Seguindo em frente

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Música do capítulo:
Daniel Powter - Bad Day.

Julia

O final de semana passou se arrastando, parecia que estava de acordo com o meu humor. Meu sábado foi revesado entre ir ao banheiro vomitar e ver bobagens na tv. No domingo Nath me arrastou pra fora de casa e tivemos um dia de menina. Conversamos e eu contei a ela sobre a reação de Alex e ela tinha sido pior do que eu imaginei, contei também suas duras palavras e ela pediu que eu desse um tempo a ele. Eu apenas assenti e empurrei pensamentos sobre ele para um cantinho guardado a sete chaves em meu cérebro, resolveria isso depois. Enquanto comíamos em um restaurante Japonês eu tive uma ideia.

"Oh. Meu. Deus." Nathalie gritou quando me viu e bateu palminhas.

"O que achou?" Perguntei enquanto balançava os cabelos teatralmente.

Ela sorriu e disse "maravilhosa amiga."

Corei. Eu tinha resolvido mudar. Passei um bom tempo no salão de beleza. Cortei meus cabelos na altura dos ombros e os repiquei, e fiz um franja de lado, porém, o mais radical foi o loiro em que eu pintei meu cabelo, claro que com uma tinta especial, não quero nada que faça mal ao meu bebê. Realçou meus olhos verdes. Eu gostei. Já tinha pensado em fazer isso, mas sempre tive medo de como ficaria, então, essa confusão com Alex foi como um pequeno empurrão. Obrigada seu bastardo!

Depois de sairmos do shopping fomos direto pra casa de Nath e fizemos uma seção de filmes de menininhas e choramos como duas crianças. Enquanto eu via os casais felizes nos filmes eu chorava. Chorava pela minha vida ter ido pro ralo. Chorava por estar grávida e sozinha. Chorava por ter me apaixonado por um cretino sem coração. Eu simplesmente me acabei de chorar e Nath ficava apenas dizendo que tudo ficaria bem. Eu não queria ir pra casa, então eu e Nath dormimos juntas como não fazíamos há muito tempo.

Alex

A segunda feira amanheceu como meu humor. Negro, sombrio e frio. O dia estava chuvoso e frio. O final de semana passou e cada dia o meu humor piorava. Quando foi que tudo saiu do meu controle? Hoje era o dia que Julia voltaria pro trabalho, mas eu mandei ela sair da minha vida, então eu teria que encarar a cara de desinteressada de Judith. Hoje eu não estava afim de fazer nada, mas eu tinha um Império pra comandar, não seria uma mulher que faria eu perder um dia de trabalho.

"Bom dia Grace" cumprimentei a minha governanta.

"Bom dia Alex, você está horrível." Ela disse enquanto trazia meu café da manhã. Ela era como uma mãe pra mim. Um ano depois que minha mãe faleceu e eu voltei pra Nova York, eu contratei a Sra. Grace e desde então ela cuida de mim e do meu apartamento. Ela me tem como seu filho e eu a tenho como minha mãe.

"Obrigado. Aprecio sua sinceridade." Dou um sorriso irônico em sua direção e tomo um gole do meu café.

Ela ignora e diz "estou aqui pra isso, criança." E carinhosamente passa a mão pelos meus cabelos e segue pra dentro do apartamento. Sorrio ao ouvir o jeito que ela me chama, tão carinhosa. Não sei o que eu faria sem Grace e não pretendo descobrir.

Assim que coloco meus pés na entrada do prédio onde fica minha empresa a chuva cai com força total e isso piora ainda mais o meu humor. Sigo em direção aos elevadores e espero pacientemente por um, quando chega eu entro e aperto o número 25 e quando as portas estão se fechando uma maldita alma resolve pegar o mesmo elevador que eu. Bufo e lanço um olhar duro pra pessoa e ela diz que irá pegar o próximo. Não estou num dia bom, não pretendo ouvir baboseiras e nem forcar simpatia.

Chego a sede da empresa e cumprimento algumas pessoas apenas por educação e sigo em direção a saleta e quase gemo em frustação quando vejo Judith falando ao telefone. Eu tinha uma pontinha de esperança de ver Julia ali. Se você não tivesse sido um bastardo sem coração ela estaria ali. Meu subconsciente acusa e eu tenho que concordar. Paro em frente a mesa de Judith e espero pacientemente ela terminar sua ligação.

"Bom dia Sr. Ruppert" ela me sauda com um sorriso forçado.

"Bom dia" eu digo sem rodeios e continuo "não quero ser interrompido por ninguém. Nem pelo presidente dos Estados Unidos. Você me entende Judith?" Eu peço olhando friamente em seus olhos.

