Capítulo Final

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Havia minutos... Talvez horas que estava com aquele telefone na mão, toda hora que tentava ligar alguém aparecia. Estava ansioso por ouvir sua voz, mas o medo me assolava, tinha medo de mais uma vez ser rejeitado por meu primo. As palavras dos meus irmãos não saiam da minha cabeça "Não importa quem beijou quem Rodrigo, assim que chegarmos a Brasília você vai ligar pro Rafael e vocês vão se entender! Está claro?". Lógico que estava claro, aliás estava insuportável não ter sua companhia, eu sentia muito sua falta... Então respirei fundo e liguei... Lembro do telefone tocar uma, duas, três, quatro vezes e aí ouvi aquela voz... "Alô..." meu coração batia muito forte, não encontrei palavras para responde-lo... "Alôôô!" ele disse um pouco mais impaciente, respirei fundo de novo e respondi "Fael?" o outro lado ficou mudo por alguns instantes até eu ouvir outra respiração cortada do outro lado "Oi Rodrigo! tudo bem?" sorri ao constatar que ele ainda reconhecia minha voz... "Tá tudo sim e você?" perguntei já mais empolgado, juro que senti ele sorrir do outro lado "Tô bem Rô! Como foi lá em Santa Catarina?" sentei no sofá e relaxei totalmente, por uns minutos esquecemos de nossa briga, contei a ele como havia sido nossa viagem, como era linda a praia, como nos divertimos naqueles dias do réveillon ... "Nossa! Parece ser bom! Da pra próxima eu vou!" aquela frase me deu uma enorme esperança... Era como se tudo tivesse voltado a ser como era antes... "Eu sinto sua falta Rafael... Vamos parar com essa bobeira... Aquilo foi só um beijo cara! Não significou nada pra mim!" falei mas no fundo já me arrependendo do que disse "Então não significou nada pra você? Eu não significo nada pra você Rodrigo?" ele pergunta já bravo "Não Fael... Lógico que significa... Só não quero... Cara já passou! Eu não sou gay!" ouço ele bufar alto "E você tá me chamando de gay porra? Vai tomar no seu cú! A culpa disso tudo é tua Rodrigo! Você que começou com essas putarias de me olhar diferente... Me olhava como se fosse me comer! Tu é um gayzão! Baitola! Eu sou homem e não curto essas putarias! Me faz um favor Rodrigo esquece que eu existo!" e bateu o telefone na minha cara, me senti tão mas tão humilhado que prometi nunca mais procurar aquele filho da puta! Rafael era um homem morto pra mim! Baitola? Baitola era ele que me beijou! Não pedi pra ser beijado! Fiquei tão revoltado que peguei a chave do carro da minha mãe e guiei sem rumo, quando dei por mim estava as margens do Paranoá... Eu amava aquele lago! Ele me trazia paz, era o lugar mais mágico de Brasília pra mim! Sentei no capô e as palavras do meu primo vieram a tona em minha cabeça... Poxa a que ponto nossa briga havia chego? O respeito sempre foi algo primordial entre nós... Se ele havia acabado não tinha mais esperanças para nós dois! Eu consegui pela primeira vez não derrubar nenhuma lágrima sobre o que havia acontecido, eu estava desistindo do Rafael. Voltei para casa já era noite, encontrei minha família me esperando na sala "Onde você estava Rodrigo? Ficou louco?" meu pai vem até mim se certificar se eu estava bem, nisso aparece minha mãe gritando comigo... Eduardo e Diego apareceram também do nada... Me perguntando onde eu estava, porque não atendia o telefone. Fiquei assustado e me assustei mais ainda quando olhei para o relógio e mesmo marcava onze da noite... O castigo de não dirigir até os 18 anos foi pouco perto do que eu estava passando, a dor de ser rejeitado... Aquela noite meus irmãos dormiram comigo ficaram muito preocupados com meu sumiço, pelo menos aquela atitude me confortava, minha família me amava! Semanas depois meu aniversário chegou! Dezessete anos! Eu já não era mais apenas um moleque, eu já estava virando homem! Rafael não apareceu mas não deixei me abalar. A festa foi perfeita, Diego e Eduardo me animaram de tal forma que eu não entendia tal felicidade. Era apenas mais um ano de vida! Não era? Estaríamos juntos por muito mais tempo eramos novos... Ficamos até de madrugada rindo, conversando, o nome do Rafael não foi tocado naquele dia e eu fiquei grato por isso, em certos momentos até esqueci daquele par de olhos verdes. A unica coisa que eu não imaginava é que aquele era meu ultimo aniversário ao lado dos meus irmãos, eu pensava que Rafael me deixar era talvez a pior dor do mundo mas não! Dois meses depois daquele dia feliz, uma ligação, uma única ligação foi capaz de tirar meu chão... meu ar... minha vida... "Sim aqui é a casa do Eduardo... Sou irmão dele... Sim do Diego também..." falei um pouco sonolento "Meus pais? Estão... Moço cadê meus irmãos?" falei ao cair na real de que os meninos ainda não haviam chego em casa... E a partir daquele instante meu mundo ruiu... "Seus irmãos sofreram um acidente Rodrigo!".

Dois Príncipes e uma História.Onde histórias criam vida. Descubra agora