1st act - Charles e... Charles?!

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notas: boa leitura.


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- É realmente uma coincidência, porque... eu também vim de lá... - murmurou William, ainda claramente impressionado com a revelação do amigo.

Grell arregalou os olhos, surpreso, e deixou sua caixinha de suco cair sobre a mesa, espirrando o liquido alaranjado em todas as direções. Ciel deu um pequeno salto para o lado, esquivando-se dos respingos da melhor forma que pode, e tocou o peito do namorado acidentalmente, fazendo o outro afastar-se por impulso do toque repentino, levantando-se do banco em uma velocidade assombrosa.

Cenas como aquela não eram incomuns, mas não deixavam de ser estranhas, tanto para Ciel quanto para as outras pessoas que acabavam por assistir a aquele tipo de acontecimento.

Sebastian, assim que notou sua ação, voltou para o banco e sentou-se novamente ao lado do menor, murmurando um pedido de desculpas sem olhar diretamente nos olhos heterocromáticos, que estavam visivelmente abalados.

Grell levou ambas as mãos ao rosto, que estava vermelho de vergonha, enquanto murmurava pedidos de desculpas de maneira descontrolada. William, que antes olhava para seu amigo moreno, girou os olhos até o menor ruivo, aproximando-se dele e tocando-lhe os ombros de forma suave. O toque do moreno fez Grell parar falar e seus olhos esmeraldinos se arregalarem mais ainda. William contornou o corpo do ruivo com seu braço esquerdo e sussurrou baixo em seu ouvido.

- Acalme-se baixinho, não se preocupe com eles, vai ficar tudo bem - pediu com o tom calmo, no intuito de tranquilizar o menor. Grell fechou os olhos, apertando-os com força, e engoliu em seco, afastando-se do moreno com a face completamente ruborizada.

O ruivo novamente cobriu o rosto com as mãos tentando ocultar o próprio rosto da visão dos outros rapazes "Raios, e-eu não poderia escolher hora pior para isso" dizia a si mesmo, irritado consigo mesmo. William sorriu, porém um bom observador poderia notar que seu olhar demonstrou certa preocupação ao encontrar-se com o do seu melhor amigo. O moreno de olhos sangue tinha uma expressão triste e distante, mas suas grandes mãos se agarravam firmemente as pequenas e delicadas do menor ao seu lado.

- Desculpem-me pelo atraso, não achei que a conversa com o sensei demoraria tan... - disse Ronald se aproximando da mesa com um cigarro entre os lábios, logo interrompendo sua própria fala e pensamento ao perceber o clima tenso quase palpável que estava presente no ar. - O que eu perdi? - questionou parando em pé a frente de uma cadeira em uma das extremidades da mesa, olhando para onde Grell e William estavam sentados, deixando sua bandeja repousar sobre a superfície fria. O ruivo se sobressaltou e, temeroso, procurou os olhos do moreno ao seu lado como se lhe pedisse para manter a calma.

- Isso não lhe interessa Knox e, a propósito, quem foi que te convidou para se juntar a nós? - perguntou William, lançando um olhar que era ao mesmo tempo questionador e avaliativo. O aloirado deu um sorriso amarelado para o moreno de olhos verdes e puxou a cadeira da cabeceira da mesa, deixando seu corpo cair sobre ela de qualquer jeito.

- Ah como é bom revê-los Ciel Phantomhive e Sebastian Michaelis... - disse Ronald, ignorando a fala de William e girando seu corpo para o lado onde os dois garotos a quem se referiu estavam. Porém a única resposta que obteve foi um aceno breve e restrito da parte de Ciel. O moreno mais alto nada fez, pois estava tão absorto em pensamentos que não notou quando o outro se aproximou da mesa ou mesmo quando os cumprimentou.

Ronald soltou um suspiro e logo já deduziu que o melhor a fazer seria ficar quieto e não mais perguntar sobre aquilo. O clima novamente havia se tornado desconfortável, uma camada densa de sentimentos que eram no mínimo opostos e conflitantes, o ambiente tinha um ar de angustia quase palpável. Grell amaldiçoava-se por sua ação e, com o rosto entre as mãos, ele soluçou baixinho, tentando não chamar atenção para si, enquanto derramava algumas lágrimas sentidas que forçavam a saída pelos cantos de seus olhos. O moreno ao seu lado fitava o amigo sentado do lado oposto a si, mas ao ouvir um dos soluços do menor ao seu lado, ele permitiu seu olhar cair sobre o ruivo. Sua vontade era de abraça-lo e confortá-lo, mas tudo que ele conseguiu fazer foi fechar o próprio punho para se controlar e não fazer nada do que desejava, "seria muito estranho e repentino que alguém que o acabara de conhecer agisse de tal forma, não seria?" indagava ele a si mesmo arrumando os óculos na face para conter o impulso. A questão, porém, teria que ser deixada para depois, pois naquele mesmo momento dois rapazes albinos, trajando vestes formais brancas, entraram pela porta do refeitório chamando a atenção de todos os estudantes ali presentes.

Rubro como sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora