refri no meio das pernas?" "Com um pau daqueles até eu ficaria tentado em virar viado". Só mandei ele ir no tomar no cú e parar de ser enrustido, já que ele não tirou o olho da jeba do Rafa. Por incrível que pareça eu não fiquei com ciúme mas se fosse o Rafa falando do Fael aff kkkkkkkkkkk Logo meus pais chegaram e a seção piadinha se cessou, sentamos em uma mesa de quatro lugares, o restaurante estava lotado! Ficamos de frente a uma mesa onde tinha três caras e uma garota, os três muito bonitos mas algo me dizia que ali tinha coisa... não tardou para que ficassem nos encarando. Tentei ao máximo não encarar de volta, até porque papai estava na mesa e fiquei morrendo de medo dele perceber, mas tinha um loiro que me deixou vidrado em sua beleza, ele era alto, forte, cabelo baixinho. Por alguns segundos me esqueci que tinha namorado... Só voltei a mim quando o Fael cutucou minha perna e perguntou disfarçadamente "Perdeu alguma coisa no loirão?" Meu Deus que vergonha! Foi tão involuntário que cheguei a me engasgar com agua que eu estava bebendo, que mico! Todos que estavam ao meu redor olharam aquela cena horrível e para completar Rafael começou a me dar tapões nas costas afim de tentar fazer eu desengasgar. Passado todo o mico o idiota ainda não parava de rir. Minha mãe o recriminou mas foi em vão, até meu pai dava gargalhadas da forma que meu primo idiota ria. Aff! Após toda essa vergonha não tive mais carão para olhar o loirão, minha mãe então puxou um assunto delicado mas sabia que ela estava louca para saber "E o seu amigo Rafa? Ele nasceu em Ribeirão mesmo? Menino educado, responsável gostei dele... Bom o Bernardo fazer amizades assim não é Olávo?" Todos olharam apreensivos para o papai mas logo meu velho tratou de responder "Gostei do garoto também! Vai dar um ótimo médico! Assim como meu filhão!" Ufa! Voltei a respirar aliviado, como se dependesse daquela resposta para voltar a respirar. O assunto Rafa mudou drasticamente para a formatura do Fael, seu TCC e sua prova da OAB. O almoço foi perfeito! Me sentia tão em casa com meus pais e meu primo! Às vezes pensava na hipótese de largar tudo e voltar correndo para Brasília. Mas aquela foi minha escolha minha faculdade estava lá e meu namorado também! Não podia abandona-los! Bom por falar em namorado o loirão ainda me encarava, tanto que na hora que ele levantou para ir embora deu uma piscada pra mim. Devo ter ficado vermelho, mas foi o máximo que cheguei a fazer! Brincadeiras a parte eu era um homem comprometido e nunca trairia meu Rafael!

Segurei sua cabeça e puxei ele pra mim... Dando um beijo demorado em sua testa... A vontade de beijar meu primo não foi maior que minha consciência, eu era um homem comprometido e mesmo que ainda sentisse algo pelo Fael, eu tinha que tentar ser feliz com o Rafa. Após o beijo ele me abraçou forte, senti seu corpo tremer e suas lágrimas molharem meu pescoço. Aquilo me doeu! Tanto que não aguentei e comecei a chorar também! Não falamos nada pois sabíamos muito bem o que aquilo significava! Ambos tínhamos tomado uma decisão, por mais difícil que fosse meu primo seguiria a vida dele e eu seguiria a minha com o Rafa. Minha família nunca aprovaria nossa relação e naquela época não teríamos força para brigar por nós dois.

- E moleque só você mesmo pra me fazer chorar seu merda! – disse ele limpando os olhos vermelhos – Para de chorar se não vai borrar tua maquiagem! Olha aqui teu rímel tá escorrendo colega!

- Há há muito engraçado Rafael! Tá sabendo de maquiagem né? – Falei me soltando do seu abraço, precisava me recompor! Eu tentava me fazer de forte, mas a vontade de estar com ele era demais! – Fala que eu sou gay mas tu também não ta longe não!

Dois Príncipes e uma História.Onde histórias criam vida. Descubra agora