Capítulo 2

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São oito horas da noite e eu ainda estou me arrumando para o meu compromisso. Rodrigo deve estar prestes a subir para me puxar pelos cabelos.
Entro no meu closet, visto minha roupa que já estava separada, uma blusa de manga até o pulso curtinha branca, uma saia preta com listras finas horizontais brancas e calço meu salto agulha preto com brilho. Começo a me maquiar, marco bastante os olhos, me dá um olhar misterioso que eu amo, uso um lápis, uma sombra preta e alongo os cílios com rímel, para terminar, passo meu batom vermelho e desço ao encontro de Rodrigo.

- Até que enfim, já estava indo embora. -Diz Rodrigo levantando do sofá, com uma calça jeans e uma blusa preta que faz seus olhos azuis chamarem mais atenção, e com sua típica cara fechada de quando está esperando por muito tempo.

- Desculpa, amor. -Me aproximo e beijo seu rosto.

- Quem olha assim, não pensa que vocês são irmãos. -Minha mãe aparece na sala com a maleta de primeiros socorros em mãos.

- O que houve? -Pergunto.

- Nada, o pai que está com uma gripe. -Riu reprovando o desespero da minha mãe.

- Tenho que cuidar do meu marido, menino. -Ela responde.

- Mas também não precisa disso tudo mãe. - Digo também achando um exagero.

- Quando você se casar também vai cuidar do seu marido assim, querida.

- Eu? Casar? Só se for com o trabalho, mãe. -Acabei gargalhando.

- Bom mesmo, não divido minha irmãzinha com ninguém.

- Diz isso agora, querida. Rodrigo, meu filho, de uma boa olhada na sua irmã, um dia alguém vai fisgar essa mulher. E você não vai poder fazer nada. -Riu e subiu as escadas para ir até o quarto dela e do meu pai.

- Não é? Ela esquece que tenho uma arma. -Nós dois rimos, fomos até o Porsche Cayman dele e seguimos em direção a uma balada para cobrarmos uma dívida do dono com nosso pai.

- A mãe não para com esse costume de nos chamar de menino e menina, não é? -Digo enquanto entrávamos no carro.

- Ela pensa, ou pelo menos gosta de pensar, que ainda somos as crianças dela, Kate. -Ele explica e começa a dirigir.

- Às vezes, eu acho que ela não queria que tivéssemos essa vida.

- Como assim, Kate? -Ele me olha com uma sobrancelha arqueada e volta a atenção ao trânsito.

- Acho que ela não queria que nós entrássemos nos assuntos da boate, mas com o tempo teve que aceitar. -Explico e dou ombros.

- Isso é verdade, mas ela não teve que simplesmente aceitar. Ela aceitou pois não gosta de nos ver longe, trabalhando na boate estamos quase sempre ao lado dela. -Ele explica.

- Mas não adiantou muito, porque temos que disfarçar que nosso dinheiro vem só de lá, então eu estou toda manhã e tarde na Central, e você vive viajando como modelo.

- Ela não contava com isso. -Ele diz, pisca para mim e volta a dirigir.

...

- Eu já disse que só vou tratar desse assunto com o Edgar. -Disse Matt Tripp dono de uma balada famosa em São Paulo, mas com uma dívida pendente com nossa família.

- E eu já disse que ele passou a gerencia da boate de São Paulo para a Kate, então você vai tratar com ela. -Rodrigo estava começando a perder a paciência, e isso nunca acabava bem.

- Calma Ro. -Coloco a mão no ombro dele para tranquiliza- lo e ele me olha suavizando o olhar. - Olha, se eu sair daqui sem o dinheiro, quando eu voltar, você quem vai estar sem alguma coisa, ou melhor, sem alguém.

Desistindo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora