Capítulo 7

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Novembro estava passando rápido e minha mãe dizia que meu humor estava sofrendo alterações todos os dias. Segundo ela, têm dias que acordo de bom humor, outros em que estou depressiva e em outros que estou explosiva. Não podia discordar dela. Acho que isso era consequência de tudo o que ocorria. Estar longe das minhas amigas da cidade grande e de Jean acabava comigo. Temia ser apenas aquilo, temia que me esquecessem e que... Jean e eu terminássemos. Com o passar do tempo, mais saudades eu sentia de Jean e de estar perto dele. Uma sensação estranha como um vazio me preenchia quando eu pensava nele ou falava com ele, como se aquilo tudo fosse impossível, como se minhas esperanças estivessem acabando. Tentei de várias formas ignorar isso e nem queria pensar se ele sentia o mesmo.

 Thiago não deixou de me ignorar, o que comecei a achar irritante, talvez a coisa mais irritante que ele já fez. Acho que ele, de alguma forma, me divertia às vezes. Não tive coragem de falar com ele também, ele já era convencido, imagina se eu falasse alguma coisa?

Já se passaram quase duas semanas desde que recebi meu celular de volta e meu notebook e desde então, passava meu tempo todo com eles, mas em casa isso era mias difícil, então eu ficava mais perto da casa de Thiago, não no quintal, mas perto. Sexta-feira à tarde me atrevi a me sentar em seu gramado e conversar com as meninas e Jean pelo celular, quando ele acaba a bateria. Eu poderia ficar jogando alguma coisa enquanto ele carregava lá em casa, mas não gosto muito de jogar. Meu notebook também tinha acabado a bateria e eu havia me esquecido de pôr para carregar.

Com a cabeça entre os joelhos, pensei no que faria em casa ou fora dela. Não consegui pensar em nada e aquela sensação de vazio em mim voltou.

Ouvi passos e alguém se sentando ao meu lado.

Silêncio. Levantei a cabeça e confirmei o que já sabia. Ali estava Thiago ao meu lado.

— Eu poderia ficar em casa fazendo algo realmente bom, mas achei melhor vir aqui, você sabe, te encher o saco.

Não falei nada. Ele me ignorou esse tempo todo e agora acha que eu falaria com ele porque ele estava com vontade de me encher o saco? Eu não estava no clima.

— Pode entrar de volta, não precisa parar de me ignorar.

— Foi você quem pediu para que eu fingisse que não existisse.

— E por que não o faz agora? – perguntei. Ele pensou em algo para dizer – Não preciso de você para esfregar na minha cara que minha vida está de cabeça para baixo, assim como minha autoestima.

— Talvez você esteja um pouco solitária e precise de companhia e antes que responda, conheço um lugar legal.

— É? Qual – perguntei por perguntar.

— O haras.

Eu nunca subi em um cavalo e nunca tive contato com um, mas eu achava bonito e não tinha nada para fazer.

— Por favor me siga sem reclamar.

Eu não respondi, mas fiz o que ele pediu.

— Você está mal mesmo – ele disse e começou a andar.

— Talvez eu me sinta mal por estar em um lugar ao qual eu não pertenço com pessoas que não me entendam, mas também fico mal por me achar egoísta e não pensar em meu pai. E eu me esqueci que você não se importa.

— O que tem seu pai?

— Foi por causa da saúde dele que mudamos para cá. Ele estava estressado com o trabalho na cidade e aqui é mais tranquilo, então, aqui estamos.

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