relembrando

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Eduardo me leva até o carro sem falar nada. Ele pega a chave da minha mão e dirige de volta a minha casa. Não falamos nada é o silêncio é tenso. Meus pensamentos viagam para um passado que me faz muito sofrer.

Três anos antes

Tudo em mim está latejando, meu corpo inteiro está doendo, tento a todo custo abrir os olhos mas eles estão pregados e teimam em não abrir. Tento me lembrar o que aconteceu em minha mente sonolenta mas não consigo. De novo faço força para abrir os olhos , de pouco a pouco começo a enchergar o lugar a minha volta. Tudo é muito branco, a onde eu estou?? Minha mãe segura minha mão com os olhos cheios de lágrimas me fazendo olhar para ela. Porque ela está chorando? De repente imagens aparecem em minha cabeça : Daniel me perseguindo, um carro batendo em mim. Olho para minha barriga que não existe mais. Ela ta muito pequena. Cadê minha filha? Chorando como um bebê, Olho pra minha mãe e pergunto:
-mãe, Cadê minha filha??
Ela me olha e chora mais ainda. Não, Não, Não, isso não pode esta acontecendo comigo.
-eu sinto muito Letícia, é um milagre você esta viva.
Ela diz chorando. Minha filha morreu é isso. Minha princesinha morreu. Não pode ser, pode? O que eu fiz de errado?
-não, não.
Eu grito o mais alto que eu consigo. Minha mãe levanta e tenta me acalmar, mas só uma coisa poderia me acalmar agora é ela não está aqui.
-se acalma minha filha .
Minha mãe diz desesperada. Um médico entra correndo, com uma agulha , provavelme um calmante. Mas eles não vão me aplicar isso.
-eu quero minha filha. Cadê ela? Eu quero ela.
Grito, enquanto arranco a agulha com soro que está no meu braço. Três médicos e uma enfermeira são necessários para me segurar. O médico me segura e enfia a agulha no meu braço.
-não me solta, eu quero ela. Deus, Deus .
Grito sentindo tudo ficar escuro novamente.
-Kelly..
É a última coisa que lembro quando me perco na escuridão.

Não sei quanto tempo eu dormi, mas novamente acordo atordoada,mas dessa vez não tem ninguém no quarto. Minha filha ta morta, eu não posso acreditar nisso. Meu coração já não existe mais, eu não posso viver com essa dor. Eu não posso. Levanto devagar da minha cama, vou em direção ao que penso ser um banheiro, estou meio tonta ainda por causa da medicação. Mesmo com uma das minhas pernas quebradas é com um gesso enorme consigo chegar no banheiro algum tempo depois. Me vejo no espelho que tem no banheiro. Estou toda cortada e machucada mas nada disso emporta agora. Com a força que tenho dou um murro no vidro , ele quebra é minha mão sangra muito , mas essa dor não é comparada com a dor do meu coração. Eu não posso viver sem ela. Me jogo no chão em sima dos cacos de vidro, pego um pedaço que está ao meu lado é passo no meu pulso, abrindo um enorme corte que escorre sangue, muito sangue. Feliz que finalmente vou encontrar ela me deito no chão do banheiro que agora esta vermelho do meu sangue. Escuto um grito horrível, mas não tenho forças para levantar.
-lê, não faz isso comigo. Um médico, um médico por favor. Socorro.
Maycon grita desesperado, ele corre a me pega no colo pouco se exportando com suas roupas, me leva de volta pro quarto e me coloca novamente na cama.
-porque fez isso??
Ele pergunta me olhando.
-porque não posso viver sem ela . Me perdoa?
Falo com lágrimas escorrendo.
- nós não podemos viver sem você. Viva minha irmã, por mim,por nossa mãe, por sua família, nós precisamos de você, eu te imploro.
Ele diz agoniado. Tento sorrir o mais sincero possível mas Sinto tudo ficando escuro, ainda me lembro do grito da minha irmã, Raquel.
-haaaa. Letícia. Meus deus...o que houve?
Eu vivi, estou viva, mas somente por eles. Porque meu coração é Minha alma já se foram com ela a muito tempo.

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