Capítulo 35 - Rodrigo

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Acordo na cama dela, eu me deitei aqui noite passada, e após chorar por um bom tempo, acabei dormindo. Doía não ver mais minha irmãzinha, minha pequena, em casa, mas depois de uma semana, eu precisava ir lá.
Vou para o banheiro do meu quarto, tomo um banho demorado, coloco meu melhor terno, arrumo meu cabelo, passo o perfume que ela sempre amou, calço meus sapatos sociais e desço tentando ajeitar minha gravata.

- Deixa que eu ajeito. -Disse Ângela ajeitando minha gravata.

- Obrigada, mãe. A Kate que fazia isso. -Murmuro desviando o olhar. - Estou indo, não sei o quanto vou demorar.

Desço até a garagem, pego meu carro, coloco o buque de rosas vermelhas no banco do carona e dirjo lentamente até o cemitério tentando me manter firme.

Por que isso tinha que acontecer com a minha irmãzinha?

Estaciono no cemitério, e caminho por entre os túmulos até achar um único túmulo em baixo de uma árvore, rodeado de flores de todo o tipo. Quando olho mais precisamente, vejo um homem de costas, com certeza era ele, mas seu cabelo negro não estava impecável como sempre, estava completamente bagunçado, provavelmente porque é difícil se preocupar com algo tão fútil, e tão super- estimado como a aparência quando o amor da sua vida morre.

Finja estar bem na frente dele! -Meu subconsciente me repreende.

- Quanto tempo tem passado aqui? -Pergunto colocando uma das minhas mãos no ombro dele, mas ele não me responde. - É difícil perder alguém tão importante, mas você tem, ou melhor, precisa voltar a viver.

- Você não pode imaginar o que eu estou sentindo, Rodrigo. Ela era única, minha única filha! E agora está morta por minha causa! Minha Anny se foi! -Disse Matt Tripp chorando no túmulo da filha dele. - Você não seria tão forte se fosse alguém da sua família.

- Provavelmente você tem razão... Meu pai pediu para que eu lhe entregasse o dinheiro que pediu, e disse para não se preocupar em pagar, que se é para ajudar a pegar os assassinos da sua filha, ele ajuda de bom grado. -Digo entregando uma maleta de dinheiro à ele.

- Agradeça à ele por mim, e obrigado por vir. Sei que não é muito chegado à mim. -Diz Matt me olhando e eu sorrio de canto. - Esquecendo os negócios, como está sua irmã?

- Ainda desacordada. -Digo baixando o olhar.

- Ela vai sair dessa, não importa se vai demorar, eu sei o quão ela é forte. -Matt disse saindo de perto de mim e eu praticamente vôo para dentro do carro seguindo à caminho do hospital.

- Boa tarde, gostaria de ver Kate Carter Dixon. -Digo sorriso de canto para a recepcionista.

- Boa tarde, nome por favor e identidade. -Respondeu me olhando enquanto mordia a tampa da caneta, o que me faz revirar os olhos.

- Rodrigo Marrim Dixon. -Digo entregando minha identidade à ela.

- Aqui está seu crachá de visitante. -Disse a recepcionista mordendo o lábio inferior.

- Rodrigo? -Ouço uma voz conhecida e giro nos calcanhares encarando o Luan. - Por favor, peça para seu pai liberar minha entrada.

- Desculpa, Luan. Mas eu não posso. -Digo colocando o crachá. - A minha irmã tinha pedido para não te ver antes de tudo isso acontecer, ele só quer respeitar o desejo dela.

- Rodrigo, eu só quero saber como ela está. -Diz Luan de cabeça baixa e eu toco o ombro dele. - Eu não fiz isso, cara. Eu não a traí.

- Eu acredito em você, mas você não sabe o quão minha irmã pode ser cabeça dura? Ela puxou meu pai, é difícil confiar, mas é fácil desconfiar. -Explico mesmo sabendo que eu também puxei um pouco disso.

Desistindo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora