Epílogo

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SEIS MESES DEPOIS


Alex

Eu não sabia que era possível caber tanto amor em mim. Depois que eu conheci Julia eu aprendi o que era amar de verdade. Ela me mostrou que mesmo uma pessoa tendo receios, pode sim amar de novo. Julia me salvou e eu serei eternamente grato a ela. Quando Elizabeth nasceu eu senti como se meu coração tivesse multiplicado o seu tamanho para recebê-la. Eu achei que sabia amar, mas essa pequena menininha de apenas seis meses me ensinou e continua me ensinando o que é o amor real. O amor verdadeiro. O amor no seu estado cru.

Meu mundo agora gira em torno dela. Se ela quer alguma coisa, basta emitir um pequeno chorinho e eu estou lá pra ela. Julia tinha razão, ela é a garotinha do papai e sempre será assim. Lembro com carinho de quando eu e Julia conversávamos com ela ainda em sua barriga e em como ela se agita com a minha voz, e do mesmo jeito ela se acalmava. Essa pequena me tem na palma de sua pequena mão, e eu me orgulho disso. Sou um pai coruja, babão. Chamem-me do que quiser, eu não ligo. Eu serei pra essa garota o pai que eu não tive. E eu irei me desculpar por tê-la negado no inicio até o meu ultimo suspiro.

Entro em seu quarto e Elizabeth está brincando com o seu móbile dos ursinhos. Ela está chutando e conforme se balança, o brinquedo rosa e começa a cantar. Ela rir, e seu risinho é contagiante e mais uma vez meu peito se enche de amor por essa criança. Minha filha. Quem poderia imaginar que eu, um cara que não tinha expectativa de vida hoje seria pai. Eu criei esse ser perfeito.

"Oi meu amor" eu digo indo em direção ao seu berço. Ela solta gritinho e começa a dar chutinhos no ar com suas perninhas gordas. "Cadê a minha princesinha?" Ela emite uns sons engraçados, como se dissesse "Ei bobão, eu estou aqui. Me tire desse berço agora."

Ela está vestindo um macacão com o rostinho de um urso, e conforme ela se mexe o olho gira. Já que o calor da Califórnia é infernal, eu optei por deixá-la mais a vontade. Estamos na casa dos pais de Julia, eles quiseram passar mais tempo com a neta depois do que aconteceu. Um arrepio sobe pela minha espinha quando me lembro do nascimento de Elizabeth.

O monitor começa a apitar desenfreadamente, vejo Nath chorando e Josh saindo com ela da sala e quando olho pro lado Julia está desacordada.

"Pressão caindo. Prepare a sala de cirurgia agora." Dra Nora grita pro enfermeiro que voltou e eu fico sem entender nada. Estava tudo bem até agora. O que aconteceu?

"O que está acontecendo?" Eu grito tentando obter alguma resposta, mas sou ignorado. Vejo mais pessoas entrando na sala, uma maca é colocada ao lado da cama de Julia e quando eles levantam o corpo dela vejo sua camisola banhada de sangue.

Não, isso não pode estar acontecendo. Não, por favor não.

"Dra Nora, o que está acontecendo?" eu pergunto indo em sua direção e vejo o corpo de Julia sendo levado. Ela para e me olha, e vejo compaixão em seu olhar.

"Alex, o útero de Julia não contraiu e ela perdeu uma quantidade significativa de sangue. Eu farei de tudo pra ajudá-la." Ela diz e aperta o meu ombro carinhosamente. "Eu prometo que trarei a sua mulher de volta pra você. Preciso ir." E dito isso ela sai do quarto me deixando lá totalmente sozinho. Desolado e sem saber o que fazer. E se alguma coisa acontecer com Julia, eu não serei nada. Eu não sei viver sem ela. Agora temos uma filha, eu preciso dela comigo.

Por favor, eu quero a minha mulher. Por favor, não deixe que nada de ruim aconteça com ela.

Saio dos meus devaneios quando ouço gritinhos tentando chamar minha atenção. Olho pro berço e Elizabeth está balançando os braços e pernas, um gesto claro de: ME PEGUE NO COLO. Sim querida, seu pedido é uma ordem.

DE REPENTE VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora