Ato II - Lágrimas

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desejo à vocês uma boa leitura.


- Quem você veio ver? - Questionou Ciel abraçando a si mesmo enquanto se aproximava do namorado. Sebastian engoliu a seco e saiu da frente da lápide, permitindo ao menor ler as poucas letras ainda visíveis do tumulo pobre.

T______ M_ch_elis

1_71 - 1996

Bom homem, querido marido

Eternas saudades

Os olhos bicolores procuraram os do outro. Uma pequena lágrima se equilibrava no canto dos olhos rubros e uma expressão triste dominava o semblante belo.

- T. Michaelis... seu... pai... - murmurou pausadamente enquanto continuava a olhá-lo. Sebastian suspirou e sorriu fracamente ao ver seu amado erguendo a pequena mão para secar-lhe a lágrima que agora escorria pela face.

- Thomas. Seu nome era Thomas. - disse colocando sua mão sobre a de Ciel e trazendo-a para baixo suavemente. - Eu não o conheci, mas desde que posso me lembrar... esse lugar... estar com ele... era a única coisa que me acalmava - contou, olhando suavemente para o lugar, bem entre as grossas raízes do salgueiro, onde passara a maior parte da sua infância. O menor maneou a cabeça, acompanhando o outro em sua fala. - até eu te conhecer. - finalizou com um sorriso de canto, visivelmente feliz em dizer aquelas palavras.

- como assim? - questionou Ciel, um tanto quanto confuso, apesar de confortado. Essa sensação já lhe era comum, seu coração estava amuado por causa da morte do pai e de tantas outras coisas que não tão importantes, mas todas as vezes que via ou apenas pensava em Sebastian e em suas palavras de ditas no hospital, o sentia aquecer e estar, de certa forma, feliz.

- Quando eu te conheci, três anos atrás, você precisava de ajuda. Eu fiquei aflito, preocupado e esqueci-me de tudo o que tinha acontecido naquele dia para conseguir te ajudar. - relatou com os olhos embaçados pelas lembranças daquele dia. - Mas a única coisa que me deu paz, Madame Red sabe bem disso, foi te rever. - admitiu, voltando ao momento atual, podendo ver Ciel enrubescer até as orelhas. O menor sorriu pequeno e, mesmo irritado por ter corado, o abraçou.

Sebastian sentiu seu coração descompassar e o súbito desejo de afastar Ciel, porém se manteve fiel à promessa feita a si mesmo e a feita ao menor. "Por ele" pensou enquanto, aos poucos, contornou o pequeno com seus braços. "Ele estará muito sensível nestas primeiras semanas, creio que o senhor deva ser compreensivo caso Ciel aparente estar muito carente ou "pegajoso"" lembrou-se das palavras do psiquiatra de Ciel, ditas após ele adormecer de cansaço contra seu peito. "Farei tudo o que eu puder para ajudar Ciel, Doutor Craver*" Foi sua resposta. Sebastian tentou acalmar-se, fazer com que o heterocromático não notasse a repentina mudança em seus batimentos, mas ele não foi rápido o suficiente.

- Desculpa - pediu Ciel, prontamente tratando de tentar se afastar, sendo impedido pelos braços relativamente fortes que o pararam puxando-o com força para mais perto de si.

- Amo-te Ciel, não se esqueça disso. - falou afundando seu rosto no ombro pequeno. O de cabelos azulados arregalou os orbes bicolores ao ouvir as palavras do maior, mas em seguida sorriu pequeno, retribuindo o carinho do outro.

- Eu também te amo, Michaelis.

***

Um mês depois

***

Tudo parecia ter se organizado. Sebastian demonstrava certa melhora com o seu pequeno problema, permitindo-se a cuidar de Ciel da forma como ele sempre desejara. O de olhos bicolores continuava com seu jeito estranho, mas parecia menos psicótico, e até mesmo um pouco feliz. Ronald tornara-se mais próximo ao casal e andava sempre acompanhado de Tristan, que aparentava um tanto quanto possessivo desde o ocorrido com o professor Faustus. William e Grell pareciam duas crianças novamente, com o retorno da memória do ruivo, sua amizade não mudara em uma vírgula do que quando eram pequenos. Tão próximos e tão queridos um com o outro, que poderiam facilmente despertar certa desconfiança nos demais.

Rubro como sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora