Capítulo 9

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      Foi muito bom não acordar cedo na quarta-feira, mas em compensação, acordei cedo na quinta-feira para jogar handebol. Não fomos para a final e eu não marquei nenhum gol, para falar a verdade, não gostava muito de handebol. E Thiago foi, para a minha surpresa.

      Era o último dia de competição, o jogo do beijo já ia começar. Estavam todas as equipes das turmas do ensino médio dentro da quadra.

      Leandro começaria e passaria para Júlia, que passaria para Thiago, que passaria para mim. A coisa mais difícil era Thiago ter que se abaixar para receber o cartão da Júlia.

      Uma professora amarrou nossas mãos atrás das costas.

— Tem que amarrar? – Leandro questionou.

— Sim, para ser mais difícil – a mulher explicou. – Eu vou ficar com o grupo de vocês.

— Não sei se vou conseguir fazer isso não. O que deu nesse povo para me indicar? – falei.

 —Relaxa – Júlia disse.

O apito soou.

Minhas mãos suaram. E se eu não conseguisse segurar o cartão?

Estava chegando em mim. Thiago chegou perto, se inclinou e "encostou" a boca na minha. Seus olhos escuros perto dos meus, ele parecia tão tranquilo como se fizesse aquilo o tempo todo. Tentei não pensar em mais nada além do jogo que ali se seguia.

Passei para Leandro, que começou novamente.

— Estão indo bem. Já saiu uma turma. — a professora anunciou.

O cartão rodou umas quinze vezes até que sobraram 3 turmas.

Fui passar para Leandro, ele abaixou, mas levantou subitamente e o cartão caiu. Seus lábios encostaram nos meus e me afastei imediatamente.

— Por que você levantou? – Julia parecia nervosa.

A mulher soltou nossas mãos.

Leandro ficou rindo e os amigos dele entraram na quadra no fim da competição.

— Quase que deu certo – um deles comentou.

— O que deu certo? – perguntei.

— Ele estava atrás de um beijo hoje.

— Olha aqui garoto, você tem algum problema? – perguntei.

Thiago se divertia com a minha raiva.

— Isso era um jogo de escola, imbecil.

— É melhor a gente ir embora – Thiago disse.

— Também acho – concordei com ele, que ficou surpreso.

— Que cara idiota – comentei já fora da quadra.

Resolvi esquecer o que aconteceu.

— Foi um bom jogo – Thiago comentou no caminho para minha casa.

— Mas é meio complicado. Não sei como você não teve dificuldade em passar para mim.

— É assim quando se é profissional em beijar garotas mais baixas.

— Ninguém manda ser muito alto – retruquei.

— Parece que estamos de férias – ele trocou de assunto. Como ele era mestre nisso.

— Que bom. O que se tem para fazer por aqui?

— Tem o cinema do centro da cidade.

Nunca ia ao cinema sozinha, porque achava chato a não ser que fosse um bom filme.

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