Ela me olha e vejo uma pontada de medo em seus olhos e responde "Perfeitamente Sr. Mas antes eu gostaria de dizer que a Srta. Carson veio mais cedo e pegou as suas coisas e foi diretamente ao RH e..." eu a interrompo antes que ela termine.

"Obrigado." Eu digo e sigo pra minha sala com o coração sangrando. Maldito!

Julia

Quando eu aceitei trabalhar na Ruppert's eu jamais pensei que sairia do jeito que sai. Eu sabia a hora que Alex chegava e por esse motivo fiz questão de ir até a empresa mais cedo e recolher algumas coisas que tinham ficado em minha mesa, me despedi de alguns amigos que fiz em pouco tempo de trabalho e fui ao RH. Foi triste e eu me segurei pra não chorar na frente de todos. O Joshua, o vice presidente da empresa era amigo do Alex e disse que se eu precisasse de alguma coisa eu poderia ligar pra ele. Sempre nos demos bem e ele arrastava uma asa pra cima de mim. Ele era bonito. Moreno, olhos claros e cabelos escuros, tinha um corpo de dar inveja em qualquer homem, e um sorriso que poderia fazer você se ajoelhar aos seus pés sem pensar. Eu agradeci e segui em direção a rua. Cheguei ao meu carro e chorei. Eu nos últimos dias só sabia chorar. Quando eu estava saindo em direção ao caótico trânsito de Nova York vi o SUV de Alex parando em frente ao prédio e meu coração quase parou. Ele estava lindo com um terno preto e blusa social também preta, uma gravata preta de seda, sobretudo e sua pasta ao lado. Seu cabelo estava desgrenhado como sempre e meus dedos queimaram com a vontade tocá-lo. Respirei fundo e segui em frente. Era a hora de seguir a vida com ou sem Alex. Eu agora tinha uma vidinha que precisava de mim. Com esse pensamento fui em direção a minha casa.

Alex

Conforme o dia passava eu olhava o celular a cada dez minutos na esperança de ter alguma mensagem de Julia e nunca tinha nada. Eu tinha vontade de jogar meu celular contra a parede cada vez que eu não via nada dela. Será que ela já tinha me esquecido? Suspirei e segui com meu trabalho.

Duas batidadas na porta e um burburinho me tirou a atenção de um contrato que estava estudando. Saio detrás da minha mesa e sigo em direção a porta e ouço a voz de Joshua. Abro a porta e o vejo me olhando com um semblante nada amigável.

"Você" ele aponta pra mim "dentro da sua sala agora" passa por mim e entra em minha sala sem ao menos esperar minha resposta.

"O que você quer cara?" Eu pergunto impaciente.

"Qual é a porra do seu problema?" Ele grita enquanto anda em direção a sala. "Não. Não me responde. Já sei." Ele rir com ironia e continua "aposto que não conseguiu manter seu pau dentro das calças e teve que demitir Julia pra não precisar entrar em um relacionamento com ela. Não é?"

Fico o encarando e vou em direção ao sofá em que eu fiz amor com Julia algumas vezes e digo "o que você tem com isso? Ela era a minha secretaria e não sua Josh."

"Foda-se. Mas ela era uma boa garota" ele diz e passa suas mãos em seus cabelos.

"Aconteceu algumas coisas, que não são da sua conta" eu digo enquanto pego uma dose de uma bebida qualquer e continuo "e ela precisou ir embora." Bebo tudo de um vez e vejo Joshua me encarando.

"Não acredito em você. Mas saiba que isso não vai ficar assim. Eu vou até Julia e procurar saber o que você fez." Ele diz e sai da minha sala batendo e porta. Filho da puta.

O que ele quer com Julia? Uma onda de ciúmes toma conta do meu corpo e eu conto até cem pra não ir atrás dele e arrancar a merda fora dele.

Julia

Já está quase anoitecendo quando a campainha da minha casa toca, eu corro até a porta e paro subitamente e penso em que poderia ser. Nath tem a chave e entra sem pedir licença. Meus pais estão na California. Será Jhenna minha irmã? Oh, ela me ligaria e avisaria que estaria chegando. Será o Alex? Meu coração para com essa possibilidade e meu estômago revira.

Que não seja o Alex.
Que não seja o Alex.

Repito esse mantra até o momento em que olho no olho mágico e quase tenho um infarto quando vejo Joshua parado na porta da minha casa. O que ele quer aqui? Penso enquanto abro a porta.

"Olá Julia" ele sorrir quando me vê e eu preciso lembrar de como se respira.


DE REPENTE VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora