Problemas no paraíso - parte 2

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BOA LEITURA! 



Alex

Aqui estou eu, em plena madrugada, dormindo desconfortavelmente no sofá, porque esqueci o maldito celular na porra do carro e agora eu sou o culpado. Me processe sociedade! Olho pro relógio e ainda marca três e meia de manhã. Ajeito-me no sofá, meu corpo começa a doer e eu tento sem sucesso dormir. Primeiro: porque é a primeira vez que durmo sem Julia. Segundo: é a primeira vez que eu durmo no sofá. Nunca pensei que viveria esse momento, o fatídico momento em que sua mulher te expulsa do quarto, o momento em que sua mulher prefere dormir com o cachorro do que com você.

Maldito idiota você é Alex!

Saio dos meus devaneios quando ouço barulhos na cozinha, as portas dos armários estão batendo e em seguida a da geladeira. Me levanto e caminho tranquilamente até a cozinha e fico sem entender a cena que vejo. Julia está sentada num dos banquinhos do balcão, com as mãos sobre os olhos e o corpo tremendo. Ela está chorando? Me aproximo dela e vejo que ela está vestindo minha blusa. Tão linda.

"O que foi querida? Tá sentindo alguma coisa?" eu pergunto e passo a mão pelas suas costas.

"Eu to com desejo" ela diz chorando ainda mais. "E não tem o que eu quero comer... eu... eu..." ela tenta falar, mas não consegue. Eu tenho vontade de rir, mas jamais faria isso agora. Esses hormônios estão a deixando louca, e rir nesse momento seria assinar atestado de idiota.

"O que você quer comer?" Eu peço e beijo seu cabelo.

Ela me olha e para de chorar, seus olhos estão brilhando. Ela sorrir e responde "Eu queria sorvete de creme, um pote de picles e pizza de cogumelos."

Eu só consigo olhá-la. Como é possível arranjar isso quase quatro horas da madrugada. E o pior de tudo, isso é nojento. Deus me ajude, mas ela não irá comer isso de uma vez. Ou irá?

"Você quer tudo isso pra comer agora?" eu pergunto tentando disfarçar minha cara de nojo.

"Sim. Ou você quer que sua filha nasça com cara de picles, sorvete e pizza?" ela pergunta e vejo seus olhos marejados.

"Não. Você ta certa. Eu irei buscar o que você me pediu querida." Eu forço um sorriso e me aproximo pra beijá-la, porém, ela vira o rosto. Bufo com sua reação. "É só isso que você quer?"

"Sim. E ai eu penso se irei te desculpar ou não." Ela sorrir e sai da cozinha.

Maldita. Porque as mulheres são assim? Não podem simplesmente esquecer as coisas? Eu to fodido mesmo. Eu juro que estou torcendo pra Elizabeth não ter o gênio forte de Julia, senão eu irei cortar um dobrado com ela.

Sigo em direção a escada e vou até o nosso quarto, mas vejo que a porta está fechada de novo. Como diabos eu irei à rua vestindo apenas uma calça de dormir?

"Julia, eu preciso pegar uma roupa." Eu falo do outro lado da porta e o que eu recebo de volta é apenas silêncio. Senhor, daí-me paciência. Volto pra sala, pego a chave do carro e sigo em direção a garagem sentindo um frio da porra por que a minha mulher está de birra, e com desejo. Pego o carro e vou em direção a loja de conveniência que fica aberta 24 horas, rezando pra ter tudo o que ela me pediu.

Julia

Acordei com um desejo louco de comer coisas que não tinha em casa. Eu achei que não chegaria à fase dos desejos, mas me enganei. Desci até a cozinha a procura de algo que poderia acabar com esse desejo, e nada, e graças ao bom Deus acho que Alex conseguiu ouvir minha bateção de portas do armário e foi ver o que estava acontecendo. Tenho que dizer que não estou conseguindo dormir, até coloquei uma blusa dele pra ver se resolvia, mas não, continuei sem conseguir pegar no sono. Não o tenho na cama pra me aconchegar em seu corpo, não o tenho na cama pra deixar seu braço protetoramente sobre minha barriga enquanto eu durmo. Odeio me sentir tão dependente dele assim.

DE REPENTE VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora