Desistindo por Amor

Capítulo 43

Acabo de fazer a última prova do meu vestido, pois hoje é o dia da minha morte, ou casamento, se assim preferirem. Meus pais passaram todas as boates para meu nome para que eu as transfira, eles sabem que tudo isso que está acontecendo a Luan é culpa da nossa família, mas, assim como Rodrigo, Luan e a família dele, abominam a idéia de eu me sacrificar, casando com o Felipe, para salvar o Luan.
Eu sei que todos querem pensar positivo, se enganar achando que a outra solução, mas se eu não aparecer lá hoje, eu sei que Ketelyn vai matar o Luan da maneira mais torturante possível, e, certamente, vai querer me mostrar como foi.

- Não precisa ser assim. -Disse Bruna entrando em meu quarto, onde eu aguardava minha equipe de produção.

- Bru... -Tento fazer ela parar, mas ela continua.

- Podemos colocar a polícia no meio disso tudo, eles vão saber o que fazer. Eles sempre sabem. -Bruna disse tentando convencer a si mesma.

- Bruneca, eu também queria acreditar que eles podem resolver tudo isso, mas da última vez, o resultado foi a perda de minha filha. E isso não tem volta! -Digo colocando as mãos no rosto para evitar as lágrimas.

- Amiga... -Bruna coloca uma mão em meu ombro se arrependendo por me fazer lembrar do assunto.

- Eu não posso perder mais ninguém que eu amo, cunha. Não posso. -Digo chorando enquanto a abraço.

- Por favor, não desista de lutar. Tenha coragem para lutar pelo o que você quer. -Ouço a voz de Rodrigo e o vejo parado na porta de cabeça baixa.

- "Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer." -Cito uma frase do Bob Marley e ele me olha com os olhos marejados.

- Com licença, qual das duas é a noiva que devemos arrumar? -Pergunta uma ruiva entrando no meu quarto seguida por uma loira.

- Sou eu. -Murmuro.

- Tudo bem, e eu espero mesmo que você não seja o noivo, ou vou ter que tira- lo daqui. -Disse a loira olhando para Rodrigo.

- Sou irmão dela. -Respondeu Rodrigo revirando os olhos e vindo até mim me abraçando.

- Desculpa, Digo. Mas eu não aguento mais isso. -Confesso com o rosto entre o pescoço e o ombro dele.

- "Um guerreiro não desiste do que ama. Ele tem amor no que faz." -Rodrigo cita uma frase de Poder além da vida em meu ouvido. - O que você faz de melhor é lutar pelo o que quer, não esqueça disso.

- Às vezes um guerreiro precisa mudar de estratégia, talvez até se sacrificando, para que o resto do exército alcance a vitória. -Disparo quando Rodrigo e Bruna já estavam na porta do quarto e eles saem do mesmo abraçados.

As duas loucas que entraram no quarto me maquiaram de uma forma que eu nunca me maquiaria, elas usaram uma sombra branca brilhante em meus olhos, colocaram cílios postiços em mim e para finalizar a maquigem, passaram um batom marrom em meus lábios. Depois de a maquiagem estar pronta, elas prenderam meu cabelo em um coque formal, me ajudaram a por o vestido, que foi da mãe de Felipe, prenderam o véu em meu coque e me fizeram calçar um par de saltos brancos.

Nada na maquigem, no cabelo ou no vestido tinha haver comigo, era como se eu fosse uma boneca. Meus donos mandavam e eu obedecia sem protestar.

- Você está tão bonita. -Elogiou a ruiva sorrindo.

- Bonita? Assumamos, ela está perfeita. -Diz a loira pegando em minhas mãos. - Seu marido vai morrer do coração quando te ver assim.

- Eu não teria tanta sorte. -Murmuro desviando o olhar e as duas loucas riram como duas hienas achando que era brincadeira.