Sigo cada movimento que ele faz, ao se levantar passa uma mão pelos cabelos e não desgruda seu olhar do meu. Ele coloca uma mão no bolso e segue pelo corredor. As pessoas do recinto cochicham entre si, mas as ignoro. Não consigo pensar em nada no momento, me concentro nos olhos azuis como o céu vindo na minha direção.
Minhas mãos, que se mexiam descontroladamente à frente do corpo estão paradas, o desespero deve ser evidente em minha face, meus lábios entreabertos são o que me permitem respirar. É impossível não perceber a presença dele aqui.
Ele sobe os degraus e vem até mim, parando na minha frente e me encarando. Me sinto intimidada por seu olhar e acabo abaixando a cabeça, e eu nunca me senti desse jeito, pois desde criança tento ser o mais forte que consigo. Mas então sinto ele pegar uma mão minha e a levantar, e com a outra faz o mesmo gesto com meu queixo.
- sou king, Philip King.- diz beijando minha mão. - é um prazer conhecer-la senhorita Queen. Irônico não?- diz e dá um sorriso. Meus lábios secos não seguem o comando do meu cérebro para se fecharem, nem o resto do meu corpo. Assim que faz a mesura, se posiciona ao meu lado me segurando pelo tronco. Por isso ruby esta brava, ele é o Philip.
O lugar onde seus lábios estavam a poucos segundos queima por um tempo, de um geito bom. Na vila o máximo que uma menina pode chegar de proximidade de um menino é um aperto de mão, e as únicas pessoas que já beijei ou me beijaram foram meus pais, mas esses não contam. A cerimônia continua e ouço o m.c dizer que esse foi um dois maiores preços já pagos até hoje, o que me surpreende.
Depois de ele falar e falar, acaba pedindo para cada par se retirar do palco pois teremos uma pequena comemoração, e os homens que sobraram vão embora. Ele também diz para os homens levarem o pagamento em cheque ou dinheiro para um lugar que tem no fim do corredor enquanto estiverem saindo. Assim que sai, os casais começam a descer do palco e nós ficamos na fila por último. Percebo que ruby está à nossa frente e quando estamos descendo a escada ela para e me faz tropeçar.
- ai!- exclamo, acabei caindo de bunda no chão.
- olha por onde anda.- ela diz e continua seu caminho, com o braço enganchado num homem ruivo.
- você está bem?- pergunta Philip me ajudando a levantar. Que vaca, não fui com a cara dela de primeira.
- claro, acho que tropecei.- digo, melhor não causar um escândalo falando que ela me fez cair de propósito.
- eu vi o que ela fez, e não foi nada legal.- diz enlaçando nosso braços e arrumando uma mexa do meu cabelo.
Ainda não raciocinei direito o que aconteceu. Eu fui vendida, para um homem que pelo jeito é muito rico, muito maravilhoso e que deu o maior lance até hoje, por mim. Ele poderia ter comprado qualquer outra, ou simplesmente ter desistido de mim. Mas não o fez. Talvez isso não seja tão ruim assim.
- vamos?- pergunta. Agradeço e nós seguimos a multidão. - fiquei feliz com minha escolha.- diz me olhando, mas sem parar o passo.
Sinto meu rosto corar e abaixo a cabeça, tentando ser o mais educada possível. É também pois simplesmente não tenho o que dizer. Tento falar mas como eu já disse, minha boca não obedece meu cérebro. Não posso reclamar por ter sido vendida. Posso ter uma vida boa, e isso ocorre desde sempre.
Nós paramos na mulher que o m.c apontou e ele lhe entrega o cheque, ela agradece com um imenso sorriso no rosto e nós vamos para o lado de fora. Vejo alguns homens solitários saindo a pé, outros de carro, mas os que estão em casal estão indo para um lugar mais à frente. Vejo algumas luzes. Philip e eu não falamos nada por todo o trajeto. Quando estamos perto o bastante, vejo que tem varias mesas com 4 cadeiras espalhadas em uma certa área com toalhas brancas, no meio disso tudo vejo um forma retangular no chão cheia de água, o que me faz achar que é uma fonte, pois a pequenas protuberâncias nas pontas por onde sai mais água. Mais à frente a uma grande tenda,dentro dela a poucas mesas de 2 cadeiras.
- nosso lugar já está reservado.- diz apontando para a tenda.- aqui é mais um lugar para nós nos... Conhecermos. - assim que termina, eu aceno com a cabeça, e nós vamos em direção ao local. Ele puxa minha cadeira e quando me sento ele a fecha, agradeço e ele se senta na da frente. O sol que está quase se pondo dá uma linda visão no céu, com várias cores diferentes.
Em toda minha vida nunca tive tanto luxo com estou tendo agora. Sempre foi tudo simples, bege, branco, preto e marrom. A única cor extra que tinha eram a das comidas e algumas roupas para ocasiões especiais. Não sei se em outras vilas eram assim, mas na minha eu cresci assim, então tudo isso é muito novo para mim.
- bom, eu já sei seu nome e você já sabe o meu, então eu vou te explicar as coisas ok.- diz me olhando nos olhos.- eu não quero te forçar a fazer nada, a escolha é sua, viva sua vida, mas saiba que você é minha, e somente minha, então você só tem o direito de viver para si mesma e para mim. Não fale com nenhum outro homem sem eu deixar. Não faça nada com outro homem sem eu deixar. Só isso o resto tudo você pode. - faz uma pausa para me deixar processar.- Sou um homem controlador, obsessivo e bastante ciumento com o que é meu, mas estou te dando liberdade para viver sua própria vida. Eu sou responsável por você, então não me esconda nada, nenhum segredo, nenhuma mentira, nada. Se alguma coisa acontecer venha diretamente a mim, e somente a mim. Te darei tudo o que precisar, é só pedir. Claro no dia a dia eu te pedirei coisas e você terá que obedecer. Combinado?
Olho para ele perplexa. Realmente eu pensei que seria dele e não poderia fazer nada para mim. É legal da parte dele me dar certa liberdade, e para falar a verdade, eu gosto do tipo ciumento. Pode dar certo. Eu não teria outra escolha de qualquer forma.
- claro.- respondo quase sem voz.
- ótimo.- responde e chama o garçom- eu vou querer um vinho branco somente é para a senhorita...- diz apontando para mim.
- uma água por favor.- respondo, ele sorri um pouco e o garçom sai. Não sou acostumada a ter coisas caras nem muita comida, e pelo jeito terei que aprender um pouco.
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my Precious
RomantikObservação da escritora: A estória se passa num mundo onde mulheres são tratadas como objetos pelos homens, são leiloadas e vivem obedecendo seus maridos e donos. As mulheres quase não tem voz nessa sociedade machista porém algumas alcanção seu luga...